Odisseia (EM PAUSA)

24. Someday

Os dois vieram correndo em direção ao quarto e pararam em minha frente. Com o caderno em mãos mostrei a cada um os dois contos, papai leu primeiro seguido de Jeremiah.

- Eu não entendi muito bem... - Diz Jeremiah coçando sua barba.

- Eu vou tentar explicar o que eu entendi, pode ser? - Os dois concordaram.

- Esse é mais um conto entre alguns que o David escreveu. Eu li todos até chegar nesse "A". É basicamente um conto que relata a história de um camponês, casado com uma mulher com problemas na saúde, que se apaixonou por uma rosa que nasceu magicamente de uma lágrima sua. No caso, esse conto é a introdução da história. Novamente folheei o caderno e encontrei a continuação com o título "M". Então juntando as duas letras fica "AM", ou seja, podia ser sou/estou ou em relação a alguma hora pela manhã (8 am, 7am). - Puxo o caderno e aponto para o fim do conto.

- E aí entra esse XXV, vinte e cinco em algarismo romano, avulso no final. Então novamente junto com a palavra formada antes: AM 25. Não tem nexo algum. O que esse número tem haver com essa história? Foi assim que eu pensei que poderia não ser um número em si. Então fui para o nosso alfabeto... Y seria a vigésima quinta letra, certo? - Jeremiah coça mais ainda a sua barba - Juntando todas as letras, A M Y, forma um nome: Amy. E eu tenho certeza que é alguém relacionado a esse conto.

William sentou na beirada da cama e inspirou. Seus olhos deslocavam por toda parte do quarto e fixaram-se no quadro. Seu rosto se contrai assim que ele observa mais uma vez o caderno.

- Pai? Está tudo bem? - Seu rosto ficou inexpressivo.

- Meu avô traiu a minha avó. - Ele diz em sussurro. Sento ao seu lado e Jeremiah se aproxima mais.

- Foi a primeira coisa que veio a minha mente. - Diz Sykes.

William suspira e sento ao seu lado, afagando seus cabelos.

- Sua vó já lhe contou sobre a família do meu pai? - Ele me olha nos olhos, ainda atordoado.

- Muito pouco, na verdade. Apenas que eram muito reservados e não saiam muito na vizinhança... Nada além disso. - William se endireita na cama, sendo observado por Sykes.

- Seu avô foi fruto de uma gravidez de risco. Minha avó, Adria, teve muitos sangramentos durante a gestação, além do risco de descolamento de placenta. Ela precisou de muito acompanhamento médico, até oitavo mês de gestação. Realmente, foi um milagre ela não ter falecido durante o parto. Adria precisou ficar mais três meses em repouso completo e deixava o bebê com as suas empregadas. Depois disso ela nunca mais quis ter filhos, passando para John o título de herdeiro único do império dos Bell.

- Encaixa perfeitamente na história que David escreveu... Só falta procurar a "rosa". - Jeremiah fala e sai da cama, caminhando até o quadro com a rosa na cabeceira. Observa cada detalhe na pintura e a retira da parede e vira a parte de trás. Não havia nada.

Então Sykes passa a mão pelo lugar onde o quadro se encontrava. Ele toca cada parte do papel de parede, até constatar uma pequena aba formada no papel. Parecia que tinha sido cortada e colada novamente, tenta puxar com delicadeza e o papel não se move.

- Preciso de uma faca, tesoura, algo que corte. - Fala enquanto analisa ainda o restante da parede.

- Serve um canivete? - Papai tira do bolso e entrega para o homem.

Ele começa um processo minucioso de tentar não estragar a sua prova, conseguindo tirar um filete com algo colado na parte detrás: uma espécie de manchete de jornal velho, com algumas manchas devido ao mofo. Corro até ele para tentar ler o que está escrito.