Capítulo 17

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Hoje, pela manhã, tinha um carro discretamente parado em frente ao apartamento de Tonny. Não que eu acredite que fosse um carro qualquer, sabia que a delegada já tinha colocado em prática o que havia dito. Sei que por um lado era bom para nossa segurança, não tenho dúvidas que podem vir atrás de mim. Talvez à procura de terminar o trabalho sujo que fizeram com meus pais. Mas aquilo era incômodo, mesmo que não tivéssemos nada a esconder. Pois a ideia de que qualquer movimento meu seria registrado me deixava desconfortável.

Certo, tenho que admitir que estava me sentindo assim pelo que tinha em mente e pretendia fazer. Trevor e a delegada não ficariam satisfeitos em saber que eu planejava visitar Rosa e buscar todas as informações possíveis, mesmo que já tivessem pedido para eu não fazer isso. Nem tampouco em descobrir como aquele dia acabaria, fugindo totalmente do meu controle.

É o segundo dia que não vou à faculdade. O que é bem justificável, levando em consideração o que me aconteceu e sei que todos já devem ter visto no noticiário ou comentado a respeito. Não tinha e nem tenho cabeça para assistir minhas aulas sobre latim ou culturas francófonas, apesar de ser apaixonada por elas. Sempre fui organizada e cumpria o cronograma montado por mim, reservando horário para estudo e prazo de entrega de trabalhos. Mas àquela altura isso não me importava nenhum pouco. 

Tonny também tem faltado, já que incorporou o papel de me acompanhar nessa corrida maluca. Imagino que não tenha noção do quanto sou grata pelo que tem feito por mim. Também venho me sentindo culpada de arrastá-lo para tudo isso. Me preocupo mais se ele está bem do que com meus próprios sentimentos. 

Encontrar quem matou meus pais tem se tornado uma obsessão, ainda não sei se boa. Mas, pelo menos, é o que me põe de pé nos últimos dias. E parecia a coisa certa a fazer. Seguir qualquer rastro que me leve a solução.

Tivemos que enganar o carro que nos monitorava.  Fizemos o percurso até a UECE, enquanto éramos seguidos. Por morarmos próximo à faculdade, o trânsito foi nosso aliado e permitiu que chegássemos rápido ao Campus. Tonny entrou no estacionamento e o carro da polícia teve que parar na rua mesmo. Não ficamos sequer cinco minutos naquele lugar. Ele deu partida e fomos ao endereço de Rosa. Certificando se realmente o carro tinha ficado para trás.

Tudo estava indo bem...

Agora, parada no banco de trás do carro de Tonny, pensando em tudo isso, tentei achar uma explicação plausível para meu estado. Um verdadeiro fracasso! Minhas mãos pressionam minha testa que sangra e faz tudo ao redor girar. 

O que me faz sentir mais impotente é não saber de fato o que aconteceu. Nem sequer fleches! Me pergunto se devo avisá-lo que estou consciente. Enquanto ele dirige, certamente sem rumo, em uma velocidade tão desesperadora. 

- Laura, você está bem? - Sua voz rompeu meus pensamentos.

- Estou. - Falei, mesmo sabendo que não estava nenhum pouco bem. Mas não queria preocupá-lo mais - O que está acontecendo?

- Acho que ela está morta. 

O que me resta?Onde histórias criam vida. Descubra agora