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"...É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de todo amor porque um deles foi infiel..."

(O Pequeno Príncipe)

Acordo em um quarto que não é meu. Minha cabeça gira quando me sento rapidamente. Pouso minha mão em minha testa para fazer o mundo parar de girar tanto. Não estava com meu vestido de casamento. Nem com meu espartilho.

Noto minha camisola branca que vinha até o punho e o roçava o peito dos pés. Observo atentamente onde estava. Parecia um quarto feminino, já que o papel de parece era um fraco lilás, como meu vestido, mas até o meio da parede. A parte de cima era um creme, sem contar com os arabescos floris na parte mais clara em tons mais escuros de roxo.

Havia uma penteadeira no canto com todos os meus pertences. Levanto-me e sigo em direção ao guarda roupa creme também. Minhas roupas estavam aqui, assim como meus sapatos, roupas de baixo e maquiagens. Sem contar com as coisas mais íntimas.

Observo a cama que, há poucos minutos atrás, eu estava deitada. Era um lindo dossel, o entalhamento da madeira era perfeito, as cortinas enroladas nos pilares de sustentação da cama. Os lençóis em seda...

- Gostou?

Dou um pulo de susto ao escutar sua voz rouca e grossa. Ele continuava com seu traje, mas faltavam alguns itens como sua gravata e casaco.

Demoro alguns segundos antes de uma voz fraca e rouca sair de minha garganta. – Sim, Senhor Sforce.

Ele sorri ironicamente ao escutar seu nome. Lança-me um olhar de cima á baixo e tento não me encolher com sua visão.

- Estamos casados é o que parece... Ethan, me chame de Ethan somente.

- Como quiser... - hesito – Ethan. Christina...

- Sim, eu sei seu nome. – respiro fundo. Ele observava meu dormitório, assim como eu há pouco tempo atrás.

- O que aconteceu depois... ? – engulo em seco.

- Você desmaiou. A maioria dos que estavam presentes dizia que era por emoção. Mas nós dois sabemos que não... – ele me lança um olhar desafiador, não contrario o que disse. – Sua bochecha tinha a marca de uma mão. – o comenta como se tivesse comentado sobre o tempo.

Olho para todos os cantos, menos para ele. – Era muito grande para a mão de uma moça, mas perfeita para uma de homem. Pergunto se era de seu pai. Era exatamente do mesmo tamanho da marca quando ele puxou-te violentamente o braço para te acordar.

Ele indica meu braço com o queixo e noto que estava um pouco mais grosso que o outro. Arregaço a manga deste e noto uma pequena bandagem.

- Se eu não interferisse, seu braço não estaria aí em seu belo ombro, mas sim no chão da igreja em que casamos.

Continuo olhando meu antebraço esquerdo e retiro a bandagem lentamente. Vejo a marca da mão de meu pai. Estava roxo.

- Não precisava ter feito isso...

Ele ri. – Oh! Eu precisava, sim. A propósito, seu pai fazia muito isso?

Levanto minha cabeça para encará-lo.

- Não é de sua incumbência. – sibilo.

ERROS DO PASSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora