Acordo ao ouvir vozes ao meu lado.
Olho e vejo Will conversando com um homem.
— Com licença — digo — irei ao banheiro.
Sigo até o fim do corredor e entro no minúsculo banheiro.
Lavo meu rosto para espertar o sono.
— Veja só você — retraio-me ao olhar para espelho e ver Ozius — tão linda...
Viro e dou de cara com seu peitoral.
— Como entrou aqui?
— Você me trouxe até aqui — diz sorrindo — agora vou levar você comigo.
— O que?
Ozius ri enquanto sinto o chão sumir debaixo dos meus pés.
— Não!
Grito enquanto caio do avião. Olho para cima e vejo que me afastava rapidamente dele.
Balançava meus braços no ar como se estivesse atrás de algo para me agarrar.
O chão se aproximava rapidamente, meu coração batia de uma forma descompassada. Sentia que a morte estava próxima.
— Viu Susan a vida pode ser divertida — Ozius caía ao meu lado, mas ele ia mais rápido e logo sumiu de meu foco.
— Não! Não! Não! Will!
Debruçava-me enquanto sentia mãos em meus braços.
— Susan — Will me sacudia.
— Tudo bem — diz enquanto tenta me acalmar.
— Ozius... Ele sabe onde estamos.
Will olha preocupado.
— Como sabe?
— Eu o vi.
— Está tudo bem senhor? — pergunta uma comissária.
— Sim. — Will pega uma garrafa d'água e me entrega.
Tomo alguns goles, mas não consigo me acalmar. A sensação de que está preste a morrer é terrível.
— Fique calma, não deixe que ele consiga se aproximar de você. De alguma forma ele consegue se comunicar com você, e por meio disso consegue saber onde está. Tente bloqueá-lo toda vez que ele fizer isso.
— Como?
— Pense em algo que faça você se sentir bem e protegida.
— Tudo bem.
Tomo alguns goles de água. Depois de algum tempo sentia-me bem melhor.
— Ainda falta muito tempo?
Will olha no relógio.
— São quase 13h00. Devemos chegar por volta das 17h00 em Lima.
Ainda faltava bastante tempo.
— Quase me esqueço de perguntar, e Hank?
— Ozius o levou.
— Porque ele facilitou o resgate de Jackie e não de Hank?
Will parecia pensar.
— Talvez ele tivesse alguma na cartada na manga. Já levantamos muitas hipóteses, mas nenhuma plausível.
— Estou com medo.
— Conseguiremos descobrir onde Ozius está e salvaremos Hank.
Sorrio tentando parecer mais calma, mas estava aflita demais para conseguir me acalmar.
— Quer ouvir uma história? — diz tentando quebrar o clima.
— Claro.
Will contou uma história sobre um jovem japonês que queria ser da guarda real de seu reino, mas que por ser jovem demais e não ter os dotes necessários, não conseguia passar naos desafios impostos pelo general.
Um dia ele conheceu uma mulher que se dizia bruxa e que o ajudaria. Ela leu sua mão e disse que viu que ele seria o mais forte e corajoso dos homens. Todos os reinos iam querê-lo em sua guarda.
Ao acordar pela manhã foi para o campo trabalhar e lá conheceu uma bela jovem refugiada. Ele se apaixonou por ela e a levou para sua casa. Ela dizia se esconder de pessoas que queriam matá-la. Uma noite homens montados em cavalos chegaram a sua casa exigindo que ele abrisse a porta imediatamente. A moça pediu que o rapaz a escondesse. Atendendo ao pedido da moça, ele pegou seu cavalo e fugiu com ela no meio da noite.
Os cavalos o seguiam veloz. O que o rapaz esquecera era que o caminho que havia tomado dava para um penhasco. Abruptamente o cavalo parou e os dois foram lançados o abismo. Os homens se aproximaram e pensaram que tivessem caído, mas o jovem camponês estava agarrado á um galho com um braço e a moça no outro.
Ele passou vários minutos segurando-a, até que os cavaleiros fossem embora. Quando tiveram certeza de que estavam sozinhos, o jovem içou a moça e depois subiu.
Eles seguiram por uma pequena estrada, onde foram surpreendidos por homem armados. A moça gritava dizendo que estava tudo bem, mas os homens não lhe deram ouvidos. Um deles a pega e a coloca em seu cavalo e a leva. Ela gritava. O jovem olhava desesperado por ver a linda moça ser levada. Um dos homens desce de seu cavalo e aponta uma espada para seu peito, o rapaz resiste e consegue tomar a espada do homem, mas o que ele não contava era que outro homem armado viesse por trás e desferisse um golpe mortal. O jovem rapaz cai com a espada atravessada em seu peito.
Algum tempo depois, descobriu-se que os cavaleiros que apareceram em sua casa foram mandados por um rival do pai da moça e que eles queriam matá-la. Ao saber do acontecido, o pai da jovem fez um monumento em homenagem ao jovem camponês, que além de salvar a vida de sua filha, mostrou-se honroso, corajoso e forte. Todos que compareceram no dia da homenagem ao salvador de sua filha, elogiaram o corajoso rapaz. Murmúrios também foram ouvidos, sendo o principal deles, o arrependimento por nunca ter sido dado a chance ao bravo rapaz de mostrar do que era capaz.
— E qual a moral da história?
— Que nunca devemos acreditar que um japonês ataca sozinho — Will ri.
— Para — bato em seu braço — tem outra história?
— Tenho, mas essa só conto depois.
— Por quê?
— Porque essa é especial demais para ser contada como passa tempo de viagem.
Faço cara de decepção, mas não adianta.
— Agora vamos descansar — Will se recosta na poltrona.
— Vai dormir?
— Vou tentar.
— Não me deixe acordada sozinha.
— Tente descansar um pouco.
— E se sonhar com Ozius de novo? Já paguei mico suficiente por um dia.
— Não vai. Confie em mim.
Ele toca meu rosto.
— Descanse — insiste.
Recosto-me e espero que o sono venha. Antes que pudesse relutar acabo ficando sonolenta devido ao silêncio dentro do avião. Olho para Will e vejo-o com os olhos fechados. Faço o mesmo e depois de poucos segundos pego no sono.
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A Batalha Celestial
AdventureÉ verdade que o passado ficou para trás, mas isso não quer dizer que ele não possa voltar á nos atormentar. Susan se ver com sua vida tranquila novamente, mas o que ela nem desconfia; é que enquanto ela vive tranquilamente ao lado de Jackie, seu in...