A Batalha Celestial

Capítulo 34

Ao voltarmos para casa fomos recebidos por Benicio.

Desço do carro e lanço um breve sorriso para ele.

Sigo para meu quarto e tranco a porta.

Sentia uma enorme vontade de chorar, mas não queria. Era o que mais tinha feito nos últimos tempos; chorar e agir como uma garota frágil. Lana tinha razão, era uma "garota mimada". Estava tão acostumada a ter Will aos meus pés, que quando por uma fração de segundos ele se mostrou independente de mim, senti-me sozinha, como se dependesse de Will para tudo. Precisava deixar de lado o fato de ser uma garota prestes a completar 20 anos, desempregada e completamente indecisa quanto aos seus sentimentos, e focar no que era realmente importante.

Deito e tento sossegar, mas o sono não chega.

Tomo um banho demorado e torno a deitar. Viro algumas vezes na cama e decido levantar.

Desço as escadas lentamente e vejo Will deitado no sofá.

Passo silenciosamente por ele e vou para a cozinha.

Encho um copo com água e tomo um gole.

— Não consegue dormir?

Com o susto deixo o copo cair.

— Por favor, não faça isso...

Abaixo-me para pegar os cacos de vidro.

Will faz o mesmo.

— Tudo bem... — digo.

Will pega alguns cacos e coloca na palma da mão.

Olho para ele e vejo que ele me observa.

— O que foi? — pergunto envergonhada.

— Nada — responde sorrindo.

Terminamos de juntar os cacos e jogamos na lixeira.

— Obrigada.

Lavo as mãos e volto para meu quarto.

— Susan — Will me alcança próximo à escada.

Viro e lhe dou atenção.

— Amanhã iremos atrás de Zayda. Tomaremos um avião até Lima, no Peru.

— Tudo bem. Boa noite.

— Susan — ele se aproxima — durma bem.

Sorrio e tono a subir a escada.

— Susan — Will está a dois degraus de onde estou — eu quero que me desculpe; por tudo. Desde o dia em que falhei com você quando deixei que Morgana e Ozius a machucasse. Que eu tenha apenas ouvido suas preces e nunca tenha lhe respondido; que eu tenha tentado fazer algo que você não queria, por ter escondido a verdade sobre seus pais, por ter sido rude e agora por isso.

— Por que os escondeu de mim?

— Para protegê-los. Blanco não queria que mais pessoas se machucassem nessa história.

— Como conseguiu simplesmente tirá-los de casa?

— Disse a seu pai que íamos fazer uma surpresa para você. Contaríamos que seu pai havia comprado essa casa e que vocês se mudariam para cá. Disse a eles que você estava na lanchonete esperando por eles. Eles foram comigo, mas no meio do caminho disse a eles que tinha de passar em casa pra pegar algo, eles foram comigo e Blanco já estava a nossa espera. Blanco conversou durante alguns minutos com eles e logo depois os levou.

— Para onde?

— Vienna. Ele os soltou lá como turistas que moravam no Chile.

— Áustria?! Porque Blanco fez isso?