Estrelas explodem. Deixando pedaços por aí, que viram poeira espacial e são esquecidas.
Meu mundo era uma estrela com nome, o nome de minha mãe. Antes que eu tivesse tempo de apreciar seu brilho, ela explodiu, me deixando apenas com a poeira, a saudade, a dor e ela, que cuidou de mim.
Então o universo não ficou satisfeito, não queria que a poeira que um dia fora minha vida estivesse pairando por aí.
Foi por isso que a coisa que eu chamava de lar pegou fogo. Para que eu não pudesse ter no que me firmar, para que não sobrasse nada de mim.
Se o universo, casa da minha estrela, me odiava, eu queria entender por que me devolveu a esperança que eu via nos olhos de Bruna.
Queria entender como um nada, pudesse se formar em tudo no meu peito. Entender por que não conseguia respirar.Por que precisava das mãos de Mack nas minhas costas para poder sustentar o que um dia fora meu corpo e que naquele momento era uma praia explodindo em fogos de artifício em dia de festa.
Sabia que não confiava em minha voz, mas confiava na mulher que se encontrava na minha frente.
— Joy. - disse.
Eu queria me mover, mas não conseguia. Mack percebeu e me empurrou gentilmente, sem se distanciar um passo de mim.
Me ajudou a chegar a cama de frente para a poltrona, onde me sentei e fitei seus olhos, atônita.Eu vi as marcas de queimadura, mais claras em seu rosto, mesmo assim tomando conta na parte direita de seu corpo, falhas em seus cabelo se escondiam entre uma fita vermelha.
— Amor? - sua voz começava a ficar instável e sabia que mais uma palavra e nenhuma de nós agüentaria de uma forma estável.
Ela também percebeu, então apenas abriu os braços, num chamado universal para um abraço.
Consegui levantar e me encaixar em seus braços finos e flácidos. Tentei me mostrar forte, todavia, nunca fui. Eu só tinha a habilidade de esconder. Mas isso nunca foi força.
Como eu estava fazendo muito recentemente, chorei.
E Bruna me acompanhou.
Seu abraço não era firme fisicamente, mas sentimentalmente. Pode não parecer, mas ela me trazia segurança. Mas do que eu já havia sentido na vida.
Meu coração. Ele ainda estava no peito? Eu não o percebia mais, meu corpo todo estava dormente. Eu só sentia seu queixo em minha cabeça e as lágrimas se acumulando no meu pescoço.
Existem alguns momentos na vida que você quer que sejam para sempre. Mais eternos que qualquer o “para sempre” das histórias, mais ardentes que qualquer paixão.
Eu queria que fosse.
Mas nunca é.
Eu ainda soluçava quando ela se afastou de mim.
— Meu Deus. - disse, levando as mãos aos olhos e limpando parte das lágrimas - Orei tanto por isso, Joy. Você não sabe como senti sua falta.
— Você está viva. - foi o que consegui dizer quando a fixa caiu.
Eu não tinha nada. Não tinha mãe, não tinha alguém que cuidasse de mim. E agora, eu tinha parte disso.
Era o suficiente.
— Eles não te contaram. - concluiu sem olhar para mim.
— Por que? - indaguei confusa.
Deu de ombros, levando a mão até meu rosto, tocando minha bochecha em sua pele.
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Onde Estás, Alegria? #Wattys2016
RandomO único jeito de continuar num orfanato misto em uma cidade pequena, se você tem 20 anos, é trabalhando para pagar uma espécie de estádia. Joy é uma garota fechada, que nunca compartilhou as suas memórias de um passado duvidoso com alguém. Ninguém l...