A Garota

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Eu treinei todos os dias arduamente para a batalha que decidiria o futuro do meu reino, ao final desse tempo eu já havia derrotado os melhores homens do exército e acredite, eles eram muitos. E hoje era o dia em que talvez eu daria a vida pelo meu país. O rei preparou seu exército e fomos para a clareira, um lugar marcado por batalhas, se tanto sangue não tivesse sido derramado lá até que seria um lugar muito bonito.

Era cercado por altas arvores antigas de diferentes espécies e havia um círculo de pedras no centro, usado para travar batalhas como a que eu faria hoje, o local era estranhamente agradável e bonito, mas o ar era pesado e tenso. O cheiro do local era agradável e soprava uma brisa suave. Em breve teria cheiro de sangue e a grama verde seria pisoteada por milhares de soldados se tornando lama e o clima agradável seria substituído por algo pesado e medonho.

Eu não estava nervosa ou amedrontada, me sentia calma. As pessoas ao meu redor me passavam confiança e eu me sentia surpreendentemente segura. Ao passar do tempo a tensão dominava o local, era finalmente a hora da batalha.

Entrei no círculo, o Rei Jaques tinha um sorriso sarcástico no rosto, como se não tivesse nada que se preocupar. Meu oponente era um homem enorme e forte, alto, com cabelos escuros na altura dos ombros e olhos verdes expressivos e temerosos. Ele estava sujo e parecia muito cansado. Deixei que ele investisse primeiro, a espada dele mal chegou perto do meu corpo, eu não recuei, aparentemente ele não queria lutar e então eu o desarmei mas simplesmente não podia mata-lo, não se ele não lutasse. Como eu poderia tirar a vida que um homem que estava se entregando?

O homem caiu de joelhos aos meus pés, esperando a morte, esperando pela espada que atravessaria seu pescoço de maneira cruel e impiedosa, mas isso nunca aconteceu. Ergui meus olhos em direção aos reis sentados e indiferentes observando um homem se render a uma garota que tinha a metade do seu tamanho com uma facilidade impressionante, como se eles não estivessem ligando para o que aconteceria com seus reinos e achei tudo muito estranho. E eu entendi o porquê, eles queriam que eu desistisse para poder declarar guerra, mas não foi isso o que eu fiz. Num ímpeto de coragem ou talvez burrice, eu comecei a rir e eu ri até minha barriga doer e todos os olhares de ambos os exércitos estarem voltados para mim, Theo e Harry me olhavam como sem entender nada e o Rei me passava uma confiança que com certeza eu não tinha, como se soubesse exatamente o que eu estava fazendo mesmo eu não tendo certeza do que era. Irritado por eu estar rindo em pleno campo de batalha e humilhando o que era aparentemente o soldado mais forte dos dois reinos, ou o mais amedrontador pelo menos, Rei Edward se levantou e me encarou com todo o ódio que possuía, até que eu resolvi me pronunciar. Eu olhei bem no fundo dos olhos azuis e frios que ele possuía.

- É sério isso? Esse é o melhor que tem a me oferecer? Um homem que cai aos meus pés sem que sequer eu tente machucá-lo. Isso é uma afronta a minha pessoa.

- Bem soldado – Disse o rei – Se é tão fácil assim vencê-lo porque não o faz?

- Porque eu me recuso a matar um homem, o acordo era uma batalha e vocês não me deram uma.

- Está desistindo soldado?

Então com toda a estupidez que eu tinha no meu ser, eu sorri.

- Não estou desistindo Edward, estou desafiando você.

Ele riu, seu irmão tentou impedi-lo mas ele se desvencilhou com facilidade. 

- Tudo bem, já que está pronta para morrer.

Ele se levantou e veio me atacar, na primeira investida ele quase me acertou no braço mas eu desviei, acertei sua barriga e ele cambaleou para trás. Num ímpeto de fúria ele me atacou de verdade e quase arrancou minha orelha, usando a fúria dele contra si mesmo eu o acertei no ombro. E então acertei e ele caiu, para o desespero de Jaques que invadiu o campo de batalha com raiva segurando o corpo do Rei morto.

Jaques se levantou com raiva e sacou algo de dentro de sua armadura apontando diretamente para o peito do príncipe em questão de segundos, um estrondo foi ouvido e depois tudo ficou silencioso demais. Eu não entendi o que aconteceu inicialmente até que escutei o grito de Helena e o vi caindo no chão, Harry havia levado um tiro no ombro, graças a Deus ele estava bem. Olhei para Jaques que possuía loucura no olhar. Eu só consegui sentir raiva. Um sorriso sombrio tomou conta do rosto de Jaques.

- Você é a próxima gracinha.

- Não tão rápido. – Bradou Sarah, acertando a mão do rei com uma flecha, fazendo com que ele derrubasse a arma que segurava.

Cega de ódio eu me aproximei do rei louco que tinha sangue nas mãos.

- Você sabe qual a pena de morte para quem porta arma de fogo Jaques.

- Morte, mas duvido que a justiça faça algo. Uma coisa que eu aprendi garota, foi que a justiça é sempre falha e corrupta.

- Então permita que eu incorpore o papel da justiça hoje. Seu reino não merece um rei como você.

- Tenho a certeza que haverá outros como eu.

- Então eu farei a mesma coisa com eles o que farei com você.

Eu corri e saltei, as espadas tiniram e o rei tentava me atacar, seus movimentos eram imprecisos e cheios de ódio. Eu o derrubei e ele sacou a arma novamente. Ele mataria Harry dessa vez, tentei arrancar a arma de sua mão antes que ele conseguisse atirar mas não deu tempo, o estrondo foi ouvido mais uma vez e dessa vez alguém havia sido morto de verdade, ouvi um corpo caindo no chão, um grito e outro estrondo, o homem a minha frente havia se suicidado. Todos os reis estavam mortos, exceto um. Harry se levantou, agora ele era o rei. 


O REINO DAS ESPADASOnde histórias criam vida. Descubra agora