Capítulo 53 ♡

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Acho que todas devem saber o que o ♡ significa. ahah espero que gostem (:

-:-:-:-:-

Já a tarde nos marcava o dia terminámos de comer. Havia demorado muito tempo em todo o meu choro repetido e grunhidos, presa no conforto dos braços de Harry. Ele próprio se predispôs a fazer o almoço e devo admitir que não sei por qual das duas razões estou mais surpreendida: o facto de ele ter um ato tão carinhoso como este, ou o facto de a comida estar realmente deliciosa.

“Queres… ir a algum lado? Talvez até ao parque?” Ele sugeriu quando eu terminei de lavar a loiça. Ergui o sobrolho e olhei-o confusa. Não conseguia compreender o porquê do seu súbito comportamento amistoso, talvez tenha pena de mim. E se for o caso, vou desprezá-lo para o resto da minha vida.

“Harry, não precisas de fingir ser simpático e querido para mim. Não preciso de pena e muito menos de obrigar alguém a ser algo que não é, por mim.” Respondi-lhe mais sinceramente do que esperava e limpei as mãos húmidas, a um pano azul que jazia no balcão. Harry não respondeu, como se ponderasse nas minhas palavras e eu tomei isso como a minha oportunidade de me refugiar no meu quarto.

“Evelyn” Ouvi-o chamar, mas preferi ignorar. Não queria falar, estava demasiado cansada para isso, não queria ser ouvida, estava demasiado ferida para isso. Queria apenas o meu quarto, o meu silêncio, aquele que encontrei há meses quando o meu pai partiu. Sei que me estou a voltar a fechar e que provavelmente isto só trará problemas maiores, mas não me consigo preocupar com isso agora. Talvez a história se repita, mas com um final diferente. “estou a falar contigo!” Harry gritou bem perto de mim, agarrando o meu braço para me impedir de começar a subir as escadas. Olhei-o atónita, como se nem sequer tivesse ouvido o que ele dissera anterior.

Ouvira?

“Por favor, eu… quero ficar sozinha.” Pedi com as lágrimas a queimarem-me por detrás dos olhos. Mas nenhuma dela desabrochou, como se secassem mesmo antes de verem o meu exterior.

“Não, tu não te vais fechar sozinha, eu não vou deixar.” O verde esmeralda incandescente fazia-me ter arrepios por todo o corpo. Olhava-me de uma maneira tão intensa que poderia jurar ver todos os seus segredos por detrás deles. Mas não conseguia, como se algo bastante forte me prendesse à realidade e me expulsasse do sue interior.

“O que é que isso te importa? Vou morrer de qualquer das maneiras, ou pensas que me vais proteger para sempre?” Atirei-lhe sem me aperceber de que estava a gritar. Desde pequena que dizia coisas sem pensar antes e esse sempre foi um grande defeito. Costumava dizer coisas que não tinham cabimento e, nem de longe, correspondiam ao que realmente sentia.

Harry abriu bastante os olhos, sem querer acreditar no que acabara de ouvir. Depois, soltou-me, fechou-os e pressionou as costas da mão direita contra os lábios. Se não o conhecesse diria que ele ia chorar, mas sabendo como ele é, provavelmente vai começar a gritar comigo.

Mas isso não aconteceu.

“Nunca mais digas isso.” Pediu colocando as mãos nos meus ombros. Respirou fundo e puxou-me para si.

Porquê?

E nem entendi que não fiz a pergunta em voz alta.

“Por favor, nunca mais digas isso.” Repetiu contra os meus cabelos, enterrando o rosto na curva do meu pescoço. Fiquei alguns minutos sem saber como reagir, sem compreender o que se estava a passar. Mas a sede incessante de dos seus braços, obrigou-me a retribuir o gesto, apertando a sua cintura com os meus braços, puxando-o ainda mais para mim.

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Suspirei uma última vez e troquei de novo a bola azul pela vermelha. Mas ainda assim o resultado não parecia agradar-me. Harry surgiu de novo na sala, com outra caixa de decorações nos braços e eu sorri-lhe, vendo-o resmungar algo em voz baixa.

“Não te queixes, tu é que deste a ideia de montar uma árvore de Natal.” Comentei entre pequenos risinhos. Não consegui perceber como é que, depois de todo o choro daquela manhã, conseguia sentir-me tão leve pelo simples facto de que Harry ouviu tudo o que tinha para dizer.

