Oi pessoal, tudo na paz?
Que saudade que eu estava de vocês <3 Esse capítulo é especial e dedicado a uma pessoa que amo muito e sempre me incentivou a escrever Odisseia.
Auanna, feliz aniversário atrasado (bem atrasado).
Boa leitura!
" O que é isso?"
Jeremiah segurava uma espécie de caderno de couro antigo. Sentado à beira da cama de casal, Sykes folheava as páginas que subiam poeira e um cheiro de mofo.
-Isso pertence ao meu pai? - William senta ao seu lado e Jeremiah entrega o caderno em suas mãos. Aproximo-me a cama e espero minha vez.
- Essa caligrafia é diferente de John...
- ... Porque não é a caligrafia dele. - papai fala e o encaro confusa. - Essa letra é do meu avô.
Achego-me a ele e vejo a escrita no caderno, a letra rebuscada e pequena era do meu bisavô. Pego o caderno de suas mãos.
" Meu avô sempre gostou de ler, mas não sabia que também escrevia poemas"
Os poemas eram titulados por letras e números aleatórios e havia alguns contos, à princípio fantasiosos.
- Deve ser algo que minha avó guardou...
As cortinas eram no tom de azul pastel, com uma cama espaçosa branca e um quadro de uma rosa vermelha em cima da cabeceira.
- Eu vou vasculhar nos outros cômodos. - falou Jeremiah e papai o seguiu para fora do quarto.
Concentro novamente no caderno de David, folheando as páginas lentamente e percebo que seu estilo de escrita era Romancista da primeira geração. A exaltação aos sentimentos e a solidão de não ter o seu amor, assuntos que ele abordava com frequência. Então lembro da doença de minha bisavó e de como foi duro para ele perder tão rápido a sua esposa.
Se ele está escrevendo pela morte dela, então minha avó não teria guardado o caderno.
Poderia ter sido meu avô.
Pego um conto escrito "A" e resolvo ler.
A
Há muito tempo, em um reino muito distante, um camponês era conhecido em sua região por plantar rosas de inúmeras cores. Todos se interessavam pela variedade de flores, incomum a muitos e ao mesmo tempo estonteantes. Suas rosas davam alegria a muitos, seja para presentear sua amada ou para homenagear uma pessoa querida que já se foi.
Entretanto, o mesmo camponês que produzia tal flores era um homem amargurado pela saúde frágil de sua amada esposa, que esperava o fruto do seu amor em seu ventre. O camponês via-se em um túnel sem saída e suas preocupações aumentavam a todo instante: um rigoroso inverno entraria, prejudicando sua linda produção de rosas e piorando o estado de sua mulher.
Em um certo dia, em uma tarde de outono, ele descansava de uma dia de labuta em uma árvore de Teixo. Seus pensamentos vagavam entre sua condição financeira e sua família que dependia dele para tudo. O homem olhava para o céu com lágrimas em seus olhos e exclamava:
"Por que estou vivendo tal horrível momento em minha vida? O que fiz para que isso acontecesse a minha esposa e meu filho?"
E mais lágrimas escorriam de seus olhos cansados.
Até que uma de suas dolorosas lágrimas tocou o solo e fez nascer uma rosa. Tal flor era diferente de todas as rosas que o camponês já conheceu. Sua cor avermelhada era vívida e produzia um brilho suave em suas pétalas delicadas. Seu coração se iluminou por tanta beleza que a rosa emanava.
Por medo de alguém pegá-la, a colocou em um vaso e levou para seu quarto.
Sua esposa também muito se agradou da rosa em seu quarto, dando um pouco mais de esperança em sua condição tão lastimável.
Quando a Lua preencheu o céu escuro, a tão rara rosa se transformou em uma bela moça de cabelos negros como o luar e os lábios vermelhos como suas pétalas. A mesma repousou sua cabeça perto da cama do casal e ali ficou.
Assim que acabei a leitura, olho para o quadro acima da cama. Então isso era mais uma pista do que aconteceu com meu bisavô.
Continuo a folhear as páginas procurando por mais uma história sobre essa rosa misteriosa e encontro uma continuação dessa história, sendo mais curta do que a anterior.
M
O casal de camponeses espantaram-se com a criatura pequena e frágil que repousava tranquila ao lado de sua cama. A bela rosa despertou com o susto e se encolheu na parede do quarto amedrontada. O homem a perguntou de onde ela vinha e ela o respondeu comentando que um homem bondoso a levou para seu quarto e a colocou em um vaso, porém quando acordou ela estava no chão e com uma forma estranha.
Seus pés e tornozelos estavam sujos de terra, a mesma que estava no vaso.
A esposa não podia acreditar que aquela rosa em seu cômodo tinha transformado-se em uma moça de uma noite para o dia.
O camponês desacreditado a pediu para que fosse embora de sua casa, mas sua esposa implorou para que a mesma ficasse até seu filho nascer, podendo ajudar nas tarefas domésticas que ela estava impossibilitada de realizar.
O homem então concordou, mesmo desconfiado.
E o tempo se passou... E a rosa cuidava da casa enquanto o homem trabalhava na plantação.
E o camponês pegou-se apaixonado por aquela criatura que tanto desconfiava, mas que despertava nele algo que nunca sentiu antes.
XXV
E esse era o último conto sobre a rosa em seu caderno.
Tentei achar mais contos sobre, mas tudo o que achei era poemas curtinhos sobre amor e alguns sobre relação de pais e filhos.
XXV.
Em algarismo romano, o número é 25. E o que isso tem a ver?
Então comecei a olhar mais de perto as folhas, caso houvesse uma data ou mais números que tinham alguma relação com o anterior. Novamente, nada.
Caminho até o quadro para olhá-lo mais de perto. A pintura parecia ser feita com tinta à óleo, simples e bonita. Meus olhos vasculham o rodapé do quadro até que encontro o mesmo numero romano: XXV.
Bom, 25 é o quadrado de cinco. É um número que fica na casa dos 20 e é composto.
E se não for um número?
Pensando no alfabeto, a vigésimo quinta letra seria Y.
A M Y
Amy.
- Pai... Jeremiah... Eu descobri algo.
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Odisseia (EM PAUSA)
Mystery / Thriller" Não espere uma princesa, uma garota rica e maravilhosa ou a filha do presidente dos Estados Unidos. Se estiver esperando uma história com esse tipo de garota, existem outras por aí, sou somente uma garota normal que descobriu uma parte de sua vida...