Acordei com o barulho do despertador, que jurava ter cancelado, afinal é domingo e eu poderia muito bem ter dormido mais um pouco. Mas não consegui, minha mente estava alerta e com uma dor de cabeça insuportável àquela hora da manhã. Levantei e arrumei os lençóis de estampa floral da minha cama, rapidamente juntei algumas roupas que estavam espalhadas pelo chão e os livros deixados ao lado da cama. Apesar de ser cedo ainda, a casa estava silenciosa, talvez meus pais ainda estejam deitados.
Depois de um banho refrescante, fui à cozinha preparar a mesa do café da manhã. Enquanto a cafeteira aquecia a água, peguei o queijo que estava na geladeira junto com a metade do que sobrou de um bolo. Me atrevi a mordiscar um pedaço de queijo coalho, despejei o café na caneca e comi um pedaço do bolo. Mas é ruim sentar a mesa sozinha.
Subi as escadas de nossa casa pesadamente, tentando fazer barulho com os pés, avisando que estava a caminho. Chamando por papai e mamãe, mas não obtive respostas. Realmente estavam cansados da semana de trabalho contínuo. Bati a porta asperamente e tomei a liberdade em abri-la. O quarto estava escuro, me virei e acendi as luzes na tomada ao lado da porta.
- Pai? Mãe? - Falei um pouco baixo para não acordá-los, se fosse o caso.
Quando enfim meus olhos encontraram os dois na cama, senti o piso frio e molhado sob meus pés e o sangue que consumia aquele cômodo por toda parte. Ao me deparar com aquela imagem que fazia minha cabeça girar, não sabia se gritava ou chorava. Estava em choque, paralisada com o sentimento estranho que dominava meu corpo. Meu coração pulsava em uma intensidade que não achava possível. Todas as sensações se misturavam ao mesmo tempo.
Não podia acreditar no que meus olhos viam. Algo não fazia sentido. Como meus pais poderiam ter sido assassinados assim, tão brutalmente e por que eu ainda estava viva? Não entendo. Sacudi seus corpos, agora sem vida, freneticamente, esperando que reagissem ao meu choro misturado aos gritos estéricos e incontroláveis.
Por que isso estava acontecendo? Não, não pode ser real. Nada disso é real. Estou em um daqueles sonhos loucos e logo acordarei.
Mas nada disso aconteceu, meus pais continuavam imóveis e minhas roupas adquiriam aquele tom escuro do sangue que cobria seus corpos. Desci as escadas correndo, mal podia raciocinar. O que faria agora? A única pessoa que me veio a mente foi Tonny, mas não foi para quem liguei primeiro.
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O que me resta?
Mystery / ThrillerApesar dos avisos, resolvi ir atrás. Estou tão perdida quanto da última vez. Ainda não sei o quê, como ou por quê aconteceu... Quem poderia fazer uma coisa dessas? Simplesmente não posso ficar parada. Afinal, o que me resta?