Durante aqueles trinta minutos, ele ouviu tudo. E quando eu digo tudo, é mesmo tudo. Desde a morte da minha mãe, à partido do Liam. Sem esquecer o desaparecimento de toda a minha família, o afastamento dos meus amigos, a forma estranha como todos agem comigo e a violação da Miriam. Parecia que a minha se tinha tornado um caos e eu não consigo impedi-lo, proteger os que amo ou mante-los perto de mim. «A culpa não é tua.» Ele disse-me num tom tão doce, puxando o meu cabelo para trás, limpando as minhas lágrimas. Por muito que as pessoas falem dele, por muito que desconfiem das suas intensões, eu não consigo ver qualquer mal nele. É impossível olhar para os seus olhos e não me apaixonar por eles uma e outra vez. É impossível não gostar deste seu lado tão carinhoso. Quando mais ninguém esteve, Harry esteve lá para mim.

“Se soubesse que montar uma árvore significava arrecadar pilhas de caixas do sótão até aqui, tinha ficado calado.” Voltou a resmungar, curvando o corpo para trás, de forma a estalar as costas, provavelmente doridas.

“Cala-te e trabalha.” Respondi-lhe colocando-me sobre o banco para poder chegar melhor ao topo da árvore, de forma a colocar a estrela. Mas a verdade é que ela era ainda demasiado alta para mim. Coloquei-me em bicos dos pés e estiquei os braços o máximo que consegui, sem me aperceber de que estava a inclinar-me sobre o pinheiro começando a torcer o mesmo.

“Ainda vais cair daí.” Harry comentou e, como se o tivesse previsto, o banco sob os meus pés moveu-se e o meu corpo viu-se sem apoio algum. Dei por mim a puxar alguns ramos da árvore e, ao balançar-me para trás o meu corpo fez o caminho inverso ao te anteriormente. “Evelyn!” Ouvi-o gritar antes de sentir algo por baixo de mim e fechei os olhos, esperando para sentir o enorme impacto que se seguiria.

Mas apenas caí sobre algo aconchegante e, quando finalmente abri os olhos, dei por nós os dois, deitados em frente à lareira. O meu corpo sobre o dele e o seu olhar fechado.

“Harry?” Perguntei preocupada, levando as mãos ao seu rosto, emoldurando-o. Agitei-o algumas vezes, sentindo o coração palpitar-me violentamente.

“Por favor, eu meto a estrela na árvore.” Ele sibilou baixinho e eu olhei-o atónita.

“Estúpido, assustaste-me!” Bati-lhe ao de leve no ombro e depois foi como se o mundo parasse. Harry colocou-se sobre os seus cotovelos e aquele som, aquele doce som ecoou por toda a sala. Não sei como, porquê, na verdade, mas senti toda a minha pele arrepiar ao sabor daquela melodia estrondosa, a zona da barriga aqueceu-me e o peito apertou-se de uma forma deliciosa.

“Tu… Harry… tu…” Gaguejei sem saber como reagir, pior do que isso é que esperava que ele parasse no momento em que o referisse, mas ele não o fez e continuou. “Tu tens covinhas Harry!” Gritei levando as mãos às suas bochechas adornadas por duas covas adoráveis. Todo o seu ar sério havia desaparecido dando lugar a um rapaz simples, carinhoso e inocente com suas covas afundadas como rosas plantadas à beira mar, no seu rosto. Ele olhou-me, sem perder aquele ar tão doce que nunca pensei amar tanto como amo no primeiro segundo em que o vi.

“Lá se vai a minha credibilidade.” Atirou ainda com aquele curvar nos lábios e os dentes brancos expostos maravilhosamente.

Aquele sorriso.

Por momentos ele voltou a ficar sério e olhou-me, como se me analisasse. Sentia o estômago contorcer-se e, de novo, aquele desejo fervia-me por todo o corpo, querer provar-lhe os lábios. Queria beijá-lo, senti-lo tocar-me de todas as formas possíveis. Como?

Dei por mim a milímetros escassos de si, mas ele não me rejeitou, não me afastou, simplesmente colocou uma mexa do meu cabelo para trás do meu ombros e passou a mão, levemente pela maçã do meu rosto. Aproximou-se e aos poucos fui sentindo o fervor da sua pele na minha, a infusão de sentimentos ardeu-me no interior e o sabor da menta adocicada queimou-me na língua ao sentir-lhe o gosto dos seus lábios.

O mundo desapareceu, o chão fugiu de debaixo de nós restando apenas o seu ser que me virou, deixando-me deitada no chão com  seu corpo forte por cima do meu, fazendo os seus lábios dançarem exoticamente com os meus. Sentia o fogo da lareira aquecer-me em dobro, mas não era isso, era ele. Apenas e somente ele.

wow. espero não ter desiludido ninguém.

Para quem pediu, ask da Evelyn: @EvelynDreams.

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