Capítulo 27

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Durante a caminhada, Norman falou que tem um filho chamado Joe, e que é o orgulho da família por estar cursando Direito.

— Apenas o Joe de filho?

— Sim.

— Desculpa a pergunta, mas você é divorciado?

— Não. Não cheguei a casar com a mãe de Joe. Tínhamos ideais diferentes, poucas coisas em comum e o principal; não nos amávamos.

— Passaram muito tempo juntos?

— Não. Depois do nascimento do Joe, ela foi embora. Anos depois, ela me enviou uma carta dizendo que havia se casado com um homem muito rico e que se eu quisesse, podíamos nos encontrar. Ela dizia que estava infeliz e sentia minha falta.

— O que você fez?

— Rasguei a carta e deixei Joe pensar que a mãe dele havia morrido quando ele ainda era criança.

— Ele nunca descobriu a verdade?

— Não. E nunca irá. A mãe dele morreu há alguns meses num acidente de carro. Apenas eu e ela sabíamos que Joe era nosso filho. Meus pais nunca souberam que nós tivemos um filho. E os pais dela muito menos.

Observo-o por um momento, e vejo que Norman era um homem solitário.

Tinha apenas um filho e o mesmo nem morava com ele.

— E você? Me fala mais sobre sua vida, sobre seu noivo...

— Ah... Ele esta viajando para apresentar um projeto que será financiado pela empresa, se for aceito pelos sócios — foi a melhor mentira que veio a mente.

— Ele parece ser um bom rapaz... Vocês se dão bem?

— Sim.

— Não deve ser fácil ficar longe dele. Meu filho só me visita algumas vezes por ano e é terrível quando ele diz que tem de ir embora.

Tento conter as lágrimas.

Como eu queria que Jackie estivesse apenas viajando.

— Já tem data marcada para o casamento?

— Ainda não, mas quando ele voltar esse será o primeiro assunto que iremos tratar — tinha esperanças de que tudo iria voltar ao normal e de que Jackie e eu poderíamos nos acertar de uma vez por todas.

— Então, esses seus amigos são de onde?

— Roma.

— Vieram apenas pela diversão ou á negócios?

— As duas coisas.

Caminhamos um pouco em silêncio.

— Quer fazer trilha? Há uma trilha no bosque que dá pra ir com esses seus tênis.

— Pode ser.

Entramos no bosque e pegamos uma trilha não muito estreita que possibilitava que andássemos um do lado do outro.

— Não quero parecer intrometido, mas há uns dois dias, ouvi gritos vindos da sua casa... — Norman olha-me curioso — pensei em chamar a polícia, mas logo parou.

— Eram os rapazes brincando — tentei disfarçar, mas acho que não convenceu.

— Tem certeza? Parecia ser você pedindo socorro.

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