Capítulo 19

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- Você está agindo como uma criança mimada!

- O que?! Como se atreve a me chamar de criança e ainda por cima, mimada?!

- É o que está aparentando. O quão ridículas têm sido as suas atitudes?

- Eu me recuso a continuar essa conversa.

- Isso, faz como sempre, desliga essa merda de telefone. Estou de saco cheio.

- Ótimo. – a ligação foi encerrada e me controlei para não jogar o aparelho na parede. Sentia meu sangue esquentar cada vez mais e o ar sair pesado de dentro dos meus pulmões, não aguentava mais.

Três anos haviam passado. Eu estava no último ano da faculdade e, por incrível que pareça, minha relação com Quinn só piorou. O ciúme e as desconfianças aumentaram gradativamente, ainda mais depois de eu ver a professora Holliday em uma conversa um tanto íntima com minha noiva certa tarde nos corredores da Columbia. Claro que estourei, mulher na TPM não costuma controlar seus nervos e, pelo visto, Quinn não conseguia entender tal coisa. De dois meses para cá, não mantínhamos uma conversa amigável por mais de dez minutos. O convívio se tornou insuportável e já não nos víamos com tanta frequência, apenas o necessário.

A cada briga nova, eu olhava para meu anel de noivado e milhões de perguntas invadiam a minha cabeça. Será que valia a pena continuar com isso? Se estava insuportável agora, imagina depois de subirmos ao altar. Eu não duvidava dos sentimentos que nutríamos uma pela outra, mas talvez, não fosse o desejo do destino que ficássemos juntas até que a morte nos separasse. Conversei diversas noites seguidas com Tina e com as meninas, todas diziam sempre a mesma coisa. "Tenha paciência, isso é normal no início.". Paciência?! Isso era uma palavra que, definitivamente, não se encaixava no nosso dicionário.

Estava sentada na bancada, esperando que a aula de química da professora Holliday começasse. Era fim de ano e nevava bastante, toda Manhattan estava enfeitada para o natal e, é claro, na Columbia não era diferente. Eu desenhava coisas soltas pelo caderno, a maioria das vezes, eram olhos. Alguns olhavam para a direita, outros para a esquerda, fechados e abertos. Aquela mania estava constante e eu me perguntei se desenhar dessa maneira, tinha algum significado. Como a professora estava longe de chegar e eu adiantada dez minutos, peguei o celular e procurei na internet. "Quem desenha muitos olhos. Significado.". Talvez não significasse nada, mas quem sabe eu não encontrava algumas respostas? Soltei uma risada nasal ao receber o resultado da minha pesquisa. Mais irônico, impossível.

"Você é curiosa ou está procurando alguma solução para um problema se desenhar olhos. O sentido do olhar também é importante: para a esquerda, indica algo no passado; para a direita, mira o futuro. Se você estiver desenhado olhos fechados, é provável que não esteja querendo enfrentar uma situação ou não queira admitir algo cruel sobre si mesmo."

Procurando solução para um problema. Algo no passado e mirando o futuro. Não estou querendo enfrentar uma situação ou não admitir algo cruel sobre eu mesma. Definitivamente, aquela simples explicação sobre meus malditos desenhos, criaram incontáveis nós na minha cabeça. Não dava para negar que aquilo estava, de um todo, certo. Eu passava por tudo aquilo e nada me assombrava mais.

O problema que eu busco solução, é meio óbvio. Meu noivado com Quinn indo por água abaixo. O passado que eu via, também era fácil de saber. Nossa relação e a maneira que a felicidade era a única palavra no nosso dicionário. O futuro.. palavra assustadora, mas, para mim, era um completo breu. A única situação que eu não quero enfrentar, é saber que tudo que construí ao longo de quatro anos, está prestes a ruir. Algo cruel sobre mim.. bom, não existe adjetivo melhor que ciumenta. Por mais que detestasse enxergar, essa era a verdade.

My Biology 2ºTemporada - FaberryOnde histórias criam vida. Descubra agora