Capítulo 6

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- Olá, Laura James. Sou a delegada Valéria Oliveira. - Se apresentou, me cumprimentando com a mão que dei de forma insegura - Quer alguma coisa, água, suco?

- Água, por favor. 

- Claro, oficial Johnson, pode trazer água para ela? - Perguntou, mais como uma ordem do que um pedido.

Trevor saiu da sala por poucos instantes e trouxe um copo com água. Beber aquela água foi o primeiro alívio que senti desde que tudo começou.

- Obrigada, agora pode se retirar. - Trevor antes de sair, me lançou um olhar de compaixão, se pudesse traduzi-lo, diria que foi um "sinto muito".

Voltei meus olhos para a mulher, que analisou rapidamente a folha.

- Fique tranquila, Laura, farei apenas algumas perguntas.

- Está bem. - Respondi, temerosa. 

- Quero ouvir de você o que aconteceu entre a noite de ontem e esta manhã. O relatório diz que você os encontrou, como foi isso?

- Sim, foi isso mesmo. - Respirei um pouco antes de prosseguir - Hoje pela manhã acordei e não notei nada de diferente. Fiz meus hábitos diários e presumi que estivessem dormindo ainda. Mas o tempo foi passando e achei melhor ir chamá-los. E quando cheguei no quarto deles, acendi as luzes e vi muito sangue em todo lugar, até no chão. Foi tão horrível. - A memória do que aconteceu formou lágrimas em meus olhos, mas seguirei para que pudesse continuar - Como alguém pôde fazer uma coisa dessas?

- É isso que vamos descobrir. - Sorriu pela primeira vez, desde que nos vimos - Mas durante a noite, não notou nada de diferente?

- Não. Eu estava sentindo um grande mal estar e uma dor de cabeça terrível. Tomei um remédio e me deitei, dormindo logo em seguida. Isso tudo antes deles chegarem em casa. Depois, só lembro de acordar pela manhã, graças ao despertador.

- E para onde eles tinham ido?

- Permaneceram no Supermercado até a hora de fechar, minha mãe tinha me deixado uma mensagem dizendo que iriam chegar tarde e comer em algum restaurante da cidade. - Foi a última mensagem dela, pensei.

- Então você não os viu chegar? - Presumiu.

- Não.

- Vejo no relatório que nada foi roubado, pode me confirmar isso?

- Sim, parecia que estava tudo no lugar. - Só parecia.

- Sua família já recebeu ameaças? São donos de um negócio grande. Alguém tinha interesse em machucá-los?

- Eu não sei. - Respondi, mirando meus pés.

- Vamos precisar falar com os funcionários da loja e todas as outras pessoas próximas a vocês. É a única herdeira?

- Infelizmente, sim. 

- Talvez você ainda esteja correndo riscos. Vou solicitar uma guarda para você, pelo menos durante as investigações.

- Por favor, não. Preciso de um espaço. Ainda tem tanta coisa pra resolver... Só queria que alguém me acordasse deste sonho maluco. - Suspirei.  

- Se você prefere assim. - Assenti com a cabeça.

- Mas me prometa que encontrará quem fez isso. - Implorei a ela.

- Faremos o possível.

- Isso não basta, quero que paguem pelo que fizeram, arrancaram tudo o que eu tinha. - Lamentei.

- Sinto muito por isso. Mas Laura, preste atenção, isso é muito perigoso. Ainda não sabemos quem está por trás disso. - Olhou em meus olhos - Prometa-me que ficará longe. Tire este tempo para fazer o que é necessário agora, você está em um momento delicado. Deixe conosco e qualquer informação que surgir vou passar para você. Pode me prometer isso? 

- Prometo. - Respondi. Mas era só uma mentira, não posso deixar isso assim e esperar por respostas sem procurá-las. Farei de tudo para descobrir o que de fato aconteceu. Afinal, o que me resta?

O que me resta?Onde histórias criam vida. Descubra agora