Capítulo 28

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— Querida. — Mamãe me abraçou quando cheguei. — Eu vi os shows pela TV. Foi um arraso.
— Hum. Olha só, dona Ana acompanhando show de rock. — Gargalhei.
— Boba. — Ela me deu um tapinha nas costas. — Não podia deixar de ver a banda do meu genro radiando em outro estado.
Ela me observou.
— Hum. Estou vendo que está coradinha.
— Ah, tomei um sol naquela praia maravilhosa.

Subi para o meu quarto e dormi um pouco.
Mamãe me acordou na hora do almoço.
— E então, querida, como foi os shows?
— Ah, papai. Um melhor que o outro.
— Martin passou no meu escritório mais cedo. Ele está super empolgado. Pois a banda agora recebeu uma divulgação nacional. E alguns fãs e críticos já estão comentando sobre a qualidade da banda.
— Isso é ótimo. Só trará coisas boas para eles. — Eu disse.

Como Martin faltou dois dias de faculdade, teve que ficar em horário integral naquele sexta, para poder compensar.
Ele passou na minha casa quando chegou. Jantou conosco.
Mamãe disse para ele dormir lá, mas ele disse que já tinha dito sim ao pedido de Maria para que ele dormisse em sua mãe. Fiquei feliz.
Na semana anterior, fomos almoçar com seu pai, sr. Oswaldo. Ele não estava tão bem e radiante como Lúcia, mas estava conformado e lidando bem com a situação.
Ele estava morando em um apartamento no centro da cidade, onde facilitaria sua locomoção para seu trabalho, ele era bancário.

Acordei na manhã de sábado com Patrick sacudindo meu pé.
— Ally, Ally. — Ele me chamava.
— O que foi? — Me levantei. — Aconteceu alguma coisa?
— Não. — Ele me olhou com seu olhar inocente. — Você podia me levar no shopping? Faz tempo que eu não vou.
— Ah, Patrick. Você me assustou. Pensei que tinha acontecido algo.
— Desculpa. — Ele abaixou a cabeça.
— Tudo bem. Nós vamos ao shopping.
Ele pediu para levar Clarinha, sua amiguinha. Concordei.
Minha mãe disse para esperar meu pai chegar e pegar o cartão de crédito dele. Adorei a ideia.
Chamei-a para ir. Mas ela disse que precisava terminar de costurar as roupas para Petterson.

Papai nos levou ao shopping e depois fora trabalhar.
Patrick e Clarinha corriam por todos os lugares, e eu ia atrás deles.
Paramos para lanchar. Nos brindes deles vieram dois bonecos amarelos, os que pareciam bananas. Patrick adorava ver o desenho deles.
Eles pediram para entrar nos brinquedos de escorrego e casa de bolinhas. A moça disse que eu poderia voltar depois de meia hora para busca-los.
Aproveitei para entrar em algumas lojas de roupas.
Recebi uma ligação do meu namorado.
— Oi, meu bem. Que barulho é esse? Onde está?
— Estou no shopping. Trouxe Patrick e uma amiguinha dele.
— Hum. Estou por perto. Posso ir buscar vocês?
— Sim.

Andei mais um pouco e entrei em uma loja de biquinis. Enquanto olhava as peças, percebi a presença de Daniel pelo reflexo do vidro, do lado de fora. Olhei novamente e ele havia sumido.
Saí da loja e olhei em volta, mas não o vi. Andei mais um pouco e o encontrei parado, ao lado do banheiro.
— O que está fazendo aqui? — Perguntei. — Estava me seguindo?
Ele me encarou por alguns segundos. Eu só conseguia enxergar remorso em seu olhar.
— Vai me chamar de psicopata se eu disser que sim?
— Você já se tornou, no exato momento em que tocou em minha mãe.
Sua feição ficou séria. Percebi que o que disse o deixou mal.
— Espero que um dia você me perdoe e consiga entender os meus motivos.
— Eu nunca vou perdoar o que fez com a minha mãe. Nunca. — Minha voz falhou.
— Sei que foi sujo e completamente errado. Mas você não estaria aqui se isso não acontecesse.
Continuei imóvel, encarando-o.
— Só quero ter uma oportunidade pra você poder me conhecer. Ver que eu não sou todo esse monstro.
— Daniel. Eu não quero e nem posso ter nenhum tipo de contato com você. Imagine como meus pais vão ficar ao saber que estou me encontrando com o cara que quase destruiu a vida da minha mãe.
— Eu sei. Você está certa. — Ele balançou a cabeça. — Mas eles não precisam saber.
Levantei a sobrancelha.
— Vá à minha casa amanhã à noite. Pra conversarmos. Eu faço um jantar pra você.
— É claro que eu não vou. Isso é um absurdo.
Virei as costas. Mas ele me segurou pelo braço.
— Fique com isso. — Ele me entregou um papel com seu número. — Se mudar de ideia, me ligue.
Ele saiu.

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