3 ANOS DEPOIS
Samantha
Eu finalmente estava de volta ao Rio de Janeiro.
Estava com uma saudade imensa da minha cidade, da minha cultura, da minha tia, da minha melhor amiga, enfim, de tudo.Eu sei que não deveria ter me mantido tão distante de tudo e todos, talvez, se as coisas tivessem sido diferentes, se as pessoas fossem diferentes...
Mas agora, não tinha espaço para lamentação! Eu era uma nova mulher, eu não vivia somente para mim agora, eu tinha outra pessoa que dependia de mim, e essa outra pessoa, era o meu mundo inteiro.
- Mamãe, aqui é tudo tão lindo! – Minha pequena diz. Olho para baixo e vejo os olhinhos de Olivia me encarando.
Ela era tão linda e tão... ele.
Seu cabelo era dourado assim como o pai, os olhos eram meus, mas o jeito alegre e espontâneo...
As vezes, eu olhava pra ela e não entendia como ele podia não querer conhecer tudo isso, conhecer ela.Ainda lembro, quando eu liguei para ele e a sua namorada, havia atendido.
"3 anos atrás
- Alô? – Eu seguro o telefone com força. Estava nervosa.
- Quem é? – É uma voz fina e feminina atende. Minha bile sobe.
Ele já tinha outra? Tão rápido assim?
Mas eu não podia pensar nos meus sentimentos agora, não quando havia outra pessoa em jogo.
Respiro fundo e continuo.
- Eu poderia falar com o Miguel?
- Ele não está, e provavelmente, ele nem quer saber de você. – A voz fina estala.
Eu não precisava dessa merda agora!
Eu não podia ficar nessa sozinha, eu não estava pronta e...
- Você não entende, é importante, eu estou...
- Não me interessa o que você está, querida. – Eu já começava a odiar a voz dessa mulher. – Ele está comigo, vamos nos casar e eu estou grávida dele. Tenho certeza que você deve ser um dos casinhos dele, então querida, não o procure mais, porque ele está super feliz comigo e com o nosso bebê. – E desligou na minha cara.
Eu podia sentir meu coração e meu rosto se partindo em mil pedaços.
Coloquei a mão na minha barriga.
E agora? O que eu faço?"As lembranças me faziam chorar, mas agora não, agora eu me sentia mais fortalecida e eu sentia que podia vencer qualquer coisa.
Minha filha, minha pequena e doce Liv, merece uma família, merece saber quem é o pai dela. Eu sempre mostrei fotos e tudo mais, porque não achava certo, esconder isso dela. Mas é porque, eu pensava que nunca voltaria para cá.
Olívia que pediu. Olívia que chorou pedindo para conhecer o pai, e como eu, a mão que ama o chão que ela pisa, negaria isso a ela? Logo, ela faria quatro anos e eu podia sentir Miguel perdendo mais um ano da vida dela.
- Mamãe! Mamãe! Eu estou tão animada! – Ela diz com aquela vozinha de neném e pula de um lado para o outro. Eu só posso rir com isso.
- Sim, meu amor, eu posso ver isso. – Acaricio sua cabeça. – Vamos, Liv, eu vou te levar pra conhecer alguém muito especial.
E a puxei em direção ao táxi.
Era bom estar em casa.
*
Quando o taxi nos deixa em frente a padaria da Dona Bela, meu peito aperta de saudades.
Minha tia e eu nos correspondíamos por cartas, conversávamos pelo telefone e apresentei Olívia para ela, via Skype. Ela não sabia que eu estava voltando e eu estava animada pra fazer essa surpresa para ela.Desci do táxi com uma Olívia animada no colo, o taxista me ajudou e trouxe as malas para perto de mim. Agradeci e paguei a corrida, coloquei Olívia no chão e peguei as malas e ela botou sua mochilinha nas costas.
Acho que nunca pararia de encarar minha filha.
- Pronta pra conhecer uma das pessoas importantes para a mamãe? – Dou um aperto na sua mão pequena.
- Claro mamãe. – Ela sorri pra mim e me sinto mais calma, mais feliz até.
- Ok, vamos lá.
Quando entramos, o cheiro de pão doce me envolve e me vejo cercada pelos clientes e alguns gritando seu pedido, e os atendentes indo e vindo.
Era como o cheirinho de casa.
Ai, ouvi a voz dela.
- A senhorita poderia fazer o favor de sair da passage... – Me viro e dou de cara com tia Bela que me olha com espanto e deixa a colher de pau que ela sempre segura, cair. – MINHA NOSSA SENHORA!
Seus olhos me encaram, como se fosse um fantasma, e logo, seu olhar se volta para baixo e eu sei o que ela procura.
Ela olha para Olívia maravilhada e me devolve o olhar, com os olhos marejados, assim como os meus.
Logo, ela abre os braços e tudo o que eu posso fazer, é estar neles.
Como era bom estar em casa.
MIGUEL
Hoje faz três anos e dez meses desde a última vez que eu a vi.
No começo, eu me transformei em um maluco, enchi o saco da Flávia e do meu irmão com perguntas dela, procurei sua tia, procurei todos relacionados a ela, mas ninguém sabia me dizer.
Porque ela tinha ido assim? Depois da noite que eu pensei que teria mudado nossas vidas. Porque porra, a minha mudou.
"- Eu vou ser sua, hoje, Miguel. Somente hoje. – Ela sussurrou no meu ouvido, enquanto eu estava mais concentrada em morder e beijar cada pedacinho do pescoço dela."
Eu deveria ter acreditado.
Mas eu estava eufórico para caralho, pra isso.
Eu tinha ali, ela nos meus braços e não queria saber mais de nada.
Mas depois disso, ela me ignorou, me tratou com indiferença e depois sumiu. Não deu tempo de me planejar, de pensar, de fazer nada!
E agora, quase quatro anos depois de tudo, eu ainda penso nela, porque eu sou a droga de um otário.
Ela nem quis saber de mim, porque eu iria querer saber dela?
Ela deveria estar casada, feliz, com filhos e...
Aperto o copo na minha mão com força. Eu não conseguia e não queria pensar nela com outro. Filhos de outro.
Eu não deveria pensar nela.
Ela não merecia mais porra nenhum dos meus pensamentos. Nem um pouco.
Tomo o resto da minha bebida e deposito o copo no balcão.
- Vamos querido? – Braços femininos deslizam pelo meu peito. Me viro e vejo Bruna ali, e sorrio.
Bruna era minha noiva.
Loira, alta, com as curvas certas em certas partes do corpo. Uma delícia e ainda por cima bem animada.
Eu conheci a Bruna quando eu ainda estava sofrendo pela perda tão repentina da Samantha. Ela foi uma grande amiga, ombro amigo e me ajudou em vários momentos.
Um dia, do nada, ela confessou seus sentimentos por mim e eu vi ali, uma chance de ser feliz, com alguém que realmente gostava de mim.
E eu peguei essa chance.
Afinal, o que existia pra me impedir de seguir minha felicidade com ela?
Nada.
Não mais.
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AMOR SEM MEDIDAS (SEM MEDIDAS #2)
RomansaSegundo livro da duologia SEM MEDIDAS. SINOPSE: Samantha sempre foi a amiga que dava conselhos, a desapegada, a que tinha horror a compromisso sério, desde alguns erros no passado. Sua melhor amiga namorava o irmão do homem que ela mais odiava nessa...