Bati na porta de Mack. Eram duas da tarde. Quando estávamos voltando para casa ontem, ele disse que me levaria sempre que possível para ver Bruna.
Ai dele se reclamasse!
Eu ia tirar a carta de motorista e o deixaria em paz, mas enquanto não acontecesse...
Tentou parecer animado, mas sua expressão era de completa preguiça.
— Pode me levar para ver Bruna hoje? - perguntei por educação, simplesmente, com as mãos unidas atrás das costas balançando o corpo.
Eu estava um pouco tonta, mas ignorei e coloquei um sorriso no rosto.
Olhou para mim atentamente por um tempo e comecei a me perguntar se tinha algo no meu rosto.
Então levou a mão até minha testa.
— Você está doente. - disse, franzindo a testa - O único lugar para onde vai é seu quarto.
Eu tinha pavor de ficar doente. Qualquer tosse me fazia voar até a caixa de remédios. Eu tinha um bom motivo.
Eu não sei. As pessoas daqui não tem medo de ser assaltadas? Mack simplesmente fechou a porta da casa azul e me levou pelo braço, atravessando a rua até chegar no castelo onde eu morava.
°°°
— É só um resfriado, meu amor. Você estava molhada quando voltou para casa ontem - disse meu pai, se referindo ao encontro maravilhoso e estranho com Gael.
Concordei com a cabeça mais não me dei por satisfeita.
— Mas, pai! Eu preciso de um médico. - insistia como uma criança mimada. Minha própria voz aumentava a dor de cabeça.
— Não vou te levar para o hospital por causa de um resfriado. - disse e pude ouvir o humor em sua voz.
Revirei os olhos e me arrependi. A dor estava aumentando a cada segundo.
— Pelo menos me dê um remédio para a cabeça.
Esticou a mão para perto da pia e apanhou uma caixinha de analgésicos.
A tontura vinha com tudo.
Peguei um copo d'agua e me dirigi a escada com os remédios.
— Não tome tudo de uma vez! - Mack gritou atrás de mim.
— Shiu! - sibilei com uma careta sem olhar para ele - Você ainda está aqui?
Continuei subindo as escadas rumo ao meu quarto, onde os dois monstros gigantescos dormiam sobre o tapete.
Tinham colocado a rede no meu quarto a alguns dias, usei ela pela primeira vez me jogando e fechando os olhos, gemendo um pouco enquanto minha cabeça latejava.
Engoli uma pílula com água e permaneci com os olhos fechados, tentando sentir o remédio fazer efeito.
Eu apenas queria desçansar.
Não era o ia acontecer.
°°°
— Você não me ligou. - sua voz era estridente do outro lado da linha.
— Sei disso. - disse, fazendo um esforço tremendo para não revirar os olhos por que sabia a dor que isso causaria.
— Por que não me ligou?
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Onde Estás, Alegria? #Wattys2016
DiversosO único jeito de continuar num orfanato misto em uma cidade pequena, se você tem 20 anos, é trabalhando para pagar uma espécie de estádia. Joy é uma garota fechada, que nunca compartilhou as suas memórias de um passado duvidoso com alguém. Ninguém l...