Meu Inimigo ao Lado

Ressentimento

Fernando

Respirei fundo , daqui a pouco a maluca chegaria e Henrique ainda estourava os limites da minha paciência.

-E eu que achava que você não saía da linha, que honrava seus princípios - me olhou - mas não se segurou quando sua "cliente especial"- fez aspas - dançava com outro e você a agarrou no banheiro - arqueou a sobrancelha .

-Mas não é só isso ... Ela ... Ela pensou que... Que eu era gay - fechei os punhos .

Seus olhos permaneceram sérios sobre mim , até eu ver seus lábios se curvando e já estava me preparando para sua explosão de risos.

Revirei os olhos e me encostei na cadeira ,Henrique podia aparentar ser um homem sério , mas parecia uma criança de cinco anos tirando sarro .

-Meu amigo, agora entendo o porque de você ficar tão irritado com ela - se controlava da sua crise. - mas... Como seu amigo devo dizer , é melhor se afastar isso vai te trazer problemas - me fitou.

Ele estava certo , passei os dedos sobre os lábios , me perguntando o que eu faria para sair dessa encrenca .

-Quando você fica desse jeito , já vejo que está tramando algo - me analisou.

-Bom... - uma ideia passou pela minha cabeça - e se eu transferi-lá para outro psicólogo ?

-E como fará isso ? Pelo que sei deve informar semanalmente sobre a evolução dela , e se você a transferi-lá a outro irão desconfiar de algo .

Pela primeira vez Henrique disse algo que presta. Então o que eu faria ? Não poderia desistir da empresa , estava fazendo aquilo por meu pai.

-O que vou fazer agora ?optei agir sendo indiferente , mas ela consigue arruinar tudo.

Permancemos em silêncio , minha cabeça tentava buscar uma solução mas nenhuma era boa o suficiente .

Uma batida na porta me acordou aparecendo Lissy .

-Dr. Fernando sua... paciente está a espera . - percebi em seu rosto o desagrado.

-Por favor mande a entrar - respondi.

-Bom Fernando , sua dama a espera - brincou - e vê se não a agarra dessa vez - piscou ao se levantar .

Balancei a cabeça sorrindo.

Susany entrou na sala, e Henrique nem ao menos disfarçou seu sorriso e seu olhar indiscreto , balancei a cabeça em negativa escondendo o rosto entre a mãos me perguntando onde eu errei para ter arrumado um amigo assim ? Devo ter dançado polly dance na cruz.

-Ow estão ocupados ? - sorriu maliciosa olhando para mim , e sabia muito bem o que ela quis dizer .

-Não Susany pode entrar , este é Henrique um amigo meu - o cumprimentou .

Henrique acenou com a cabeça e se dirigiu a porta.

Susany ainda estava de pé , me dando uma ampla visão do seu corpo monumental , mudei meu olhar e suspirei .

-Pois bem Susany .pode se relaxar na cadeira - apontei.

A segui pelo mesmo rumo e me sentei na cadeira ao lado.

-Podemos começar ?

-Sim meu caro doutor - sorriu

Respirei fundo , para a sessão tortura.

-Como foi seu dia ? - perguntei monótono .

-O de sempre , você deve saber como foi - me olhou.