*
Respirando pesadamente.
Não sabia como fazer de outro jeito.
As paredes pareciam se fechar ao meu redor.Sabia que aquele era um dia importante e eu não podia estar comemorando.
Aquilo me irritava.
Muito.
Através das cortinas, podia ver que sua janela estava aberta, e emanava a luz da lâmpada ligada lá dentro.
Ela não estava aproveitando.
Isso não podia acontecer.
Eu alternava entre só fitar seu quarto acesso ou caminhar até sua casa e pedir desculpas por ser tão chato ou coisa do tipo.
Não me entenda mal, você não sabe como é difícil e doloroso ficar sem falar com Joy. Sem ter seu sorriso direcionado a mim, sem ter seus olhos fitando os meus. Aquilo era tortura.
Nos filmes de comédia romântica as pessoas sentem muito a dor do amor.
Não achei que fosse assim de verdade. Mas era.
Descido enfrentar a noite fria. Já estava no meio da rua quando percebi que chovia, a água provavelmente estragava o papel de presente da caixinha que eu tinha em mãos.
Não voltei.
Por que o mundo gosta de ser dramático?
Ouvia a risada de Mel quando cheguei à porta, percebi que ela estava perto.
— Oi. - ela disse atendendo a porta depois que toquei a campainha - Achei que não viria!
Me puxou para dentro.
Era uma coisa que odiava em Amélia Diamás, ela era uma ogra no corpo de uma adolescente.— Não estava aguentando mais essa briga de vocês! Vão se resolver! - gritava me empurrando pelas escadas.
Não tive tempo nem de dizer alguma coisa e já estava na porta com o nome “JOY” escrito na madeira.
Mel já não estava ao meu lado, se escondia entre os degraus da escada, me fitando enquanto eu procurava a coragem em mim para bater na porta.
Não tive sucesso na minha busca, meu corpo estava paralisado, cada músculo exigia uma força tremenda para ser movido.
— Joy!!! - Mel gritou da escada, impaciente.
Então, eu abri a porta, com uma coragem estranha e uma vontade enorme de fitar seus olhos.
O que vi foi uma moça deitada na cama, com um fone de ouvido gigante na cabeça e os olhos fechados, sem se dar conta da minha presença.
Fechei a porta e me aproximei dela. Devagar. Talvez eu possa dar-lhe um susto.
Pus meu rosto perto do seu, pronto para soltar um grito que a faria gritar.
Desisti quando vi uma lágrima solitária escorrer por seus olhos fechados. Aquilo me doeu de tal forma, que eu daria tudo que tenho em mim, toda a minha vida, para não vê-la chorar.
Estiquei os dedos e sequei seis olhos levemente, então ela me fitou assustada, mas não moveu um músculo.
— Oi. - falei.
Ela permaneceu quieta.
Pousei a mão na lateral de seu rosto, e senti meus dedos roçarem em sua pele lisa.
Seus olhos se fecharam lentamente e um sorriso surgiu em seus lábios na mesma velocidade em que uma lágrima escorreu pelas suas bochechas, encontrando um porto seguro no travesseiro cor de areia.
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Onde Estás, Alegria? #Wattys2016
De TodoO único jeito de continuar num orfanato misto em uma cidade pequena, se você tem 20 anos, é trabalhando para pagar uma espécie de estádia. Joy é uma garota fechada, que nunca compartilhou as suas memórias de um passado duvidoso com alguém. Ninguém l...