- Olá, Laura James. Sou a delegada Valéria Oliveira. - Se apresentou, me cumprimentando com a mão que dei de forma insegura - Quer alguma coisa, água, suco?
- Água, por favor.
- Claro, oficial Johnson, pode trazer água para ela? - Perguntou, mais como uma ordem do que um pedido.
Trevor saiu da sala por poucos instantes e trouxe um copo com água. Beber aquela água foi o primeiro alívio que senti desde que tudo começou.
- Obrigada, agora pode se retirar. - Trevor antes de sair, me lançou um olhar de compaixão, se pudesse traduzi-lo, diria que foi um "sinto muito".
Voltei meus olhos para a mulher, que analisou rapidamente a folha.
- Fique tranquila, Laura, farei apenas algumas perguntas.
- Está bem. - Respondi, temerosa.
- Quero ouvir de você o que aconteceu entre a noite de ontem e esta manhã. O relatório diz que você os encontrou, como foi isso?
- Sim, foi isso mesmo. - Respirei um pouco antes de prosseguir - Hoje pela manhã acordei e não notei nada de diferente. Fiz meus hábitos diários e presumi que estivessem dormindo ainda. Mas o tempo foi passando e achei melhor ir chamá-los. E quando cheguei no quarto deles, acendi as luzes e vi muito sangue em todo lugar, até no chão. Foi tão horrível. - A memória do que aconteceu formou lágrimas em meus olhos, mas seguirei para que pudesse continuar - Como alguém pôde fazer uma coisa dessas?
- É isso que vamos descobrir. - Sorriu pela primeira vez, desde que nos vimos - Mas durante a noite, não notou nada de diferente?
- Não. Eu estava sentindo um grande mal estar e uma dor de cabeça terrível. Tomei um remédio e me deitei, dormindo logo em seguida. Isso tudo antes deles chegarem em casa. Depois, só lembro de acordar pela manhã, graças ao despertador.
- E para onde eles tinham ido?
- Permaneceram no Supermercado até a hora de fechar, minha mãe tinha me deixado uma mensagem dizendo que iriam chegar tarde e comer em algum restaurante da cidade. - Foi a última mensagem dela, pensei.
- Então você não os viu chegar? - Presumiu.
- Não.
- Vejo no relatório que nada foi roubado, pode me confirmar isso?
- Sim, parecia que estava tudo no lugar. - Só parecia.
- Sua família já recebeu ameaças? São donos de um negócio grande. Alguém tinha interesse em machucá-los?
- Eu não sei. - Respondi, mirando meus pés.
- Vamos precisar falar com os funcionários da loja e todas as outras pessoas próximas a vocês. É a única herdeira?
- Infelizmente, sim.
- Talvez você ainda esteja correndo riscos. Vou solicitar uma guarda para você, pelo menos durante as investigações.
- Por favor, não. Preciso de um espaço. Ainda tem tanta coisa pra resolver... Só queria que alguém me acordasse deste sonho maluco. - Suspirei.
- Se você prefere assim. - Assenti com a cabeça.
- Mas me prometa que encontrará quem fez isso. - Implorei a ela.
- Faremos o possível.
- Isso não basta, quero que paguem pelo que fizeram, arrancaram tudo o que eu tinha. - Lamentei.
- Sinto muito por isso. Mas Laura, preste atenção, isso é muito perigoso. Ainda não sabemos quem está por trás disso. - Olhou em meus olhos - Prometa-me que ficará longe. Tire este tempo para fazer o que é necessário agora, você está em um momento delicado. Deixe conosco e qualquer informação que surgir vou passar para você. Pode me prometer isso?
- Prometo. - Respondi. Mas era só uma mentira, não posso deixar isso assim e esperar por respostas sem procurá-las. Farei de tudo para descobrir o que de fato aconteceu. Afinal, o que me resta?
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O que me resta?
Misteri / ThrillerApesar dos avisos, resolvi ir atrás. Estou tão perdida quanto da última vez. Ainda não sei o quê, como ou por quê aconteceu... Quem poderia fazer uma coisa dessas? Simplesmente não posso ficar parada. Afinal, o que me resta?