Save Yoυ △ |h.s|

Capítulo 8

Tinha muitas dúvidas em relação a tudo isto, custava-me a acreditar nas suas palavras. Acho que qualquer pessoa que estivesse no meu lugar provavelmente já teria arranjado maneira de o expulsar daqui, não percebo porque é que continuo a aceitar a sua presença. Bem, tecnicamente eu não aceito, mas ainda assim não fiz nada relevante para o mandar embora. É esta estúpida esperança que tenho sempre nas pessoas, por muito que me custe admitir até a mim própria, uma parte bem forte de mim quer acreditar sempre naquilo que me dizem. E ele não era excepção, aliás, ele era pior que todos os outros porque eu tinha sempre a sensação de ter de confiar nele. Não sei se seriam os seus olhos, a forma como fala, como age de forma protectora, eu só sei que não conseguia ficar totalmente desconfiada. Eu não acho isto normal, nada disto é normal. Desde a morte do meu pai que a minha vida se tornou nisto. As palavras de George ainda assaltavam a minha mente e de novo estas dúvidas todas entravam num conflito gigantesco. Eu não compreendo nada do que se está a passar e as minhas malditas emoções não me estão a ajudar. Sempre que penso em tudo isto sinto um ataque de ansiedade a preparar-se para me destruir e me fazer desesperar, mas eu não posso deixar que isso aconteça, não como ele aqui. Tenho de respirar e parar de pensar tanto. Mas é quase impossível, eu queria saber a verdade, queria deixar de ter dúvidas, ser mantida assim no escuro é horrível e faz-me ficar nervosa, com medo de tudo. Principalmente com medo de mim, porque eu sei que provavelmente me vou deixar levar e depois vou acabar destruçada.

Pelo sim pelo não mantive-me no meu lugar, não queria cruzar-me com ele para já. Apesar de praticamente já o ter perdoado, porque eu nunca consigo ficar totalmente chateada com as pessoas, fico apenas magoada. E vai demorar muito até esquecer, se é que alguma vez vou esquecer. Mas o perdão eu consigo sempre dar, não é um perdão total claro, mas eu acho que não vale a pena desperdiçar a minha vida zangada com alguém. É inútil e não vai fazer as coisas mudarem, simplesmente tenho de ajudar essa pessoa a não voltar a repetir o mesmo erro. Embora este erro fosse diferente, porque no fundo não o era, ele apenas disse a verdade, por muito que doesse.

“Evelyn, eu já disse que foi sem intenção, por favor come alguma coisa. Eu vou sair, tenho… uns assuntos para tratar, mas eu volto mais logo.” Onde é que ele iria? Provavelmente tem outros clientes. Talvez não devesse pensar nisso, mas mais uma vez, era impossível.

Ouvi os seus passos afastarem-se da porta e depressa o som desfez-se. Não tinha a certeza se ele tinha mesmo ido embora, ou se aquilo não passava de uma armadilha para me fazer sair. Talvez devesse permanecer aqui durante mais algum tempo e quando tiver a certeza saio. Não tinha fome, por isso podia perfeitamente aguentar mais algum tempo sem comida. Então voltei os meus olhos de novo para o me livro e retomei a leitura.

“Ronnie pestanejou. A duvidar que ele tivesse ouvido sequer que ela lhe acabara de dizer. – Como é que podes ser tão egoísta?
- Eu não estou a ser egoísta…
- Podes ter a certeza de que é precisamente isso que és, e, se não fores capaz de reconhecer isso, nunca mais hei-de querer voltar a falar contigo! – exclamou ela. Deu meia-volta girando os calcanhares e encaminhou-se a passos largos para casa. – Vai-te embora! Desaparece!”

Às vezes gostava de ter esta coragem para falar desta forma com as pessoas. É tão difícil lidar com as pessoas..

“- Ronnie! – chamou-a Will, levantando-se para ir ao seu encalço. Ela pressentiu-lhe o movimento e voltou-se para o encarar.
- Acabou está bem?
- Não acabou nada. Vá lá, sê razoável…
- Razoável? – Agitou as mãos. – Tu queres que eu seja razoável? Tu não tens apenas andado a mentir para proteger o Scott; tu tens-me andado a mentir também!”

O som da campainha despertou-me da leitura e eu quase saltei de susto. Estava tão concentrada a sentir todas as emoções das personagens que nem dera conta de que já tinha passado bastante tempo. Gostava deste livro, já o tinha lido algumas vezes e não me importava de o voltar a ler. Nicholas Sparks tem este efeito sobre nós, principalmente quando somos adolescentes e temos todas as nossas emoções à flor da pele. Mas eu gostava especialmente deste por ser um livro que fala da confiança e do amor não só entre homem e mulher mas entre pai e filha.