Capítulo 23

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Tomei um banho e troquei de roupa no quarto de hóspedes.

Fui até meu quarto e não vi Iran deitado. Entrei um pouco mais e deparei-me com ele só de toalha saindo do banheiro.

— Desculpe — digo recuando — vim saber se está com fome?

— Estou bem obrigado.

— E o machucado?

Iran abre a porta e fica de frente para mim.

— O que acha?

Olho para sua testa. Havia apenas um pequeno traço.

— Você está bem melhor — digo.

Desço o olhar para seu tórax definido.

Apesar de ser um homem extremamente lindo, Iran não conseguia arrancar de mim suspiros involuntários, como os de uma garota que está apaixonada por um cara.

Algo em mim não permitia.

— Estarei lá embaixo se precisar — digo tornando a olhar para seus lindos olhos.

— Tudo bem.

Desço as escadas e ouço-o fechar a porta.

Chego à cozinha e encontro Glenn sentado à mesa.

— Bom dia — diz educadamente.

— Bom dia. Você deve ser o Glenn.

— E você deve ser a Susan. É um enorme prazer conhecê-la.

— Digo o mesmo. Muito obrigada por aceitar nos ajudar.

— Imagine, será uma honra lutar ao lado de todos vocês. Ouvi muitas histórias sobre você...

Sorrio em agradecimento.

— Será que podemos conversar agora? — Will aparece atrás de mim.

— Já tomei meu café — diz Glenn se levantando — nos falamos depois.

Ele sai e me deixa a sós com Will.

— Como você está? — indaga.

Olho-o mais não consigo disfarçar minha fúria.

— Bem. E você?

— Não tanto quanto queria...

— O que houve?

— Estava preocupado com você, e briguei com Lana ontem...

Não me surpreendia o fato dele dizer aquilo.

— Ainda está com raiva de mim?

Respiro fundo e tento não passar na cara dele tudo o que sei.

— Estou.

— Susan, procure me entender. Não podia deixar que Antony levasse você.

Estava ficando impaciente. Ouvi-lo dizer que deixou Jackie ser levado para me salvar, não me convencia.

— Fiz isso apenas para protegê-la.

— Ouça — interrompi — a partir de hoje, você não decidirá mais nada em relação a minha vida, ou em relação ao que é melhor ou não para mim. Cuide de sua vida, que eu cuidarei da minha.

— Do que está falando? — retruca.

— Estou dizendo Will, que depois de resolver tudo isso, não quero vê-lo nunca mais.

— Porque está dizendo isso?

— Porque estou farta de você opinar em tudo. Estou cansada de você atrapalhar minha vida e de mentir para mim.

— Mentir pra você? Quando menti pra você Susan?

— A pergunta é: quando você não mentiu pra mim.

— Quando disse que te amava.

Respirei fundo diante de tais palavras. Não esperava por isso.

— O que está acontecendo com você? Quando estava em Roma, nos falamos e você não parecia tão enfurecida comigo.

— Estava sim, você que não me conhece bem o suficiente para me entender.

— Conheço você o bastante para perceber que algo mudou. O que aconteceu nessa viagem?

— Nada demais.

— Foi Iran, não foi?

— O que? O que o Iran tem a ver com isso?

— É exatamente isso que quero saber.

— Você quer saber? — rio de sua ousadia em querer saber tudo o que se passa — não ouvi o que eu lhe disse? Se não, irei repetir; não se intrometa mais na minha vida.

Passo por ele, mas não ando muito. Will agarra meu braço e me puxa.

— O que aconteceu entre você e Iran? — sua voz soa grave.

— Nada que seja da sua conta.

Sua mão fecha ainda em torno de meu pulso.

— Devia se dar o respeito. Enquanto seu noivo corre perigo, você fica se agarrando com outro.

— Engraçado você dizer isso. Meu noivo foi levado por sua culpa. E você só está achando a situação ruim, porque não é com você que estou me agarrando.

Will estava enfurecido.

— Então está assumindo? — rebate.

— E se estiver? Terei de prestar contas com Jackie, e não com você.

— Pelo visto você mudou muito mesmo.

— Você não imagina o quanto. Agora, me solta!

— Não!

— Will, quero que me solte!

— Em outros tempos você me pediria para agarrá-la e não para soltá-la.

Seu atrevimento era inadmissível.

Com a mão livre, dei-lhe uma tapa. Will me solta e parecia não acreditar em minha atitude.

— Me respeite. Não lhe dou o direito de agir de tal maneira comigo. Você tem namorada e estou noiva!

— Mas com o Iran pode agir da maneira que quiser...

— Já disse que não é da sua conta!

— Está tudo bem aqui? — Iran aparece atrás de mim.

Will o encara.

— Só pra você saber, o motivo de eu ter brigado com Lana, foi por eu ter terminado com ela. E quando ela me perguntou o motivo, eu disse seu nome.

Ele passa por mim e por Iran e bate a porta da frente com força.

— Tudo bem? — Iran põe a mão em meu ombro.

— Tudo bem.

Não estava nada bem, mas tomara minha decisão. Resolveria tudo; encontraria meus pais, salvaria Jackie, e mataria Ozius. E depois de tudo resolvido, não queria ver Will nunca mais.

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