Capítulo 23

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Estevão havia pego Maria e Carolina no flagra.

- E então? Eu fiz uma pergunta! - disse Estevão.

As duas ficam caladas.

- Tá bom! Maria não vai me dizer nada, o que não me deixa surpreso. - disse Estevão. - Mas você, Carol, vai me contar! Anda, desembucha!

- Ai! E agora? - disse Carolina.

- Espera, Carol. - disse Maria. - Vem comigo, Estevão. Eu vou te contar o que está acontecendo.

Estevão e Maria vão até a cantina do hospital, e lá conversaram.

- Vocês duas ficaram malucas?! - exclama Estevão se levantando de uma vez.

- Fala baixo, Estevão! Estamos num hospital, senta aí! - disse Maria o puxando, fazendo com que ele sentasse novamente.

- Onde é que vocês estavam com a cabeça, quando pensaram num plano desses?! - disse Estevão.

- Na verdade, quem pensou nesse plano fui eu, a Carolina só concordou. - disse Maria.

- Deveriam ter chamado a polícia desde o começo! - disse Estevão.

- Não!... Isso não! Se fizermos isso, Pedro será preso. - disse Maria.

- Maria, a mim também me apavora a ideia do meu filho ser preso, mas se ele cometeu um erro, ele tem que pagar, quem sabe assim ele aprende uma lição com tudo isso. - disse Estevão.

- Como pode dizer isso, Estevão?! É seu filho! - disse Maria. - Você não tem idéia de como é a vida de uma pessoa na cadeia!

- Você fala como se já estivesse passado por uma. - disse Estevão.

Maria fica tensa.

Enquanto isso, Luíza acordara de seu breve cochilo e sua tia Carolina estava no quarto com ela.

- Oi, tia Carol. - disse Luíza.

- Oi, "pimpolha". Como está hoje? - pergunta Carolina.

- Tô bem agora. Um pouco sonolenta com o remédio que me deram pra dor, por causa da cirurgia, mas tá tudo bem. - disse Luíza tranquilizando sua tia. - Cadê a tia Maria? Ela estava aqui comigo, mas saiu.

- Ela está conversando com seu pai. - disse Carolina.

- Tia, Carol?

- Sim, querida. - responde Carolina.

- O papai e a tia Maria tão se "pegando"? - pergunta Luíza com a maior naturalidade do mundo.

- Mas que pergunta é essa, Luíza?! - disse Carolina.

- Calma, tia! É só uma pergunta. E é com todo o respeito! - disse Luíza.

- Como que uma pergunta dessas pode ser com todo o respeito, Luíza?! - disse Carolina.

- Ora, tia, se perguntei é porque eu gostaria muito que fosse verdade. - disse Luíza. - Eu gostei muito de conhecer a tia Maria, e mesmo que meu pai não queira admitir, ela mexeu com ele.

- Você também acha, é? - perguntou Carolina sorrindo.

- Tá vendo? Acho que todo mundo já reparou! - disse Luíza com um sorriso.

- Só eles dois que ainda não. - sussurrou Carolina.

- Disse alguma coisa, tia? - perguntou Luíza.

- Nada, querida. - disse Carolina. - Então você acha que seria uma boa ideia seu pai e sua tia Maria ficarem juntos, não é?

- Seria um milhão de vezes melhor que o meu pai se casar com aquela aproveitadora da Alice, ou cair nas garras da Tereza! - disse Luíza.

- Querida, sobre seu pai e a Alice eu até concordo, mas a Tereza... Não. Você está imaginando. - disse Carolina.

- Não, tia. Eu sei o que eu vi ontem. A senhora tinha que ter visto o semblante de satisfação dela, ao dizer que ia sair com meu pai! - disse Luíza convicta. - Lógico que pro meu pai foi uma coisa inocente, mas pra ela foi muito mais. Ele me chamou pra que eu fosse junto, ela fez uma cara...!

- O que está querendo dizer, Luíza? - pergunta Carolina.

- Ela não queria que eu fosse. Ela queria ficar sozinha com meu pai!


Ao ouvir aquilo, Carolina se lembrou de algo que sua tia Helena lhe disse sobre Tereza.


#Flashback Carolina on#


- Sabe, Carol, eu não queria estar pensando isso, mas... - disse Helena.

- Tia, mas isso seria sujeira demais!... Não. Por mais que Tereza sinta algo pelo Estevão, mas desligar o celular dele de propósito, e não atender as nossas ligações?... Não, isso seria muita baixeza! - disse Carolina.

- O pior não é isso, querida. - disse Helena com um aperto em seu peito.

- O que foi, tia Helena?

- Eu me recordo perfeitamente que Estevão e Marcela nunca foram de brigar. Nunca houveram desconfianças entre eles, no entanto... - ela faz uma pausa.

- No entanto o quê, tia? - pergunta Carolina.

- No entanto, as coisas mudaram quando sua prima Tereza foi morar na mansão. - disse Helena.


#Flashback Carolina off#


"Não! Não pode ser. Será que esse tempo todo estávamos com uma cobra debaixo do nosso teto e não sabíamos?!" pensou Carolina.


De volta à cantina.

Maria tinha que pensar rápido. Estava à ponto de revelar seu segredo para Estevão.


- Não diga bobagens, Estevão!... Se eu disse aquilo, é porque me preocupo com o que pode acontecer com o meu sobrinho! - disse Maria. - E eu vou fazer o que eu puder pra ajudá-lo. Com ou sem você! - disse ela se levantando.

