Capítulo 1

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Mudar para Ohio foi a melhor decisão que poderia ter tomado. Depois da trágica morte de meus pais, a única coisa que queria era sair de Forrest Hills.

Muitas coisas aconteceram; a morte de minha avó, de meus pais, e em parte de Will, pois depois de quase dois anos, não o vi mais.

Pra falar a verdade, nem mesmo pesadelos tinha.

Reclamara muito que meus pais viajavam, mas em uma dessas viagens, eles visitaram Clintonville, um bairro calmo dentro da capital Columbus. Papai comprara uma casa de dois andares. Assim que chegamos, Jackie fez questão de mudar sua fachada e aos poucos a área interna. Queríamos deixar tudo ao nosso gosto.

Levávamos uma vida calma. Hank nos ligava quase sempre. Não conseguiu largar a mania de sempre — viajar — não o questionava e muito menos o impedia. Era como se fosse uma autodefesa, como se temesse ficar por muito tempo num mesmo lugar.

Outro ponto importante é que não mais falamos sobre tudo o que aconteceu.

A morte de nossos pais foi considerada uma fatalidade.

Apesar de não acreditar, preferi apenas seguir em frente e tentar esquecer tudo o que havia acontecido.

— Vamos fazer lasanha nesse final de semana? — pergunta Jackie segurando um pote de extrato de tomate.

— Pode ser.

Sigo algumas prateleiras à frente e pego alguns pacotes de biscoito integral. Jogo-os no carrinho e sigo para o corredor ao lado.

— Vou pegar o macarrão — digo.

Olho as opções e pego primeiro que convém.

— Pronto? — pergunta Jackie.

— Pronto.

Seguimos para o caixa e logo saímos.

Seguimos alguns minutos em silêncio.

— Está tudo bem? — pergunta.

— Está.

— Não parece...

— Só estou cansada — digo depois de um longo suspiro — sei que foi melhor termos vindo para cá, mas já faz quase seis meses que procuro emprego e nada...

— Não se preocupe com isso. Estou trabalhando, não estou? — olho e consinto — então não há com o que se preocupar. Pior seria se ambos estivéssemos desempregados.

— Ainda sim gostaria de fazer algo de útil.

— E você faz — ele põe sua mão sobre a minha, sem tirar o olhar da estrada — me faz o homem mais feliz desse mundo.

Sorrio tentando parecer satisfeita.

— Se acha que ficar em casa o dia todo está sendo cansativa, saia, vá ao parque desenhar. Faz tempo que não desenha.

— Verdade.

Logo chegamos à garagem de casa. Tiramos a compras do carro e entramos.

Na mesma noite, fizemos o mesmo programa de sempre. Sexta: pipoca, refrigerante, salgadinhos e filme. No final de semana, teríamos lasanha e a mãe de Jackie viria nos visitar. Ás vezes por sorte, Hank aparecia e animava um pouco as coisas, já que o assunto da mãe Jackie era sempre o mesmo; quando íamos casar, filhos... Ela costumava ser menos chata quando Jackie e eu éramos apenas amigos.

A Batalha CelestialOnde histórias criam vida. Descubra agora