ERROS DO PASSADO

17

"E o amor por acaso é normal?" – Assim como o céu, Julia Quinn

Não escuto ninguém. Não escuto os tons de alerta sobre a chuva, simplesmente pego meu cavalo e corro para minha casa. Não tinha o que pensar, só...

Sentir.

Christina estava doente. Não tinha notado, como não notei?

- Não, não, não... – resmungo. E pela primeira vez, rezei. Rezei e implorei para que Deus escutasse minhas preces.

Minhas roupas ficaram molhadas no instante em que saí para fora. Agora, na metade do caminho, minhas roupas estavam encharcadas e coladas ao corpo. Meu cavalo estava com a respiração pesada como a minha, o ar frio fazia nossa respiração sair como nuvens brancas de nossas bocas. Meu coração parecia ribombar como os trovões no céu.

Não espero o cavalo frear completamente quando chego em casa, só me jogo ao chão, atingindo um joelho, mas corro escadas à cima ignorando a dor.

Criadas com bacias de água quente descem as escadas, outras carregando panos limpos para cima. Um gemido escapa de meus lábios e subo até o quarto.

- Não, não, não...

Subo de dois em dois, alguns criados gritam em protesto, mas ignoro, ignoro todos.

Abro a porta com um estrondo e tento localizar minha Christina. Minha. Mas tinha muita gente em cima, ao redor da cama.

- Saiam! – grito, alguns se voltam para mim assustados, alguns recuam, outros não. Mas foi suficiente para vê-la, e meu coração parou.

Não era a Christina que conhecia que jazia em minha cama. Era uma sombra dela. Ela estava pálida, seus lábios brancos, uma tremedeira incontrolável assolava seu corpo. Mas meu coração morre mesmo quando ela ergue seus olhos para mim.

Dor.

Muita dor.

E eu era o culpado.

Avanço até ela e caio de joelhos ao seu lado. Estremeço pela dor, mas permaneço intacto.

- Christina... – não podia acreditar em meu tom de voz. Era rachada, embargada. Tento alcançar uma de suas mãos, mas ela retira. O movimento foi sutil, mas entendi.

- O que faz aqui? – sua voz estava fraca. Muito fraca.

- Eu... Soube o que estava acontecendo. O que você tem?

Ela tenta rir. - Preocupa-se comigo? – uma sucessão de tosses ataca seu delicado corpo. – O médico veio mais cedo aqui e, bem... Acho que conseguiu o que queria. Estou com suspeita de pneumonia.

- Christina...

Ela me olha feroz. – Não! Você tinha que me dizer! – grita ela, sua voz falhando, lágrimas descendo. – VOCÊ TINHA QUE ME DIZER!

- Senhora... – uma criada tenta impedir Christina, mas afasto-o.

- Saiam! – grito para todos e um a um foram saindo. – Por favor, me escute...

- NÃO! – altera-se ela – O que ganhou com isso? Diga-me! Eu aprendi a ama-lo! Amei você! – ela tenta limpar seu rosto, e sinto em meu rosto as minhas lágrimas – Era só ter falado que eu ia para a casa de campo de minha mãe! Eu deixaria tudo e partiria! Eu só não sabia a extensão do seu ódio por mim... – um soluço escapa de seus lábios, mais lágrimas descem e mais tosses a atacam.