Capítulo 30

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Quinn POV

Quatro horas. Duzentos e quarenta minutos. Quatorze mil e quatrocentos segundos e alguns quebrados. Esse era o tempo que já tinha passado desde que Rachel correu para a sala de operações. Eu olhava para o relógio da parede de cinco em cinco segundos na esperança do tempo ter passado mais rápido, mas era inútil. Se tinha algo que eu odiava, era não ter o poder de fazer o tempo passar mais rápido.

Respirei fundo e afundei o rosto nas mãos, tampando um pouco da claridade mórbida das luzes daquela sala de espera. Consegui escutar ao fundo os passos de Karla, que andava de um lado para o outro na sala, mordendo a ponta do dedão compulsivamente. Eu entendia seu nervosismo, mas não era capaz de levantar e acalmá-la, a partir do momento que me encontrava no mesmo estado. Roberto fazia algumas ligações, provavelmente para a família de Rachel, afim de avisar sobre o ocorrido. "Mas que merda de situação.". Falei para mim mesma, deixando sair um pouco alto, fazendo Karla me olhar com apreensão.

- Está tudo bem?

- Você que precisa me dizer.

- Eu.. não sei. Acho que vou acabar comendo meus dedos se continuar sem notícias. Rachel me prometeu que algum enfermeiro viria nos dizer o que estava acontecendo, mas até agora, não veio ninguém. – puxei a adolescente pelo braço e a coloquei sentada ao meu lado. Karla me lembrava muito de Rachel quando comecei a dar aulas para ela no ensino médio. – Quero a minha mãe.

- Tenho certeza que sua irmã fará de tudo.

- É.. eu também, mas..

A voz de Karla foi interrompida pela barulho da porta. Um enfermeiro entrou na sala de espera e, automaticamente, todos levantamos. A cara dele não era das mais agradáveis, parecia que tinha comido algo estragado e seu estômago começara a dar os sinais de desconforto. Roberto se aproximou dele com um olhar amistoso, assim como nós e o homem coçou a nuca.

- Tivemos uma complicação.

- O que?! Minha mãe morreu?! Não, isso não..

- Ela não morreu, menina. Se acalma. – a impaciência dele era visível, não conseguia deixar de sentir pena do rapaz, provavelmente estagiário. Uma cirurgia de quatro horas não devia ser fácil de aguentar. – Foi uma complicação, ela não reagiu muito bem ao procedimento.

- Como assim?!

- Sofreu uma trombose no vaso coronário, mas a doutora Berry conseguiu reverter a situação. Foi incrível, nunca vi uma médica encontrar um problema com tanta rapidez e resolver na hora.

- Mas ela vai ficar bem?! Minha mãe vai sobreviver? – Karla a essa altura já estava agarrada nas mãos do estagiário, encarando o jovem com um olhar apreensivo, implorando por boas notícias.

- A cirurgia está no final. Só mais vinte minutos e a doutora Berry virá falar com vocês. Agora, se me permitem, preciso voltar à sala de operações.

O jovem se afastou do contato de Karla e saiu da sala de espera, nos deixando completamente pasmos. Então estava tudo bem, Rachel conseguira salvar a mãe de uma complicação e resolver o problema. Não posso medir em palavras o meu orgulho, mas diria assim que a visse depois. Karla e Roberto choravam abraçados e me puxaram para me juntar a eles. Pela primeira vez naquela noite, respirei aliviada.

- Como você está?

- Exausta.

Rachel e eu conversávamos em sua sala, enquanto ela deixou a cabeça jogada para trás. Seu rosto pálido, bolsões roxos embaixo de seus olhos e o cabelo levemente desarrumado, indicavam seu estado físico e emocional. Apesar de todos esses detalhes, continuava achando-a maravilhosa. O jaleco com a manga desajeitada, estava torto em seu corpo, deixando a blusa pólo branca aparecendo. Rachel massageava as têmporas com movimentos circulares, provavelmente sentindo a pior das dores de cabeça.

My Biology 2ºTemporada - FaberryOnde histórias criam vida. Descubra agora