A Garota

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Acordei na ala hospitalar com uma dor imensa nas costas e uma ferida horrível na barriga, a lâmina atravessou minhas costas. Não lembro de nada do que aconteceu, só sei que olhei pra Harry e que senti muita dor e então, apaguei. Eu tive muita sorte, poderia estar morta. Troquei de roupa o mais rápido possível, mesmo sentindo dor, estava com uma blusa de mangas compridas, um jeans escuro e meu costumeiro Botas de cano curto de couro marrom, nunca saía sem ele. Saí da ala hospitalar e fui caminhando em direção ao quarto de Harry e bati à porta.

- Senhorita Prímor, que bom que acordou.

Era Robert, o mordomo.

- Robbie, onde está Harry?

- Na guerra senhorita, com seu namorado, seu pai e o rei.

- Mas o que?

Me desesperei, meu melhor amigo, o amor da minha vida e o homem que me criou estavam na guerra e a esta hora poderiam estar mortos.

- Robert, peça para que coloquem a cela em meu cavalo, eu vou até lá.

- Senhorita eu não posso deixar que vá até eles. Acabou de acordar de um coma de duas semanas, você está fraca minha querida.

- Pois bem, irei pela manhã. Você viu Sarah?

- Ela esta em sua casa, também partirá amanhã.

Como pude me esquecer, Sarah era tão boa com um arco e flecha quanto com os cavalos que ela cuidava com tanto esmero. É claro que era iria também. Nos dias de hoje, com o pouco que sobrou da humanidade, todos eram convocados para a guerra ao invés de procurarem soluções pacificas para tudo, só querem saber de guerra. Eu sempre me perguntei quando ela iria extinguir a raça humana para sempre, havia realmente poucas pessoas na terra, não era como antigamente. Depois da Terceira Guerra dos Reinos, foram lançadas bombas biológicas em lugares estratégicos que reduziram a população mundial pela metade, isso foi por volta de 2022. De oito bilhões de pessoas foram para quatro. Na Quarta Guerra dos Reinos foram usadas armas de fogo para extinguir a outra metade da população mundial, foi como o massacre que ocorreu em Guernica, foi por volta de 2112. Hoje em pleno ano 3010 eles ainda não se cansam de usar a mesma tática. Acho que querem nos matar de vez.

Fui correndo para casa, eu abri a porta e me deparei com Sarah em pé tomando chá no balcão da cozinha, ela soltou a xícara e veio correndo me abraçar.

- Graças a Deus, eu já estava ficando desesperada, Liz. 

Soltei um gemido baixo de dor pelo impacto mas ela não pareceu ouvir, me senti segura em seu abraço, ela era um pouco mais alta do que eu e eu senti, pelo menos por um momento, um pouco de paz. Meu coração está desesperado, eu temo pelas pessoas que eu amo,  infelizmente eu não posso protegê-las do mundo. Se eu pudesse eu guardava todas as pessoas que eu amo em um potinho para que elas não sofram nenhum mal. Fui tirada de meus pensamentos quando Sarah me chamou:

- Liz, você precisa descansar.

- Eu irei com você amanha.

- Nem vou tentar te impedir, eu te conheço e sei que será perda de tempo. Agora você irá descansar, eu vou arrumar suas coisas, O que quer levar.

- Eu vou indicar para você.

Ela arrumou minha mala como a boa amiga que era e eu fui dormir, estava cansada pelo ferimento e precisava trocar o curativo, mas no momento que deitei na cama eu só conseguia pensar que queria que todos que eu amo estivessem bem e então eu orei. 



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