Uma semana antes (PARTE 1)
Já estava atrasada, o relógio marcava oito horas da manhã, a essa altura deveria estar em sala de aula. Tonny insistentemente chamava meu nome no andar debaixo, fazia um tempo que tinha chegado para irmos à faculdade juntos.
Me arrumei o mais rápido que pude, protestei para levantar hoje, o que acabou me atrasando bastante. Coloquei o primeiro vestido que vi pela frente, peguei uma jaqueta jeans para me proteger do frio matinal e rapidamente guardei o que iria precisar dentro da bolsa. Depois dei uma checada no celular querendo novamente ver a hora e só então prestei atenção na data.
Dia 12 de setembro. Um turbilhão de lembranças me invadiram.
- Laura, vamos? - Gritou Tonny pela última vez.
- Estou descendo. - Respondi, já saindo do quarto.
Ao descer as escadas, olhei para os quadros pendurados na parede. Parei por um instante e passei os dedos por uma foto antiga. Duas garotas, uma ao lado da outra, a mais velha de cabelos curtos cor de mel trazia um olhar sério acompanhado de um sorriso tímido, a mais nova de cabelos loiros e cacheadas sorria esbanjando simpatia.
Quando cheguei na cozinha, meu pai já havia saído e minha mãe ainda estava sentada à mesa, mexendo no celular distraidamente.
- Já estamos indo. - Falei, me aproximando dela e de forma inesperada ela beijou meu rosto e me deu um abraço meio que sem jeito.
- Tenha um bom dia, filha, amo você. - Disse baixinho.
Raramente me dizia coisas assim ou demonstrava algum tipo de afeto. O que me fez sorrir para ela de forma sincera.
No carro, o som baixinho de Dona Nobis Pacem preenchia o silêncio. Era uma das minhas sinfonias preferidas de Mozart. Tonny fazia questão de colocar para escultarmos, já que era uma das muitas coisas que tínhamos em comum, o amor pela música clássica. Músicas que me fazem relaxar. Papai gosta de dizer que eram melodias muito deprimentes para jovens como nós.
- Está mais calada que o normal. O que há de errado?
- Hoje faz 6 anos. - Respondi, olhando pela janela. Enquanto seguia as notas da canção com os dedos, de um lado para o outro.
- 6 anos de quê? - Insistiu no assunto.
- Que Alice morreu.
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O que me resta?
Misterio / SuspensoApesar dos avisos, resolvi ir atrás. Estou tão perdida quanto da última vez. Ainda não sei o quê, como ou por quê aconteceu... Quem poderia fazer uma coisa dessas? Simplesmente não posso ficar parada. Afinal, o que me resta?