Capítulo 31

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O carro foi estacionado em frente à mansão e, quando Liam ia desligar o motor, travei-o colocando a minha mão sobre a sua.

“Entra, já é tarde e a viagem para tua casa é muito longa, porque não passas aqui a noite?” Ofereci gentilmente com receio de encontrar um Harry alterado no interior da casa. Ou pior, não o encontrar de todo.

A sensação de que poderia voltar a ficar sozinha estava a aterrorizar-me pois havia-me habituada à sua presença, à sua companhia constante, mesmo que fosse apenas o burburinho da sua pesada respiração imersa num sono profundo, no quarto do outro lado do corredor. Estava habituada ao calor da sua presença e aos seus maus comentários que sempre me davam a volta à cabeça. Como é que nos habituamos a uma pessoa desta maneira em tão pouco tempo?

Liam assentiu e aproximou-se do portão. Tive de sair do carro para digitar o código pois os porteiros estavam a trocar de turno. E finalmente o moreno estacionou o carro na garagem demasiado grande para a quantidade de veículos que continha. O carro de Harry não se encontrava aqui e logo me apercebi que a mansão estava vazia.

“Boa noite menina Evelyn.” