Prólogo: fogo

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Era um calor sufocante.

Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo, na verdade, ainda não sei.

Eu só queria a Bruna.

Talvez ela me deixasse pular na picina pequena no quintal, ou ligasse o ventilador.

Passei a gritar seu nome. E ela apareceu me abraçando por traz, me protegendo.

Então eu vi.

O fogo engolindo o piso da cozinha.

Ele tinha uma cor diferente das que eu via nos desenhos e filmes. Era meio azulado.

O teto começou a estralar.

Com certeza Sr. Castos, que estava lá em cima, já teria se queimado.

Sei que não deveria, mais um sorriso surgiu em meu rosto quando pensei nisso, mas logo sumiu quando vi que uma das vigas do teto estava prestes a se soltar.

Bruna apertou para meu corpo contra o seu é começou a correr.

Os estalos no teto estavam ficando cada vez mais altos.

O ar quente queimava minha garganta. Meus pulmões pareciam encolher a cada respiração e eu começava a ficar tonta.

Então o chão duro bateu no meu rosto.Eu podia ver o céu.

Eu parecia cuspir fogo. Queria gritar por Bruna, que não tinha mais seus braços em minha volta, mas o ar parecia me escapar enquanto minha visão ficava embaçada.

Podia ouvir sirenes e tentei olhar em volta.

A última coisa que vi foi a janela da casa cuspindo fogo.





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