Capítulo 12

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*CINCO MESES DEPOIS*

— Querida, desça logo. — Mamãe gritou da sala. — Vamos nos atrasar.
Dei mais uma checada no espelho enquanto colocava o bracelete prata que Martin me dera. E então desci.
— Olha só pra ela! — Meu pai exclamou ao me ver descendo as escadas. — Você está linda.
— Obrigada, pai. — Desci com cuidado o último degrau.
Eu usava um vestido longo azul royal, com uma fenda na coxa direita até o pé, ele também tinha no decote uma tira cruzada que formava um x. Uma sandália alta da cor prata para combinar com o bracelete. Os cabelos eu joguei para o lado, com cachos perfeitos e ondulados, feitos com o dedo.

Papai parou o carro na frente do salão para descermos e então ele estacionou. A festa de formatura já estava cheia, os alunos formandos circulavam por todo o espaço, junto de suas famílias e amigos. Ao andarmos um pouco até o centro do salão, encontramos Martin sentado à mesa com seu pai e sua irmã. Ele se levantou ao me ver. Estava impecável. Vestia um smoking preto, camisa branca, gravata borboleta preta, sapato oxford preto de verniz. Seus cabelos estavam penteados para trás.
— Meu bem, você está linda. — Ele me deu um beijo.
Meu pai e minha mãe cumprimentaram o Sr. Oswaldo, eles já haviam se conhecido em um dos almoços familiares que a mãe de Martin inventava. Em seguida eu também o cumprimentei. Sorri para Maria, que virou o olho pra mim, ela não ia com a minha cara, tinha certeza disso. Mas se dava bem com Patrick, pelo menos.
Sentamos todos na mesma mesa.
— Onde está sua mãe? — Minha mãe perguntou.
— Ah, está por aí resolvendo problemas. — Ele sorriu e sacudiu a cabeça. — Ela disse que tinha pessoas para cuidar de tudo e que ela ficaria conosco. Mas pelo visto não conseguiu ficar quieta. — Rimos.

As aulas já haviam acabado tinha uns dois meses e meio, mas a festa de formatura tinha sido marcada só para o começo do ano seguinte, ideia da diretora Lúcia.
Alguns minutos depois Marco e Bea chegaram com Petterson e seu pai. Eles sentaram em uma mesa ao nosso lado, então dava para conversarmos.
Depois do jantar, a Senhorita Ellen, secretária da escola, nos chamou para tomar nossos lugares atrás do palco, pois começaria em poucos minutos a cerimônia.
Fizemos uma fila na ordem em que seríamos chamados para serem entregues nossos certificados. Eram cerca de 75 alunos, todas as três turmas do terceiro ano estavam reunidas, inclusive a de Mag.
A diretora Lúcia deu um discurso belíssimo, nos elogiando e incentivando para o nosso futuro. Depois disso, ela chamou um por um para fazer a entrega do certificado.
Foi um momento mágico, cada aluno que subia no palco para pegar o diploma, tirava uma foto com a diretora, as meninas ganhavam um buquê de flores e os meninos uma gravata.

— Você vai mesmo? — Martin perguntou.
Estava me ajeitando para ir embora. A festa já havia acabado.
— Vou. — Sorri.
— Ótimo. — Ele suspirou. — Já já estou indo pra casa. Te busco em uma hora.
Martin e Bea tiveram a ideia de fazermos um luau na praia. Na semana fiquei na dúvida se iria ou não, mas decidi ir. Seria legal passarmos a noite na praia, cantando, conversando e rindo bastante. Iríamos eu, Martin, Bea, Petterson, Marco e Kevin.
Meus pais ficaram um pouco desconfortável em saber que eu passaria a noite na praia, mas não me impediram de ir.
Ultimamente eles estavam bem rigorosos, não podia sair sozinha e tinha horário pra voltar. Engraçado, antes eles eram mais liberais, depois que fiz dezoito anos eles passaram a ser bem mais controladores. Não entendia.
Cheguei em casa, troquei de roupa. Vesti moletom já que na praia à noite fazia frio.

Martin chegou. Ele entrou. Meu pai disse uma série de coisas que podíamos ou não fazer. Foi até engraçado.
— Querida, não volte muito tarde amanhã. — Minha mãe disse da porta. — Temos almoço na casa de Martin e você precisa descansar antes de ir.
Passamos na casa de Kevin e depois encontramos Bea e o restante do pessoal no centro da cidade. Pegamos a estrada. Levamos cerca de duas horas e meia pra chegarmos no litoral. Já eram 00:30.
Fizemos uma fogueira e sentamos em volta dela. Martin pegou o violão e Bea cantou. Estava um clima bem agradável. Havia alguns grupos de pessoas afastados ali também.
— Pessoal, tive uma ideia. — Bea disse, empolgada. — Um por um vai contar um coisa bem cabeluda que já fez. Pode ser real ou não. Só não pode falar, tem que ficar no ar.
— Opa. — Petterson disse. — Gostei.
— Então começa. — Marco disse.
— E-eu? — Petterson titubeou.
— Sim. — Dissemos todos em coro.
Ele nos encarou por um bom tempo, com cara de súplica. E por fim falou.
— Já roubei 2 mil reais do cofre do meu pai.
Todos abriram a boca. Eu já sabia disso. Mas também fiz cara de surpresa pra não perceberem se era verdade ou não.
Foi a vez de Marco.
— Saí por três meses com uma senhora de setenta e cinco anos.
Todos caíram na gargalhada. Era óbvio que aquilo era mentira. Ou não.
— Já fiz côco na piscina da minha vó. — Kevin disse.
— Deixou o amiguinho boiando ou não? — Marco disse, caindo na gargalhada.
— Já transei com uma garota. — Bea disse.
— Ei, ei. — Martin disse. — Isso com certeza é mentira. Porque você me contaria. Né?
Bea levantou as sobrancelhas e deu uma gargalhada. Martin ficou de boca aberta. Rimos muito.
Era a minha vez.
— Já me masturbei com uma escova de dente.
Todos se olharam, se perguntavam se era verdade ou não. Claro que não era, mas deixei pensarem que sim. Afinal, essa era a intenção da brincadeira. Depois iria esclarecer.
Martin ficou por último.
— Já matei um cara.
Todos riram.
— Nossa, Martin. — Kevin disse. — Podia melhorar hein.
— Também acho. — Bea riu. — É óbvio que isso é mentira, né.
Eu já não tinha tanta certeza, Martin não parecia mentir. Seus olhos ficaram distantes e seu rosto apresentava tensão. Talvez fizera isso pra realmente acharmos que era verdade, mas com o restante do pessoal não colou.

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