Prólogo

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 - Mas papa...

Seu pai gira seu corpo para ficar frente a frente. – Eu já disse que não. – sua voz estava ríspida e o cheiro da bebida forte chega a seu nariz. – Agora volte para meu escritório. Não quero que meu filho destrua todos os bens que consegui com meu suor. Vai aprender tudo que eu lhe ensinarei e você sabe que sofrerá muito se não me agradar.

Ethan respira com dificuldade, mas acaba indo para o escritório do pai. Ao passar por ele, recebe um tapa em sua cabeça. Ele se segura para não se encolher, pois na última vez que reagiu ao tapa, seu pai lhe deu mais dois.

Ethan, com seus doze anos de idade, sentou na cadeira em frente a cadeira de couro do pai. Em sua mesa, havia cadernos de anotações das despesas da fábrica e seus lucros. Enquanto o pai não se sentava em sua frente, ele observa como o cômodo estava sujo. O cheiro de tabaco e álcool estava impregnado em todos os móveis.

- Agora, você irá somar todos os lucros e ver se está desfalcando algum valor.

Ethan estremece ao perceber que o pai o deixou sozinho. Depois de uma hora o pai retorna. Ao longe ele nota o choro da mãe, e seu pai estava desalinhado, seus cabelos estavam revoltos e o olhar vidrado. Ele fez mais uma vez.

- E então?

Ethan volta seu olhar para suas anotações. – De acordo com meus cálculos...

Ele fala o valor e o rosto de seu pai estremece de raiva.

- Você errou.

Ethan empalidece e a última coisa que vê antes de sua cabeça bater no chão, é a cara de desgosto de seu pai.

*

Aos vinte e sete anos, sua vida não poderia estar melhor. Bom... Se não contarmos com a pressão do pai para arrumar uma esposa, o resto estava maravilhosamente bem. Cada noite era uma mulher diferente em seus lençóis, as indústrias do pai estavam indo de vento em pompa graças às suas sugestões.

Os três, seu pai, sua mãe e Ethan, retornavam de um baile e pela expressão do rosto de seu pai não foi nada bem.

- Disse para cortejar a Srta Hastings. Ela é rica e seu pai tem uma grande propriedade não muito longe de Londres. Um ótimo lugar para se construir uma de minhas industrias e se criar ovelhas.

Ethan suspira e sorri. – Ela tem uma quinze anos pai. Não vou cortejar uma criança.

- Sua mãe tinha quinze quando nos casamos.

Faço uma careta. – E pelos cálculos você estava com quarenta.

- Idade não interfere nos negócios. O pai dela a vendeu por um dote generoso. Não pude dizer não. – e sorri.

Sua mãe se encolhe e seu pai nota. – O que foi, mulher? Seu pai a vendeu como a rameira que era. Estava louco para se livrar de você. Tive que esperar meses para ver se existia alguma criança em seu ventre.

Os olhos de sua mãe se enchem de lágrimas, e isso foi o estopim para a fúria de Ethan.

- Já chega!

Seu pai lança seu olhar mortal em sua direção. – Como é, garoto? Como ousa erguer a voz para mim? - ele aponta sua pistola para Ethan e ele faz o mesmo. Ele sorri. – Você não teria coragem...

- Ethan, pare. – sua mãe segura seu outro braço.

- Atire! – grita seu pai – Anda!

E ele faz. A bala acerta seu peito. O som assusta o condutor e os cavalos, a carruagem faz uma virada brusca e acaba se chocando com outra. As duas caem em um penhasco. Muitos gritos e baques surdos, até que o silêncio se instala.

Ethan tenta se erguer, mas o corpo de seu pai o impedia. Este respirava com dificuldade.

- Você é patético, Ethan. – a voz fraca dele chega a seus ouvidos. – Acha que me matando vai se livrar de mim? – e ri. Seu sangue o faz engasgar e o silêncio retorna. Ethan estava atordoado ainda, e procura algum sinal de sua mãe. Ela não estava na carruagem, os vidros mostram que ela foi lançada para fora. Ele, com algum esforço, consegue sair. A lua estava cheia e a luz que ela imitia, Ethan conseguiu ver sua mãe estirada em um ângulo estranho no meio do mato. Ele sabia que ela estava morta, mas mesmo com todos os anos em estrema frieza, Ethan ainda chorou ao vê-la morta.

Ao se virar, ele vê a outra carruagem, e logo reconhece o brasão estampado na lateral. Seu coração para, mas insiste a si mesmo que deveria ver se estavam bem. Mas ele vê os danos. Impossível alguém sobreviver a isso.

Ele só rezava por perdão aos Philamp's.

Rezava para que seu amigo, Connor, o perdoasse. 

ERROS DO PASSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora