Eu não sabia a quanto tempo ele estava segurando minhas mãos, mas parecia não se incomodar com o fato delas estarem suadas.
Meu coração sambava no peito.
Da primeira vez não tinha sido assim. Quando eu trabalhei de empregada doméstica era só eu bater na porta das casas e dar meu número horário para serviço.
Não tinha que ficar esperando numa sala vazia com uma música que parecia de velório!
— Fica calma. - Mack disse com a diversão na voz.
— Eu já estou calma. - respondi nervosa sem olhar para ele.
— Então por que está respirando desse jeito?
Prendi o ar nos pulmões, o fazendo rir.
Aquilo não adiantou muito para que minha respiração se estabilizasse.
— Joy. - chamou atraindo minha atenção - Vai ficar tudo bem.
Como ele podia ter tanta certeza?
Meus pensamentos se dispersaram quando ouvimos a voz doce chamando.— Joy Diamás.
Meu coração se aliviou quando a voz cantou meu novo sobrenome.
Era tão bom ter um sobrenome. As pessoas não sabem o que é não ser alguem, não ter o próprio número para contato, ter que ir com um grupo gigantesco de crianças birrentas para a escola, médico, ou parque.
E ter um próprio sobrenome era ótimo.— Joy. - Mack apertou minha mão para que eu voltasse para a terra.
Ele me guiava pela sala até a porta de vidro fosco onde eu encontraria sua mãe.
Então soltou minha mão.
— Não vai entrar lá comigo?
Ele negou com a cabeça. Mal sabia que aquele gesto me faria entrar em desespero.
— Vai ficar tudo bem. - disse abrindo a porta e me empurrando gentilmente para dentro.
°°°
Melanie Kim.
Quando a vi a primeira coisa que pensei foi: Pelo Amor De Deus!
Sra. Kim tinha os cabelos tingidos de branco, estava com um vestido azul social e uma maquiagem básica.
Abriu um sorriso educado quando cheguei e mandou que eu sentasse na ponta da mesa oval enorme de sua sala.
E a primeira pergunta da entrevista que fez com a voz rígida foi:
— Como era seu dia a dia no orfanato?
Pisquei várias vezes e cheguei a beliscar meu braço para ver se estava falando sério.
— Desculpe? - disse sorrindo confusa.
— Como era seu dia a dia no orfanato? E me responda com suas palavras do jeito que quiser.
Calei-me por um tempo e pude ouvir meu coração.
— Hã... Eu acordava as cinco e tomava café da manhã com o cozinheiro, depois passava pano no salão e saia para trabalhar.
Ergueu a sobrancelha e bateu os dedos na mesa.
— Prossiga.
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Onde Estás, Alegria? #Wattys2016
AléatoireO único jeito de continuar num orfanato misto em uma cidade pequena, se você tem 20 anos, é trabalhando para pagar uma espécie de estádia. Joy é uma garota fechada, que nunca compartilhou as suas memórias de um passado duvidoso com alguém. Ninguém l...