"A vida é um livro, e há milhares de páginas que ainda não li."
(Princesa mecânica)
- Você tem que comer! – estava sentada a sua frente, mas a mesa era comprida, quase não nos víamos. Mas sabia reconhecer quando uma pessoa estava com uma carranca horrível. Depois de ser forçada a descer para comer o jantar, tive de me vestir. Mesmo o vestido sendo lindo, não animou meu espírito.
- Não estou com fome... – meu apetite foi embora desde que saí de minha casa. Ou melhor, a casa de meu pai. Ou seja, um dia atrás.
- Como não está com fome? Você desmaiou. Não comeu nada depois disso. Você está fraca, tem que comer. Tome pelo menos uma sopa...
Não sei, mas me enfureço mais ainda. – Por que está se preocupando tanto comigo? Só estou muito cansada para levar colheradas á minha boca. Deixe-me subir até meus aposentos e...
- Não colocarei comida em sua boca como se fosse uma menina. – meu rosto fica escarlate – E em hipótese nenhuma pedirei para um de meus criados a se rebaixarem dessa maneira. Não sairá daqui até terminar tudo que está em seu prato. Fui claro?
- Não pedi para ser alimentada. Mas sim, foi muito claro. – murmuro. Vendo que não tinha escolha, levo poucas colheradas do caldo de galinha que me entregaram. Estava realmente muito bom. Minha garganta estava seca. Bebo alguns goles de água fresca que estava a minha frente. Estava brincando com a comida quando dois homens entram.
- Sei que somos da casa, então nem quis ser apresentado... – um homem alto, não mais alto que Ethan, tinha porte atlético e cabelos castanhos, juntamente com mais um homem de cabelos claros e um pouco mais velho que o primeiro. Deduzia que, pela intimidade, que eram seus amigos.
- Por favor, sentem-se. – o primeiro me encara com curiosidade.
- Está melhor Senhora Sforce? – levo um susto ao lembrar que não usaria mais meu nome de solteira.
- Sim, senhor... – sinto meu rosto esquentar – Não me recordo o seu nome. Desculpe.
Ele solta uma sonora gargalhada. Procuro Ethan com os olhos. Encolho-me com o gelo saindo de Ethan.
- Sou Connor Reginald Philamp... Se me recordo, seu nome é Christina, sim?
- Sim, senhor Philamp.
- Me chame de Connor, assim como eu poderia chamá-la de Christina?
Sorrio timidamente. – Claro Senho... Desculpe. Claro... Connor.
Ele me lança um enorme sorriso, mas Ethan não parece gostar muito. – Pare de jogar charmes para minha esposa, Connor.
Engulo em seco e sinto meu rosto esquentar. Volto minha atenção para meu prato, a fúria crescendo em meu interior.
- Ethan. – o outro homem em questão parece repreender meu marido. – Desculpe-me. Sou Edward Vincent... Só Edward está bom...
- Claro... – sorrio sem graça. Porque Ethan não era assim? Claro. Nenhuns dos dois estavam casados comigo. – Christina Sforce.
- Encantado... – os dois me lançam sorrisos e logo se sentam a mesa.
Ethan me encarava com seu poderoso olhar de gelo.
- Pare de babar, Ethan. Espere até a noite... – sussurra Connor.
Nesse mesmo momento estava bebendo um gole de vinho, só que acabou descendo pelo lado errado. Acabei escutando é claro. Uma sucessão de tosses balançava meu corpo. Os três homens vieram em minha direção para socorrer-me.
Sinto falta de ar. Meu rosto deve estar roxo. Ethan corre até mim e espalma minhas costas. Logo o susto se vai.
Consigo falar um fraco obrigado.
- Pare de assustar minha esposa, Connor. – repreende Ethan.
Este me olha assustado. – Desculpe-me Christina... Foi uma brincadeira sem graça e não irá se repetir.
Sorrio fracamente. – Claro. Não é como se Ethan não me olhasse com sentimentos além do ódio...
Um poderoso silêncio recai sobre a sala. Logo que essas palavras saem de minha boca, arrependo-me. Vejo pelo canto do olho Ethan erguer o braço. Já previ isso antes. Encolho-me e viro meu rosto para direção oposta.
- Desculpe! Desculpe-me! Eu não falei por mal... Eu... – sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto. Pequenos soluços sacodiam meu corpo. O impacto não vem, mas uma respiração pesada se faz do alto de minha cabeça. Era dele com certeza. Não entendendo, volto meu olhar para meu marido, e este estava com um olhar estranho em seus olhos. Surpreendido, talvez? Não tento descobrir.
- Por Deus, Christina... Achou mesmo que ia lhe bater? – não conseguia falar. Mais lágrimas descem.
- Achei... Achei que ia me repreender... – sussurro.
Ele arregala mais os olhos. Connor e Edward estavam do mesmo jeito. Não aguentando mais os olhares dos três, arrasto minha cadeira para trás e saio em disparada ao meu dormitório.
**
Vejo a saia verde de Christina esvoaçar enquanto corria. Estava abalado demais para sair atrás dela.
- Meu Deus, Ethan... Ela apanhava do pai? – Connor parecia abalado.
Engulo em seco. – É o que parece...
- Vocês aos menos conversaram um com o outro? – Ed cruza os braços sobre o peito.
- Sim... Mas não foi a conversa mais agradável que já tive.
Os dois assentem com a cabeça. – Onde foi que você se meteu, Ethan?
- Eu não sei Connor... Eu não sei...
**
Tola, tola, tola!
Caminho rapidamente até meu quarto e, no momento que chego ao aposento, um cansaço cai sob minhas costas. Ofegante, tranco rapidamente a porta e corro até a cama, desabando.
- Idiota. – sussurro para mim mesmo, mas depois me chuto mentalmente. Quem iria escutá-la?
Não queria demostrar fraqueza na frente de Ethan, mas velhos hábitos não morrem. Ainda chorosa, tento soar forte em minha promessa:
- Não vou ser como minha mãe.
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ERROS DO PASSADO
Chick-Lit3° LIVRO DA SÉRIE 'AMOR E GUERRA' PLÁGIO É CRIME! Ethan Sforce tem um casamento um pouco turbulento. Ao ser forçado a se casar com uma mulher estranha para herdar seu título e fazer com que a culpa da morte dos pais seja sanada, sua vida passa a te...