Capítulo Trinta & Nove

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Nathan

Ela estava sendo torturada, com algumas ferramentas do dia a dia. Suas costas estavam manchadas pelo sangue dos cortes que haviam sido feitos por causa dos chicotes. Seu rosto, inchado, já estava quase praticamente deformado. Se não fosse pela sua aliança no dedo anelar esquerdo, eu diria que não era minha mulher. Eu até pensaria que ela estaria em casa cuidando da nossa pequena, mas ela não está. Lorena está com Lauren, Tyler e Simon, que ficaram em sua casa na praia. Charlie está aqui e a culpa é toda minha. Se eu não tivesse me envolvido naquele esquema, ela estaria com a nossa filha e seríamos uma família feliz. Tudo bem que ela ainda possui suas habilidades como agente, mas está fora de forma e não quero que mais nada de ruim aconteça conosco.

— Largue-a! — ordenei, encostando o cano da arma em sua nuca — Agora!

O homem misterioso jogou os instrumentos para longe e ergueu as mãos, ficando de costas pra mim. Como eu não tinha um plano formulado, apaguei o homem com uma pancada no lugar em que a arma estava e ele caiu no chão desacordado.

Me virei para a porta assim que escutei um barulho. Antes que eles pudessem reagir, eu os acertei com um tiro no peito apenas, o que foi suficiente para falecerem.
Meu subconsciente estava pedindo para que eu parasse com essa idéia estúpida, mas não podia deixar minha mulher nesse estado. Cortei as cordas que estavam em seus braços e a peguei no colo, colocando ela no chão em um canto escondido assim que novos barulhos soaram. Me escondi em meio as sombras e esperei que eles viessem, disparando vários tiros seguidos quando apareceram no meu campo de visão.

Fui acertado com uma pancada na nuca e chutado várias vezes nas costelas por um rosto indecifrável. Procurei pelo rosto de Charlie e não a encontrei. O desespero tomou conta de mim, mas eu não podia desistir. Passei uma rasteira nas pernas do capanga e o soquei, escutando um barulho de tiro e vendo um corpo caído a minha frente.

Meu coração disparou quando eu reconheci a pessoa. Charlie estava a meus pés agonizando-se com o próprio sangue. Nesse momento várias lágrimas brotaram em meus olhos e a única coisa que pensei foi reagir. Quando não tinha mais ninguém no meu caminho, me ajoelhei em seu lado e passei meu braço pelo seu pescoço. O tiro tinha sido na região no peito e sangue manchava toda sua roupa. Meu coração começou a ficar apertado e a sensação de vazio estava se aproximando.

— Fique comigo! — passei a mão pelo seu rosto — Por favor, não me deixe meu amor.

Ela olhou diretamente nos meus olhos e levantou sua mão livre, passando no meu rosto. Aquela cena me destroçou por dentro e no momento em que ela perdeu a vida, jurei que buscaria vingança custe o que custar!

Acordei com a cabeça latejando, suado e sob protestos de Charlie. Ela me olhava preocupada e perguntava se eu estava bem.
Então tudo aquilo tinha sido um sonho? Parecia tão real!

— Nathan? Nathan? — me chamou

— Desculpe. — abri um sorriso e me levantei para abraçá-la, surpreendendo-a — Foi só um pesadelo.

— Você estava gritando. — falou, retribuindo o abraço — Tem certeza de que está bem?

— Estou sim. — abri o sorriso sem mostrar os dentes e me sentei ao seu lado — E você? Está bem?

— Estou ótima. — respirou fundo — Não sei por que ainda tenho que ficar aqui.

— Porque são recomendações médicas. — olhei para o relógio — Não acredito que seja dez da manhã.

Dupla Identidade (Readaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora