Capítulo 4 PARTE 2

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 Acharam que eu ia demorar muito para postar? hahaha

Boa leitura!

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CAPÍTULO 4 PARTE 2

SAMANTHA

Eu percebo o exato momento em que a realização sobre tudo, derrama-se sobre Miguel e ele me olha horrorizado. E muito puto.

Mas ao voltar seu olhar para Olívia, eu posso ver um sentimento lindo, e ele a abraça.

Sinto meu peito arder.

Era isso que eu queria, reunir pai e filha e depois continuar com a minha vida.

Eu sei que talvez ele nunca vá me perdoar, mas no momento da dor, eu o procurei e fui rejeitada e isso eu não consigo esquecer, sei que o meu orgulho foi besta e só trouxe sofrimento.

Mas agora já estava feito, agora eles estavam reunidos e eu tinha que enfrentar as consequências.

Sinto tia Bela do meu lado.

- Ela parece uma cópia dele. – Eu aceno com a cabeça. – Vocês tem que conversar. – Aceno com a cabeça novamente.

Ela estava certa.

Estava na hora.

Respiro fundo e me encaminho pra mesa deles, Marcelo me olha abobalhado e com um olhar curioso.

- Olha mamãe, meu papai tá aqui! – Olívia diz, sentada no colo do Miguel, cheia de entusiasmo.

Sorrio pra ela, tentando me acalmar por dentro.

- Oli, minha querida, vem me ajudar lá na cozinha, sua mãe precisa conversar com ele. – Tia Bela chamou ela, que logo acenou com a cabeça e virou-se para o Miguel.

- Eu já volto, viu papai? Vai embora não. – E deu um beijo na bochecha dele e desceu do seu colo. Miguel olhava tudo emocionado, e eu me sentia assim também.

Mesmo nervosa, eles eram lindos, juntos.

Miguel olha nossa filha indo com a tia Bela em direção a cozinha e eu podia ver seus olhos emocionados, se transformarem em puro ódio quando se voltaram pra mim.

- Eu vou deixar vocês, a sós. – Disse Marcelo, se levantando, e eu aproveito pra tomar o assento dele e encaro Miguel.

- E então, como você me explica isso, Samantha?

- Olívia é sua filha... – Começo, mas ele logo me interrompe.

- Isso eu sei, isso eu já notei, mas, como eu não soube antes? Porque você me escondeu ela? Eu nunca pensei que você fosse tão fria e sem coração de merda, pra isso. – Ele apontou.

Fria? Sem coração?

- Eu liguei pra você! Eu procurei você! – Apontei para ele também.

- Como? Porque eu lembraria de ter recebido uma ligação me avisando de uma filha!

- Eu liguei sim, e quem me atendeu foi uma das suas tantas mulheres do caralho. – Olhei pra ele, cheia de mágoa ainda em mim. – Uma delas atendeu e disse que você não queria saber de nada disso, que vocês iriam se casar e teriam filhos. Como você acha que eu me senti?

- Não importa! Devia ter insistido!

- É? Mesmo? Quando o pai da minha filha tinha me trocado facilmente por uma das suas conquistas? Quando eu era nova e grávida e sendo rejeitada? Você acha que isso não criaria um trauma em alguém? Não podia imaginar minha filha sendo rejeitada, e ainda não posso e não vou!

- Você acha mesmo que eu rejeitaria a Olívia? É esse o tão pouco que você lembra de mim?

De repente, me senti mal também. Miguel nunca rejeitaria ela, ele já olhava pra ela com admiração.

- Eu sei que não, Miguel.

Ele bebe um pouco da água que estava em cima da mesa e olha pra fora, antes de voltar seu olhar para mim.

- Sabe, Samantha, todos esses anos, eu me perguntava o que eu tinha feito tanto de errado pra você sair daquele jeito da minha vida, e agora, eu vejo que você que fez tudo de errado. Eu me culpei, sendo que a culpada é você.

Balancei a cabeça.

- O passado é o que ele exatamente é, passado. Não quero pensar nisso, porque nada do que ouve vai ajudar agora, devemos lembrar que o nosso passado trouxe Olívia, e só. Quero me focar nisso, na nossa filha.


MIGUEL

Nossa filha.

As palavras batiam em mim como um soco no peito.

Nossa filha.

Eu tinha uma filha, com a mulher que eu idolatrei por anos, a mulher que rasgou meu coração em pedaços e me deu um presente que eu esperava fazia tempos!

Quando eu conheci a Sam, eu namorava muito. Sempre a procura daquela que fosse a única, que me arruinasse para todas outras.

E ai, eu conheci ela.

Com suas curvas exuberantes, lábios carnudos, muita pose e cheia de atitude. Meu anjo.

Ela me considerava um mulherengo, mas ela não sabia que tudo o que eu procurava, era alguém, como ela.

E da nossa única noite, tivemos Olívia. Uma garotinha que eu aprendi amar no minuto em que ela perguntou se eu era o pai dela e eu olhei para Samantha, confirmando.

E aqui estávamos, eu e aquela que eu pensava que era a mulher da minha vida, discutindo e cheios de mágoa.

Ela disse que não queria debater sobre o passado, mas sem o passado, como iremos conviver pra criar nossa filha?

Uma filha...

Meu Deus, como eu explicaria isso para Bruna?

- Antes de qualquer coisa, quero dizer que a partir de agora eu vou participar ativamente da vida da Olívia.

- Era o que eu pensava... – Samantha começou mas eu a cortei.

- A partir de hoje, agora. – Ela me encara surpresa. – Eu quero conhecer ela melhor e introduzir ela na minha vida. Quero que ela conheça minha noiva.

Samantha estremece.

Bom.

Será que é errado, eu me sentir bem com a pequena dor que eu sei que ela está sentindo?

- Noiva?

- Sim, a Bruna e eu sei que ela vai adorar conhecer a minha filha.

Vejo ela engolir com força e depois acenar.

- Claro. – Ela se prepara para levantar.

Eu seguro seu pulso e um choque percorre o meu corpo assim que encosto nela, e aposto que ela também sentiu isso.

Eu lembro na primeira vez que havia tocado nela e isso havia acontecido, e eu sabia ali, que ela era para sempre.

Eu engulo em seco antes de focar o olhar nela, que me olha com cuidado.

- Eu vou ver a Olívia mais tarde. – E com isso eu me levanto, saindo imediatamente de lá.

Agora eu já sabia muito bem quem era minha vizinha misteriosa. Como eu fui tão idiota?

Eu precisava de ar.

Precisava pensar na grande reviravolta do caralho que a minha vida tinha dado.

- O que você pensa em fazer agora? – A voz do meu irmão chega aos meus ouvidos, e eu reparo que estamos parados no meio da calçada.

Eu tinha me curvado para frente e apoiado as mãos nos joelhos como se tivessem corrido uma maratona e precisasse de fôlego.

E naquela hora, tudo o que eu conseguia pensar de resposta era...

- Comprar algo para a minha filha.

AMOR SEM MEDIDAS (SEM MEDIDAS #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora