O céu já escurecia e as luzes lá fora se acendiam. Bebia um pouco de chá com leite enquanto alguns repórteres tentavam falar de qualquer jeito com minha avó. Quando saímos do hospital, um carro de alguma emissora de televisão nos viu entrando na viatura e logo a notícia percorreu por toda mídia britânica.
O que mais me preocupava era o fato de meus pais chegarem e derem de cara com essa multidão na casa de Ava.
-Senhora Bell, nossos policiais estão mandando eles para fora. Não incomodaram vocês. – Um cabo da polícia de Cambridge estava conversando com minha avó na sala de estar. Ela estava sentada no sofá com seu semblante entristecido.
-Amelia não está em condições de falar com a imprensa. Eles precisam respeitar esse momento. – Senhora Ava andava de um lado para o outro batendo a palma da mão em sua coxa. – Eu não quero essa bagunça no meu quintal.
-Calma vó, eles vão sair daqui a pouco. – Nat mexia no celular a procura de mais notícias.
Coloquei a xícara na pia e andei até a sala. Amelia estava imóvel. Se ela continuar assim vai acabar tendo outra crise. Sentei no seu lado e envolvi seu corpo em meus braços. Uma lágrima saiu de seus olhos, seguida de outro e outra, até que seu choro ficou alto e contínuo. Isso é torturante.
-Eu vou falar com eles.
-Alice, isso é loucura. – Nat agora me encarava com os olhos arregalados.
-Se é isso que eles querem, é o que vou fazer. – o cabo me olhava.
-Senhorita Bell, isso será torturante para você.
-Eu não me importo mais. – e num solavanco andei até a porta seguida pelo policial.
Flashes disparavam a todo segundo e começaram a gritar meu nome. Como eles sabem meu nome? Os policiais agora faziam um cordão de segurança empurrando as pessoas para longe do quintal.
-SILÊNCIO, SENHORES. A SENHORITA BELL SÓ FALARÁ UMA VEZ. – o cabo agora ficou do meu lado e vários microfones e celulares foram apontados em minha direção.
-Peço, por favor, a compreensão de todos vocês. Estamos vivendo o pior momento de nossas vidas e nossa dor é profunda. Minha avó, eu e toda nossa família sentimos muito pelo nosso avô, ele não merecia morrer daquela forma. Pedimos que não façam tanta pressão sobre nós, ainda estamos muito desestabilizados com tudo isso. – assenti para o cabo que me acompanhou a porta. Ainda ouvia as perguntas "QUEM O MATOU?", "VOCÊ VAI PRECISAR DE ACOMPANHAMENTO PSIQUIÁTRICO?", "A SENHORA BELL PASSA BEM?".
Entrei para a sala encontrei Natalie e Ava abraçadas com minha avó, que agora segura uma xícara. Elas se levantaram para que eu pudesse ficar com minha avó. Amelia me encarou.
-Você é tão corajosa, Alice. - eu sorri afagando seus cabelos acinzentados. Ela pegou sua xícara e deu um gole generoso. Meu celular vibrou no meu bolso.
Juliana.
"-Amiga, pelo amor de Deus, diz que isso tudo é mentira.
-Não, Ju... Não é. – ela segurou a respiração. Pensei que ela iria chorar naquele momento.
-Eu queria estar aí com você. Alice, meu sentimentos pelo seu avô. Ah... Isso é tão injusto. Você deveria estar passeando com seus avós e fazendo seu curso aí... Que droga, Lice.
- Eu sei.
-E seus pais estão aí?
- Vão chegar daqui a pouco. Meu pai está muito abalado com isso e minha avó mais ainda.
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Odisseia (EM PAUSA)
Mystery / Thriller" Não espere uma princesa, uma garota rica e maravilhosa ou a filha do presidente dos Estados Unidos. Se estiver esperando uma história com esse tipo de garota, existem outras por aí, sou somente uma garota normal que descobriu uma parte de sua vida...