Capítulo 33

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— Como conseguiu trazer o carro de volta pra cá? — pergunto enquanto me aproximo da Mercedes.

— A seguradora.

Will havia mudado muito. Primeiro o fato de ter uma casa decente, agora falando em seguradora de carro.

Entro no carro e passo o cinto.

Will permanecera calado durante boa parte da viagem.

— Vocês disseram que passei dez dias sumida... — Will olha-me rapidamente — como isso é possível?

— Você deve ter passado dias vagando inconsciente e acordou apenas quando caiu naquele lugar.

— Mas porque lá? E porque minha outra versão não estava lá?

Will para e pensa.

— Porque você foi antes da sua outra versão aparecer. Quanto a parar exatamente ali, não sei. Talvez a energia emitida por Ozius tenha acabado e ai você ficou por ali.

— Porque você não se lembrava de mim?

Will olha-me sem jeito.

— Sua versão daquela época era muito diferente das outras. A cada época você muda um pouco.

— Mas estou bastante parecida com aquele quadro — rebato.

— Sim, mas seu espírito sente a necessidade de se renovar para se proteger. Naquela época você era bem mais morena, cabelos muito longos e encaracolados.

Vejo um brilho em seu olhar.

— Onde foi parar aquela sua versão? Inocente, doce...

Ele ri.

— Essa parte de mim sempre esteve aqui. Você que nunca percebeu. Sempre preferiu olhar para meu pior lado.

Sinto-me incomodada com suas palavras, mas analisando cada situação pelo qual passamos, ele tinha razão.

— Chegamos.

Ao descer do carro, sinto um embrulho no estômago.

Entramos e paramos na recepção para receber um crachá de visitantes.

Andamos alguns corredores até encontrar Glenn.

— Oi Susan. Fico feliz por saber que está bem... — cumprimenta Glenn.

— Obrigada...

Passo por ele a abro a porta. Will vem logo atrás de mim.

— Quero ficar sozinha... — barro Will.

Ele olha-me por alguns instantes.

— Claro... — assente.

Entro e fecho a porta.

A primeira coisa que noto são os vários fios ligados ao corpo de Jackie.

Aproximo-me um pouco mais e percebo a gravidade da situação. Sua cabeça estava quase toda enfaixada. Em sua boca tinha um tubo de respiração. Sua pele estava vermelha como se tivesse sido aquecida.

Pego sua mão e aperto firmemente.

— Jackie... — sussurro — sou eu meu amor...

Sinto lágrimas caírem. Lágrimas de tristeza, de decepção por ter deixado que isso acontecesse a ele. Sentia uma enorme culpa em meu coração, pois se eu não tivesse caído na armadilha de Norman e não tivesse ido a sua casa, Ozius não teria tentado me levar com ele, e consequentemente não teria sumido, e muito menos causado desespero em Will, que fora atrás de mim no covil de Ozius e acabou por atingir Jackie.

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