Capítulo 11

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MIGUEL

Eu encarava os móveis e os porta-retratos da sala, delas duas ali juntas e tudo o que eu podia pensar, era que eu poderia estar ali, no meio das duas.

Poderíamos ser uma família.

Como tudo deu tudo tão errado? Como um simples amor platônico, virou toda essa confusão? Como nós dois acabamos tão magoados e sem conseguir seguir em frente direito?

Tudo o que eu conseguia pensar, era nela e no quanto eu a queria e sentia falta dela. Sendo que só a tive nos meus braços uma vez, e foi preciso só uma vez, para que tivéssemos a melhor coisa da minha vida.

O beijo que trocamos dias atrás, não era nada em comparação ao que eu realmente queria fazer com ela, o quanto eu queria tocar no seu corpo e segurar ela para que nunca mais saísse do meu lado.

Queria poder acordar com ela do meu lado e poder dar bom dia para minha filha dentro de casa.

Queria tantas coisas...

Passo as mãos pelos cabelos, quando a minha intenção era quase arrancar fio por fio. Eu tinha que resolver essa confusão.

Esquecer o passado e focar apenas no futuro que eu queria com elas, e para isso, eu tinha que terminar com a Bruna.

A Bruna que naquele tempo todo, ficou do meu lado mas ainda assim, nosso relacionamento não era mais o mesmo. Eu poderia até dar a razão a ela e dizer que desde que a Sam voltou, tudo estava diferente, mas tudo sempre esteve diferente.

A sombra da Samantha, sempre pairou sobre nossa relação, desde o começo dela.

Eu poderia estar sendo um canalha, um homem horrível com ela, mas não podia levar isso mais a frente. E ainda mais agora, que ela andava cismada, e um pouco neurótica, sempre ligando e cobrando e gritando demais.

Ela não era assim quando eu a conheci, e eu não queria que a nossa amizade, se transformasse nessa loucura.

Eu estava já tomando minha decisão final, quando meu celular começa a tocar e eu vejo o nome dela ali a tela, penso que não da mais para adiar isso.

- Bruna?

- Oi meu amor, olha eu estou aqui no trabalho, mas já chego em casa tá?

- Tudo bem.

- O que aconteceu? Sua voz está estranha...

- Nada, eu estou aqui na Samantha e...

- O que você está fazendo ai? Por que parece que você sempre está ai agora? Eu não estou aguentando mais isso, essa mulher parece que tem você sempre que quer.

Ela tem, mas não é desse jeito.

- Não é bem assim, Bruna. Eu vim aqui tomar conta da minha filha e a Samantha nem está aqui. Você nem me deixou terminar e começou já a criticar tudo.

- Me desculpa amor, mas sabe como é...

- Não, eu não sei e para falar a verdade, nós temos que conversar, sério.

- Conversar? O que? Eu não estou gostando desse tom de voz, Miguel.

- Quando você chegar em casa, conversamos, Bruna.

E desliguei.

Agora, eu não podia esperar o suficiente para que ela chegasse logo em casa, e resolver logo tudo isso.

Quando a campainha tocou, eu pensei que o encontro tinha sido horrível e que a Samantha já estava de volta, mas era a Flávia com a minha pequena.

- PAPAI!!!- Olivia veio correndo em minha direção, me abraçando tão apertado, que eu só conseguia retribuir com todo o amor que eu guardava dentro de mim para ela.

- Oi meu anjo, como foi na casa do seus tios?

- Papai, foi tão lega, a gente lanchou, foi no parque... – Enquanto ela me contava os detalhes do dia dela com aquela vozinha de criança, eu só podia pensar na quantidade de doce que o maluco do meu irmão ou a Flávia, devem ter dado para essa crianças.

Quando a Olívia para de falar, ela arrasta o primo para sua torre de brinquedos do quarto, e eu só posso imaginar a cara do Heitor quando visse aquela quantidade enorme de bonecas que ela tinha.

- Muito obrigado por tomar conta dela hoje, Flávia. – Digo, enquanto dava um abraço na minha cunhada.

Flávia era a melhor amiga da Samantha, mas antes disso, era a mulher que entrou na vida do meu irmão e deu um jeito naquele idiota.

- Que nada, Miguel. Você sabe que eu amo a Oli, ela é um doce de menina.

- Você quer alguma coisa? Água? Refrigerante?

- Eu aceito um copo de água sim, enquanto dou mais uns minutinhos para eles brincarem, é uma sorte que eles brincam mais do que brigam.

- Sim, é mesmo... – Eu digo enquanto entrego a ela o copo.

Ela me avalia.

- Então, o que está acontecendo? E nem adianta mentir para mim, porque eu conheço você e o seu irmão, e vocês são péssimos em disfarçar qualquer coisa.

Eu suspiro.

Ok, bem.

- Eu vou terminar com a Bruna.

Flávia abre um sorriso que seria até meio estranho, ou engraçado se eu não estivesse com a mente tão ocupada de problemas para resolver.

- Finalmente! – Ela juntas as mãos no colo e me olha seriamente. – Eu não tenho nada contra a Bruna, mas ela sempre me pareceu meio forçada, tirando o fato de que nós sabemos que não é ela que você realmente gosta, né, Miguel?

Dou um sorriso triste.

- Está tão na cara assim?

- Acho que só vocês dois que não notaram. – Ela encosta no sofá. – Olha, eu dei força para a Samantha sair hoje a noite, mas é porque achei que ela tinha que seguir em frente, já que vocês não se resolvem, e acabei dando força para isso, mas eu penso que você está terminando com a Bruna para...

- Ficar com a Samantha. – Eu completei.

Ela sorriu para mim.

- E aí? Tem alguma ideia de como?

- Na verdade, eu só pensava em terminar com a Bruna e ver como iria tudo, com o tempo e... – Ela me interrompe.

- Nada disso Miguel, vocês dois com essa de tempo, simplesmente não a, enrolam demais. Está na hora de darmos um jeito nisso.

Eu confiei na Flávia para que me ajudasse.

Eu iria reconquistar a Samantha, e dessa vez seria para sempre.

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AMOR SEM MEDIDAS (SEM MEDIDAS #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora