Capítulo 7

133 22 6
                                    

Uma semana antes (PARTE 1)

Já estava atrasada, o relógio marcava oito horas da manhã, a essa altura deveria estar em sala de aula. Tonny insistentemente chamava meu nome no andar debaixo, fazia um tempo que tinha chegado para irmos à faculdade juntos. 

Me arrumei o mais rápido que pude, protestei para levantar hoje, o que acabou me atrasando bastante. Coloquei o primeiro vestido que vi pela frente, peguei uma jaqueta jeans para me proteger do frio matinal e rapidamente guardei o que iria precisar dentro da bolsa. Depois dei uma checada no celular querendo novamente ver a hora e só então prestei atenção na data.

Dia 12 de setembro. Um turbilhão de lembranças me invadiram.

- Laura, vamos? - Gritou Tonny pela última vez.

- Estou descendo. - Respondi, já saindo do quarto.

Ao descer as escadas, olhei para os quadros pendurados na parede. Parei por um instante e passei os dedos  por uma foto antiga. Duas garotas, uma ao lado da outra, a mais velha de cabelos curtos cor de mel trazia um olhar sério acompanhado de um sorriso tímido, a mais nova de cabelos loiros e cacheadas sorria esbanjando simpatia. 

Quando cheguei na cozinha, meu pai já havia saído e minha mãe ainda estava sentada à mesa, mexendo no celular distraidamente. 

- Já estamos indo. - Falei, me aproximando dela e de forma inesperada ela beijou meu rosto e me deu um abraço meio que sem jeito.

- Tenha um bom dia, filha, amo você. - Disse baixinho.

Raramente me dizia coisas assim ou demonstrava algum tipo de afeto. O que me fez sorrir para ela de forma sincera. 

No carro, o som baixinho de Dona Nobis Pacem preenchia o silêncio. Era uma das minhas sinfonias preferidas de Mozart. Tonny fazia questão de colocar para escultarmos, já que era uma das muitas coisas que tínhamos em comum, o amor pela música clássica. Músicas que me fazem relaxar. Papai gosta de dizer que eram melodias muito deprimentes para jovens como nós. 

- Está mais calada que o normal. O que há de errado? 

- Hoje faz 6 anos. - Respondi, olhando pela janela. Enquanto seguia as notas da canção com os dedos, de um lado para o outro.

- 6 anos de quê? - Insistiu no assunto. 

- Que Alice morreu.

O que me resta?Onde histórias criam vida. Descubra agora