Capítulo 20

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Decidimos ir embora pela manhã. Eu estava muito abalada e não aguentaria mais ficar lá.
— Por favor, não conte nada aos meus pais. — Pedi.
Ele me olhou como se eu pedisse algo impossível.
Já estávamos dentro do carro, prontos para seguir viagem.
— Desculpa, Ally. Mas não posso fazer isso. Eles precisam saber.
— Não precisam. — Contestei. — Minha mãe vai ficar histérica e meu pai preocupado à toa.
— Ally, à toa? Você quase foi estuprada e de repente o cara que estuprou sua mãe aparece pra te salvar.
— Eu sei, mas não quero que eles saibam. Eles não poderão fazer nada pra mudar isso.
— Tudo bem, Ally. É você quem sabe. — Ele ligou o carro. — Mas achei isso tudo muito estranho.

Não respondi, mas ele tinha razão, fora tudo muito esquisito. Foi questão de poucos minutos para Martin sair pra pegar uma bebida e chegar o homem nojento em cima de mim. E quando estávamos na cabine, eu gritei incansavelmente, mas ninguém ouviu. E depois o estuprador da minha mãe apareceu, deu dois socos no homem, sem transparecer nenhum tipo de reação ou sentimento. Me encarou por um tempo e foi embora, sem dizer uma palavra.
Será que aquilo tudo foi armado por ele? Ele provavelmente estava me seguindo, pois como imaginaria onde eu estava? Não pode ter sido só uma coincidência. Talvez ele tenha armado isso tudo pra ter mais um trunfo na mão para poder chantagear meus pais. Mais um motivo para eu não contar à eles, tinha que esperar pra saber se ele entraria em contato com eles pra fazer ameaças sobre o ocorrido.

Martin me deixou na casa de Petterson e foi embora. Ele ficara chateado por eu ter optado não contar aos meus pais o que aconteceu. Entendia seus motivos, mas ele tinha que respeitar os meus.
— Oi. — Ele veio na minha direção quando entrei em seu quarto. — Chegou cedo.
Sorri e retribuí o abraço que me dera.
— É. Martin teve um projeto de última hora na faculdade.
Odiava mentir pro meu amigo, mas não queria contá-lo nada naquele momento.
— Parece cansada. — Ele me analisou. — Papai está aí e vai preparar um almoço pra nós. Depois você descansa.
Assenti.

Fui para o quarto onde eu dormia e arrumei minhas coisas. Depois sentei na cama e liguei para meus pais, avisando que havia voltado.
— Pensei que ficaria mais um pouco. — Minha mãe disse.
— Martin teve um imprevisto.
— Mas seu pai acabou de me ligar, disse que Martin estava até agora pouco em seu escritório.
— Fazendo o quê? — Perguntei.
— Conversando, oras! — Ela exclamou. — Está tudo bem, querida? Você me parece um pouco nervosa.
— Está tudo bem, mãe. Só estou um pouco cansada. Preciso desligar. Beijos.

Eu pedi para que Martin não contasse nada aos meus pais, e a primeira coisa que ele faz é correr para o escritório do papai. Com certeza conversaram sobre o ocorrido.
Liguei para ele.
— Oi. — Ele atendeu.
— Martin, o que estava fazendo no escritório do papai? — Fui bem direta.
— Ah, também cheguei em casa bem, obrigada. — Ele ironizou. — Precisava resolver algumas coisas com ele.
— Que coisas, Martin? Eu te pedi para que não contasse nada à ele. Não acredito que me contrariou.
— Se não se lembra, seu pai também é advogado da banda. Tinha assuntos à tratar com ele. — Pude ouvir sua respiração raivosa do outro lado da linha. — Para de achar que tudo que faço envolve você, também tenho meus problemas para serem resolvidos.
Suas palavras me causaram dor. Não soube o que responder, apenas desliguei.
Martin foi arrogante, raramente falava comigo daquela forma. Ele deveria ser paciente e entender que eu estava nervosa em pensar na hipótese de meus pais descobrirem o que acontecera na noite passada.
Ele não falou uma coisa tão absurda, mas pra quem sempre fora carinhoso, atencioso e paciente,era de se estranhar por soltar uma grosseria.

Preferi não elevar meu pensamento ainda mais sobre aquela situação. Peguei algumas de minhas revistas odontológicas e comecei a estudar. Como só começaria minha faculdade no ano seguinte, aproveitava o tempo disponível para estudar com revistas que ganhei em uma palestra de aptidão que eu fora.

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