- Calma! - disse Estevão impedindo que ela saísse. - Agora sou eu que peço pra você não se exaltar! Senta, por favor. - ele pede.


Maria se senta de novo.


- Acha que não me preocupo com meu filho, Maria? Já lhe disse que meus filhos são tudo pra mim! - disse Estevão. - E agora que eu sei o que pretende fazer, jamais poderia te deixar nisso sozinha. Porque também me preocupo com você. Não quero que vá sozinha, pode ser perigoso, e eu não quero que te passe nada. - disse ele segurando em sua mão.


Maria sente seu coração acelerar, sua respiração ficar pesada. Era óbvio que quando Estevão estava por perto, ela não tinha mais controle sobre as suas funções biológicas. Ele mexia com todo o seu ser.
Estevão olhava para os olhos de Maria e era inevitável que se perdesse neles. Aqueles lábios carnudos, doces, intensos, que ele já provara algumas vezes, o fascinava. Ele não podia mais negar que sentia algo muito especial quando estava com Maria.
Os dois começam a se olhar e se aproximar, parece que vão se beijar, mas o celular de Maria toca.


- "Salva pelo gongo", não é? - disse Estevão um pouco chateado, já que no fundo, não queria que aquele celular tocasse.

- É uma ligação importante, preciso atender. - disse Maria.

- Fique à vontade. - disse Estevão.


Maria atende.


- Alo?... Alberto! Que saudade! - disse Maria sorrindo.


Estevão já fechou a cara ao ouvir aquelas poucas palavras.


- Sim, eu estou lembrada. - continuava Maria ao telefone. - Acha que vou esquecer de você, Alberto? Jamais! - ela sorria.


A cada detalhe daquela conversa o ciúme de Estevão aumentava, e só duas perguntas ecoavam em sua mente: Quem é Alberto? E por que ela fica tão feliz falando com ele?


- Não é incomodo algum, você sabe. - dizia Maria. - Eu faço questão de ir buscar você no aeroporto amanhã. Sim, então até! Um beijo, tchau! - ela encerra a ligação.

- E então? - pergunta Estevão como se cobrasse explicações.

- Então o quê? - disse Maria.

- Quem esse Alberto? - ele pergunta.

- É um amigo muito querido que vem me visitar, e fazer um favor muito importante pra mim. - disse Maria.

- Ele deve ser muito querido mesmo! - disse Estevão com ironia. - Pelo jeito como falou com ele, que estava com saudades, não é?


Maria se aproxima de Estevão.


- Você não tem ideia de como ele me é querido! - disse Maria com um olhar desafiador e um sorriso de deboche. - Nos vemos mais tarde na mansão. - disse ela se levantando e saindo.


Estevão detestava quando Maria saia e o deixava falando sozinho. Cheio de dúvidas e inquietações.


***

Era início de noite.

Mansão San Roman.

Como a cirurgia de Luíza foi simples, ela recebeu alta e pôde ir para casa. Ela chegou junto com seu pai, Maria e Carolina, foi recebida por seus avós, que estavam contentes e aliviados por vê-la bem.


- Ai, minha querida, que susto você nos deu! - disse Helena abraçando a neta.

- Não faça mais isso, princesa. O coração do seu avô não aguenta mais essas coisas! - disse Emiliano abraçando Luíza.

- Eu sei, gente. - disse Luíza. - Acreditem, o susto foi meu também.

- Mas o que importa é que Luíza já está em casa. E está tudo bem. - disse Estevão.


Tereza surge.


- Luíza, minha querida, que bom que já está em casa. Eu fiquei tão preocupada! - disse ela dando um falso abraço em Luíza.


Mas Luíza não era boba.


- Eu posso imaginar o seu nível de preocupação, Tereza! - disse Luíza irônica.


Todos perceberam o clima pesado que ficou na sala. Estevão tentou disfarçar.


- Rebeca, onde estão os meninos? - ele pergunta.

- O senhor Henrique já está chegando. E o senhor Pedro, bem...

- Já sei, ele não está, não é? - pergunta Estevão.

- Não, senhor. - disse Rebeca.


Estevão e Maria trocam olhares. Era o momento de saberem onde Pedro ia quase todas às noites.


- Bom, eu preciso ir. - disse Maria.

- Ah, tia! Não vai. - disse Luíza. - Fica mais um pouco.

- Pois é, Maria. - disse Helena. - Fique conosco um pouco mais.

- É, filha, pra quê essa pressa? - perguntou Emiliano.

- Eu gostaria muito de ficar, entretanto há um assunto que eu preciso resolver ainda hoje. - disse Maria. - Mas amanhã eu venho pra ver como está a Luíza.

- Vou ficar esperando, tia. - disse Luíza a abraçando.

- Venha sempre que quiser, querida. Essa casa é sua. - disse Helena.


Carolina abraça Maria e sussurra em seu ouvido "boa sorte e tenha cuidado".
Maria só sorriu e acentiu com a cabeça.


- Eu te levo, Maria. - disse Estevão.

- Obrigada, Estevão.


Os dois saem e entram no carro.


- Está pronta? - pergunta Estevão.

- Pronta. Para o cais do porto, e depressa Estevão. Precisamos ajudar o Pedro.

- Vamos lá! - disse Estevão.


O que será que Maria e Estevão vão encontrar e como vão conseguir tirar o Pedro dessa?




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