Capítulo 25

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O beijo estava ficando intenso demais para o lugar onde estavam. Os dois resolvem se desgrudar quando escutam alguém dizendo:

- Ei casalzinho! Segurem a onda!... Tem um motel aqui perto!... Gente mais alvoroçada!

Maria ficou um pouco constrangida.

- A ideia não é ruim. - sussurrou Estevão com um leve sorriso.

- Nem, pense Estevão San Roman! - disse Maria. - Não viemos aqui pra isso, esqueceu?

- Tem razão, tem razão!... Me desculpe, é que... Eu não consigo resistir a você, Maria! - disse Estevão olhando no fundo dos olhos de Maria. - Não consigo mais!

- Estevão, por favor... - disse Maria querendo se afastar dele.

- Maria, - disse ele a segurando impedindo que ela fosse. - Olhe nos meus olhos e diga que não sente a mesma coisa. Se disser, eu prometo que não chego perto de você nunca mais. Apesar de que, mesmo que diga, não mudará o fato de que estou apaixonado por você.

Maria ficou sem palavras. E olha que isso era muito raro!... Mas Estevão foi o único, até aquele momento, que conseguira essa façanha.
Ela não sabia o que dizer, o que sentir. Era certo que Estevão mexia com ela, e mexia muito. Mas aí a estar apaixonada?... Maria não tinha certeza. Ou tinha medo de ter certeza.

- Maria, diz alguma coisa, por favor! - disse Estevão angustiado.

- Estevão... Não é hora e nem lugar pra falarmos disso! - disse Maria. - Você pode ter perdido o foco da nossa missão, mas eu não perdi! Vamos atrás do Pedro!

No fundo, Estevão sabia que Maria estava certa, eles estavam ali para ajudar seu filho. Mas não pôde negar que ficou com uma pontinha de esperança. Afinal, ela pode até não ter dito que estava apaixonada, mas também não disse que não estava.

De repente, Maria leva um susto. Ao olhar para o telão onde anunciaram a próxima luta.

- Estevão! - ela o chama.

- O que foi, Maria?

- Olhe o telão. Pedro não está aqui apostando. - disse Maria.

Estevão fica em choque.

- O Pedro é um dos lutadores, Estevão! O que vamos fazer?! - pergunta Maria desesperada.

- Calma, vamos pensar em alguma coisa. - disse Estevão tentando se manter calmo.

***

De volta à mansão San Roman.

Luíza estava em seu quarto quando Tereza vai entrando.

- Não pede mais licença, Tereza? - disse Tereza.

- Desculpe querida, não achei que precisasse, já que estou na minha casa. - disse Tereza.

- Engano seu. Essa casa era da minha mãe. - disse Luíza.

- Você disse bem, querida. Era. Mas sua mãe se foi. - disse Tereza espesinhando. - E seu pai, querendo ou não, um dia vai se casar de novo.

- Tem razão, Tereza. Um dia meu pai vai se casar de novo. E tenho certeza que a mulher que ele escolher vai fazê-lo muito feliz. - disse Luíza calmamente.

- Ué? Essa é nova! - exclamou Tereza. - Pensei que não apoiasse o noivado de seu pai com aquela aproveitadora da Alice!

- E não apoio. - disse Luíza. - Quem disse que estou falando da Alice?... E não pense que estou falando de você também! - devolveu Luíza a provocação anterior.

- Mas do que está falando, Luíza?! - disse Tereza se fazendo de desentendida.

- Tereza, eu já disse que você não me engana. Sei que está interessada no meu pai! - disse Luíza.

- Não diga besteiras, menina! - exclama Tereza. - Seu pai não me interessa em absoluto.

- Não seja hipócrita, Tereza! Tudo o que fez até hoje, foi pra agradar o meu pai!... Sabe-se lá com que intenções! - disse Luíza.

- Você não passa de uma moleca ingrata! - esbraveja Luíza. - Nunca reconheceu o eu fiz por você e por seus irmãos!

- Não seja falsa! Tudo o que fez foi pra que o meu pai olhasse pra você! Pra que te visse não como uma prima abnegada, mas como mulher! - exclamava Luíza à plenos pulmões.


Carolina que passava pelo corredor escutou a discussão.


- Você não passa de uma fedelha mal criada! - disse Tereza. - Bem se vê que Marcela e Estevão não souberam te educar!

- Você não abra sua boca pra falar mal da minha mãe, sua víbora nojenta!... Ai! - disse Luíza tocando o lugar de sua cirurgia.

- Tá vendo só? - disse Tereza. - É nisso que dá ser linguaruda! - disse como se estivesse achando bom ver Luíza passando mal.

- O que está acontecendo aqui?! - disse Carolina entrando. - Luíza?! Querida, o que foi? - disse ela amparando sua sobrinha.

- Eu vim ver como ela estava, Carolina, e ela começou a me atacar com insultos! - disse Tereza.

- É mentira, tia Carol! Ela que veio aqui só pra me provocar!... Ai, ai!

- Tereza, sai daqui, por favor. - disse Carolina.


Tereza sai do quarto.


- Calma, Luíza. - disse Carolina. - Vamos ver se você não abriu esses pontos. Vem, senta aqui. - disse ela sentando a sobrinha na cama.

- Essa mulher não vale nada, tia! - disse Luíza. - O papai devia mandar ela embora daqui!

- Querida, não entre no jogo da Tereza, pois é isso o que ela quer. - disse Carolina.


Graças à Deus, os pontos de Luíza não abriram. Carolina lhe deu o remédio a sua sobrinha e esta dormiu.
Em seguida, ela vai até o quarto de Tereza.


