Capítulo 22

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Estava numa agoniante indecisão. Minha mente concordava com Petterson e me pedia para esperar, já meu coração, ansiava pela presença de Martin, me implorava para procurá-lo e tentar uma reaproximação.
Era uma guerra dura entre minha mente e meu coração. Sempre procurei agir racionalmente, mas eu simplesmente não conseguia quando se tratava de Martin.
Troquei de roupa e pedi para que Ezequiel me levasse até o apartamento de Martin.

Já era bem tarde, mas seu Tobias ainda estava na portaria. Estava sentado atrás do balcão lendo um livro. Quando me viu, foi apressado e sorridente liberar a passagem pra mim.
- Senhorita, boa noite. - Ele sorriu.
- Boa noite, senhor Tobias. - Retribuí o sorriso.
O sorriso largo em seu rosto logo sumiu, deu lugar a preocupação.
- Ainda bem que a senhorita chegou, senhor Martin passou por aqui há poucos minutos. Não me parecia bem.
Suspirei.
- Eu posso imaginar.

Eu tinha as chaves, poderia apenas entrar, mas preferi tocar a campainha.
Ele demorou um pouco pra atender. Quando abriu a porta pude entender o porquê: estava tomando banho e viera me atender enrolado na toalha.
Ele me encarou tão sério e impassivo que meus ossos doeram.
- Não acha que está tarde?
- Não vai me deixar entrar? - Levantei as sobrancelhas.
- Olha, Allysson. Eu tô cansado pra brigar com você hoje. Volte amanhã.
Ele fechou a porta, mas coloquei minha mão, impedindo que se fechasse por inteiro.
- Eu não quero brigar. Só quero ficar perto de você.
Ele virou o olho e me puxou, sem violência, pra dentro.
- Você é maluca!
- É o que dizem. - Sorri.
- Me expulsou da casa de Petterson e agora vem atrás de mim.
- Posso dizer que revi minhas atitudes e vim me desculpar.
Ele balançou a cabeça e foi caminhando lentamente até a cozinha. Abriu a geladeira e pegou uma garrafa de água.
- Está com fome? Comprei morango e chantilly hoje.
Ele odiava morango e chantilly, só comprava porque que eu amava. Ele sabia que eu iria procurá-lo.
Felizmente, não conseguia mais enxergar a raiva em seu olhar. Talvez tenha ficado com medo de me perder, tanto quanto eu fiquei de perdê-lo.
- Estou.

Estávamos sentados no sofá, eu comia os morangos com chantilly e ele me observava sem dizer nada.
Estava feliz, pois vi em seu olhar o amor que sempre enxergava quando estava diante dele. Era suficiente pra tirar a ideia da minha cabeça de que ele ainda era apaixonado por Tiffany.

- Preciso deitar, estou exausto. Vem comigo?
- Claro. - Eu disse.
Eu tinha diversos pijamas e camisolas em sua casa que ele havia comprado pra mim, mas insistiu que eu vestisse apenas minha cueca feminina e uma de suas blusas.
- É pra relembrar o primeiro dia que dormiu comigo, na minha mãe. Ainda nem éramos namorados.
Sorri. Meus olhos brilharam.

Quando deitamos, ele me abraçou tão forte que não pude evitar que uma lágrima descesse dos meus olhos.
- Desculpa por te fazer sofrer tanto. Eu não mereço você. - Ele disse, quase sussurrando.
Joguei minha cabeça para trás para poder encará-lo, foi quando percebi que ele também chorava.
- Eu te amo. - Limpei suas lágrimas. - Vamos passar pelo que for, juntos!
Ele beijou minha testa. Deitei em seu peito e adormeci.

Os fechos de luz invadiram timidamente as brechas da cortina do quarto. Abri meus olhos lentamente e ainda podia sentir o calor do meu namorado junto à mim. Ele era ainda mais sexy quando dormia.
Levantei minha cabeça para o observar dormir. Era tão maravilhoso vê-lo vulnerável à mim. Dormia como se não houvesse nenhum problema, nenhuma preocupação nos rondando. Poderia congelar o tempo naquela cena, eu não me cansaria daquele momento.

Levantei devagar para não despertá-lo.
Lavei meu rosto e fui até a cozinha preparar um café para nós. Como não tinha um bom dote culinário, fui no mais simples: biscoitos com geleia de amora e suco de abacaxi.
O celular de Martin tocou na bancada da cozinha quando eu passava geleia no biscoito. Olhei para ver quem era, mas o número era desconhecido. Pensei em atender, mas não me senti no direito.
Depois de terminar de preparar o café, fui até o quarto para acordá-lo, mas já o encontrei em pé ao lado da cama se espreguiçando.
— Bom dia. — Eu disse da porta.
Ele sorriu para mim, meu corpo todo amoleceu. Eu nunca me acostumaria olhar para ele e não perder o ar.

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