Susany
-Eu já disse, eu simplesmente não fiz nada - Bufei me encostando na cadeira enquanto era interrogada pelo delegado .
-Senhorita, quero que compreenda , que você a ameaçou de grampear o seu salto na cara dela.
-Mas não grampeei, por mais que ela merecesse - disse revirando os olhos , cruzando os braços.
-Por favor, querendo ou não , foi uma ameaça além de estar constado que você invadiu o lugar, isso é sério, pode acarretar uns dias de cadeia.
-Ah, só o que me faltava agora.
-Susany ...
(Batidas na porta)
-Entre.
-Senhor, a próxima testemunha acabou de chegar posso pedir para entrar ?
-Sim, claro só um momento já vou interroga-lá. - respondeu, enquanto o outro policial saia fechando a porta.
-Bom, vou ter que dar uma saída, mas será breve, enquanto isso quero que repense no que fez - acenei com a cabeça de má vontade, enquanto o via sair pela porta, me deixando sozinha no local.
O lugar era pequeno, sem muitas acomodações , apenas uma mesa grande e uma cadeira posta em cada lado dela, havia um vidro espelhado Grande na parede, daqueles que se veem apenas do lado contrário, sem mais nada para fazer suspirei cansada, já devia ser noite pela demora de toda burocratização , que dia mais complicado .
Comecei a batucar minha mão na mesa, para me distrair e afastar o medo que começava a adentrar em mim, a preocupação de ser presa ou pior voltar para aquele lugar, fazia apenas uma semana que havia sido liberta , tanto tempo pensando em tudo e acabei me estourando na primeira oportunidade e agora minha vida estava por um fio novamente , com as chances de ter que ficar mais um tempo internada, não que tenha sido mal tratada no tempo que permaneci por lá , mas quem gosta de ser tratada como louca ?. Sendo avaliada todos os dias, ninguém acreditando em uma só palavra sua , ou seja sendo um zero a esquerda para a sociedade , passei meus primeiros anos , nutrindo raiva de tudo ali, falando que iria me vingar de todos, arrumando confusões e brigas com os pacientes e enfermeiros , tentando fugir em cada oportunidade dada, ficando trancada no quarto por dias sem querer sair mais, e foi quando percebi que quanto mais agisse daquela forma, mais tempo ficaria ali, então comecei a agir diferente , sendo mais calma, conversando normalmente com os enfermeiros e médicos , afirmando que a culpa de tudo foi minha e me arrependia , mas devido ao meu estado não enxergava nada com clareza, a cada visita do médico dizia aquilo que ele queria ouvir, ou seja sendo o que se consideraria uma pessoa normal.
Sim, realmente tive problemas na minha adolescência após saber que meu pai havia morrido em um acidente , deixando apenas eu e minha mãe no mundo, desenvolvi depressão e esquizofrenia , no começo neguei o tratamento, mas via o sofrimento da minha mãe em relação a mim e como a minha doença também a afetava , então acabei aceitando e após algum tempo, realmente me sentia diferente, não estando triste a todo momento, conversando mais, não sofria mais paranoias me sentia mais segura em me abrir, por fim achamos que tinha me curado, então aquele homem entrou em nossas vidas , enganando minha mãe e tudo piorou ,não me sentia mais segura com ele perto, mesmo com as medicações sentia medo dele, o pior inimigo é aquele que está do nosso lado e depois daquela noite , em quem eles resolveram jogar a culpa ? É claro na garota que era considerada problemática .
(Flashback on)
-Susany se sente bem hoje ? -Perguntou me analisando com a caderneta
-sim ,claro bem melhor, consegui terminar de plantar as flores no Jardim - respondi sorrindo, enquanto ele fazia mais anotações em sua caderneta .
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Meu Inimigo ao Lado
Roman d'amourEla está machucada, Ele é a cura, Ela se fechou ao mundo, Ele tem a chave deste mundo, Ela procura vingança, Ele seus lábios , Ela é a loucura, E ele? A perdição desta loucura. Susany perdeu tudo que mais significava neste mundo . Mas ela volta para...