- Com licença, Tereza.

- Entra, Carol. - disse Tereza. - E antes que comece com o sermão, saiba que eu não entrei no quarto de Luíza com más intenções, como ela disse. Eu só queria saber se ela não precisava de nada. Mas essa menina nunca gostou de mim!

- Luíza têm suas desconfianças, não é? - disse Carolina. - Assim como alguns de nós, não?

- O que quer dizer, Carolina? - pergunta Tereza.

- Tereza, a única coisa que lhe digo é que se você estima tanto o Estevão como diz, deixe de implicar com a Luíza. - disse Carolina.

- Mas eu não fiz nada! - disse Tereza.

- Tereza, eu conheço você muito bem! Ou melhor, eu pensava que conhecia! - disse Carolina saindo.


"Carolina tá cheia de mistério!... O que será que ela está insinuando?" pensava Tereza.


***

De volta ao cais.

Estevão rapidamente percebeu como as coisas funcionavam naquele lugar, então resolveu ter uma ideia.


- Maria, vamos fingir que somos um casal apostador. E vamos exigir ver o nosso lutador antes do embate. - disse Estevão.

- E deixe eu adivinhar, o nosso lutador vai ser o Pedro? - disse Maria.

- Exatamente! - disse ele.


O plano deu certo e eles conseguem entrar no vestiário onde Pedro estava de costas.


- Podem ter certwza que o dinheiro de vocês estará bem empregado! - disse Pedro.

- Eu duvido muito, já que você não vai entrar naquele ringue! - disse Estevão.

- Pai?! Tia Maria?! - espanta-se Pedro.

- Pedro! - disse Maria abraçando seu sobrinho. - Você tá bem? Deixa eu te olhar. - disse Maria analisando o sobrinho dos pés à cabeça.

- Eu tô bem, tia, calma. O que vocês estão fazendo aqui?! - ele pergunta.

- O que acha que estamos fazendo, Pedro? - disse Estevão. - Viemos tirar você daqui! Vamos embora agora! - disse Estevão puxando o filho pelo braço.

- Me solta! - disse Pedro. - Não tem nenhum direito!

- Pedro, não fale assim, ele é seu pai! - disse Maria.

- A senhora não sabe o que ele fez!... Você, - disse ele olhando para Estevão - não tem moral nenhuma pra vir aqui me dizer o que é certo ou o que é errado!

- Já chega, Pedro! Estou cansado dessa sua atitude! - disse Estevão. - Me diga o que você tem contra mim!

- Falem baixo, vocês dois! Ou vão descobrir a gente aqui! - disse Maria.

- O senhor quer saber, não é? Pois bem!... Eu sei o que você fez com a minha mãe! - disse Pedro.

- Do que você está falando?! - pergunta Pedro.

- Por que, pai?... Eu não entendo!... A mamãe te amava. Você parecia amá-la tanto!... - disse Pedro.

- Mas eu amava a sua mãe! - disse Estevão.

- Então por que a traiu?! - disse Pedro.


Nesse momento, Estevão olha feio para Maria.


- Nem olhe assim pra mim! - disse Maria. - Não tenho a menor idéia de como ele soube disso!

- A senhora também sabia, tia?! - pergunta Pedro.

- Pedro, meu filho, é uma longa história. E agora não é o momento de falarmos disso. Daqui a pouco vão vir buscar o Pedro, temos que sair daqui! - disse Maria.

- Maria tem razão, Pedro. Temos que ir. - disse Estevão.

- Eu não vou à lugar nenhum! - disse Pedro. - Tenho que manter minha palavra. Vou lutar, as pessoas apostaram.

- Essas pessoas não se preocupam com você, Pedro. - disse Maria. - Só querem ver você se machucar!

- Pedro, meu filho, eu juro a você. Eu jamais enganei sua mãe. E estou disposto a te provar isso. - disse Estevão.

- E como acha que vai me provar? - disse Pedro. - Eu não acredito em você!

- Estou disposto a lutar com você agora.

- Estevão! - exclamou Maria.

- Maria, eu prefiro que meu filho me dê uma surra, do que vê-lo entrar naquele ringue sem saber se ele sairá vivo! - disse Estevão.

- Não fala bobagem, coroa! Eu não vou bater em você!... Mesmo porque o senhor não dá nem pra saída! - disse Pedro. - Sai da frente!


Estevão não se mexia.


- Eu não tô brincando, pai! Sai! - disse Pedro.

- Eu não vou sair. - disse Estevão. - Quer subir naquele ringue? Ótimo! Me leve à nocaute primeiro!

- Estevão, por favor! Não é hora de mostrar quem é o mais macho!... Pedro, por favor! - implorava Maria.

- Pedro, meu filho, se você realmente acredita que eu fui capaz de algo tão infame contra a sua mãe, então pode dar o seu melhor soco. - disse Estevão. - Eu não vou me defender.

- Se eu lhe der um soco o senhor nunca mais se levanta! - disse Pedro.

- Pode ser. Mas eu garanto que vou fazer um esforço e vou continuar de pé. Porque você é meu filho, e eu nunca vou cansar de lutar por você. - disse Estevão com os olhos marejados.


Pedro ficou tocado com o gesto do pai.

Maria de repente, fica do lado de Estevão e segura em sua mão, em seguida olha para seu sobrinho.


- Vai ter que me nocautear também, Pedro. Pois não vamos sair daqui sem você.


Estevão olha para Maria e dá um leve sorriso.


- Vocês estão ficando malucos?!... Eu nunca faria uma coisa dessas com vocês! - disse Pedro abraçando os dois.





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