Com minhas mãos ainda trêmulas, disquei 190.
- Bom dia, Anna na linha, qual a sua emergência?
- Meu nome é Laura James. - Lágrimas escorriam pelo meu rosto, fazendo minha voz falhar - Meus pais... - Gaguejei, ainda transtornada - Eles... eles estão mortos.
Aquelas palavras pronunciadas a poucos instantes rodavam em minha cabeça como uma sinfonia desordenada e pareciam não terem sido ditas por mim.
- Você tem certeza disso? Está sozinha? Mais alguém está ferido? - Foi então que lembrei não ter prestado atenção nesse detalhe, mas como poderia?
- Sim, eles não reagem. Estou sozinha, só moramos nós três aqui. Encontrei eles agora caídos sobre a cama, cobertos de sangue.
- Qual a sua localização? - Perguntou a estranha do outro lado da linha, quase que automaticamente.
- Rua Oregon, 120, Itaperi. - Respondi rapidamente - Eu não sei o que fazer, estou apavorada.
- Tente manter a calma, permaneça no local. Já estou mandando o socorro.
- Rápido, por favor. - Supliquei, não suportaria permanecer ali sozinha por mais tempo.
- Farei o possível.
Esse foi o fim da ligação. Como aguentarei ficar aqui sozinha? Estou com tanto medo. E se ainda estiverem aqui? Não estou segura.
Fui até a cozinha procurando algo com o que pudesse me defender, não faço ideia do que pode acontecer. Abri a gaveta dos talheres e peguei a primeira faca que vi. Voltei para a sala, com a faca em minhas mãos, olhando de um lado para o outro em passos curtos.
Preciso falar com Tonny. Peguei o telefone novamente e enquanto ele chamava, tentei manter o fôlego e os milhões de pensamentos confusos ainda presentes em minha mente, até que parou de chamar.
- Alô? - Exitei em responder - Tem alguém aí? - Perguntou novamente.
- Tonny, sou eu. - Fiz uma pausa, tentando ordenar o que se passava na minha cabeça - Vem aqui, por favor, preciso de você. - As lágrimas ardem em meus olhos.
- O que aconteceu? - Sua voz demonstrava preocupação.
- Estou esperando, não demore.
E desliguei o telefone, não conseguiria falar mais nada. Coloquei-o no gancho e continuei com a faca firme em minha mão.
Sentada no sofá da sala, sentia minhas pernas pesadas como chumbo. Por mais que tento, não consigo reter minhas lágrimas e elas me consomem, roubando minhas forças. Meu coração bate descontroladamente, experimentando sensações conhecidas, uma angústia tão profunda, parece que tudo está voltando novamente.
Até que o silêncio foi cortado por batidas constantes e violentas no portão da frente.
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O que me resta?
Misteri / ThrillerApesar dos avisos, resolvi ir atrás. Estou tão perdida quanto da última vez. Ainda não sei o quê, como ou por quê aconteceu... Quem poderia fazer uma coisa dessas? Simplesmente não posso ficar parada. Afinal, o que me resta?