21. Creep

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FELIZ ANO NOVO, PESSOAL! Que Deus abençoe muito vocês e que nesse ano de 2017 seja especial para cada um. Sou muito grata por cada um que acompanha e respeita Odisseia, vocês são incríveis.

Boa leitura!


Meu coração exultava em alegria após o culto na igreja, era o penúltimo antes do Natal. O pastor de cara nos recepcionou assim que entramos no templo, acompanhado de outros irmãos que abraçaram minha avó. A igreja estava passando por algumas obras para o seu aniversário que aconteceria em Janeiro do ano que vem.

Senti saudades do vovô, tenho que confessar. Imaginar ele e a vovó de mãos dadas indo para mais uma reunião, ajudando com os casais da igreja... São lembranças boas, e é isso que importa. Meu avô me deu memórias maravilhosas.

Poder ouvir de todos o quanto ele ajudou e socorreu pessoas necessitadas me dá mais orgulho de ser a neta de John Morris Bell. Sou grata a Deus por ter a família que tenho.

E é isso que importa.

Fiquei na frente da igreja esperando minha mãe e avó, observando o movimento na rua. Amelia chegava sorridente segurando a mão de uma moça em minha direção:

- Alice, deixa eu te apresentar a Lorraine. Ela também é formada em Inglês e dá aula em uma organização que ajuda os refugiados que vem para a Inglaterra. - um moça de meia-idade de cabelos negros abriu um sorriso quando me viu.

- É um prazer conhecê-la. E que bela moça, Sra. Bell.

- Obrigada... - respondo.

- Se você quiser conhecer a escola, será muito bem vinda.

- Com certeza, será um grande prazer.

Minha mãe se aproxima com o celular no ouvido e descansa sua mão em meu ombro.

- Com licença... Precisamos ir, Will está nos esperando em casa. Já chamei um táxi para nós.

- Sim, foi muito bom te reencontrar, Lorraine. Fique com Deus.- Minha vó a abraçou e me despedi igualmente.

A noite com seu céu estrelado, a brisa congelante e as casas decoradas me deixavam mais calma. Mamãe e vovó entraram na porta, mas esperei um pouco até entrar. O céu estava estonteante.

Um vento frio passou por mim e sussurrou meu nome.

Alice...

Foi aí que eu me arrepiei dos pés a cabeça.

Quando olhei para o lado vi algo se movimentar perto de uma moita, ao lado da casa de Natalie. Uma gota de suor desceu pela minha testa e minhas mãos começaram a ficar úmidas.

Você não vai escapar...

Olhei novamente para os lados e não tinha ninguém na rua.

Era melhor entrar.

- Filha, está tudo bem? - Minha mãe estava parada na sala.

- Si-sim, mãe. Estou bem... Só preciso tomar um banho. - Ela passa sua mãos em meu rosto e deposita um beijo em minha bochecha. Pego minha toalha e me dirijo até o banheiro com aquela frase em meus pensamentos.

"Eu não aceito isso na minha vida..."

Abro a porta do banheiro pensativa e ouço uma conversa de papai no final do corredor:

- ... Você tem certeza? Eu não quero que ela saiba de nada, muito menos que eu te conheci... As chaves estão com ela, posso dar o meu jeito para pegá-las... Que horas você vem então?... Certo, vou te esperar na varanda quando todas forem dormir. Beleza, até.

Odisseia (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora