ERROS DO PASSADO

18

"Saudade é relativo. É uma mera desculpa usada por muitos quando não tiveram a coragem de fazer tudo o que queriam em determinado momento." - Drácula, o romance do Conde.  

Queria poder dizer que depois disso ela melhorou.

Mas não.

Christina não melhorava. Médicos de toda Londres desfilavam pelo quarto e as respostas eram as mesmas:

- Sinto muito senhor, mas não vejo nenhuma melhora.

Eles não sabiam o que fazer. E eu muito menos.

Christina passou de fria e distante comigo para independente de mim. Depois de uma crise forte de tosse, ela estendia sua mão para mim e eu entendia. Ela queria meu conforto. Eu a embalava em meu colo e todas as vezes que sua respiração chiava, eu chorava. Ela não melhorava. E eu estava ótimo.

E isso me consumia.

Me matava, pouco a pouco.

Os criados estavam olhando para mim com pena. Odiava isso. Eles previam a morte, e eu não aceitava isso.

Ela perdia peso na minha frente. Sua cor estava sumindo. A Christina estava indo, e eu não aceitava.

- Christina, olhe para mim.

Preciso balançar um pouco seus ombros para que ela olhasse para mim. Ela quase não me reconheceu. Eu, Ethan Sforce, estava definhando junto com minha esposa.

- Ethan... – ela desliza sua mão por minha barba. Não a fazia a dias... Meus cabelos estavam espetados e sujos. Não tomava banho ou comia. Ficava aqui de plantão.

- Você não vai me deixar... – engulo o ardor em minha garganta – Vai?

Ela analisa meu rosto. Me observa atentamente.

- Oh Ethan... – diz baixinho. Quase um sussurro, um sopro – O que está fazendo com você?

Encosto minha cabeça em sua testa e meu corpo treme. Até que sinto seus dedos magros deslizarem por meu rosto, enxugando minhas lágrimas.

- Se você se for, eu irei com você. Eu... Não vou conseguir ficar aqui sozinho. Você precisa se curar para eu poder provar-lhe que eu a amo e que errei... – ela me silencia com seus dedos tocando meus lábios.

Ela sorri. – Ethan... Não está vendo? Você já está provando.

Balanço a cabeça de um lado para o outro. – Está errada! Eu...Eu...

- Shh. Tudo ficará bem. – ela tosse um pouco. – Tudo ficará bem...

Ela me embala, como se eu estivesse doente. Nos deitamos, ela ao meu lado mexendo em meus cabelos enquanto chorava. Eu nunca chorei tanto em minha vida. Nunca estive tão desesperado como agora.

Meus olhos ficam pesados, e percebo. Não lembrava a última vez que tive uma boa noite de sono. Durmo.

E no dia seguinte, quando acordo assustado, as janelas estavam abertas, o quarto iluminado. E quando não vejo Christina, eu entendo. Grito em meio ás lágrimas. Grito para por voz a dor em meu peito. Grito para tirar a culpa de mim.

- NÃO!

Desço da cama, cego por causa das lágrimas, cego pela dor, cego pela raiva.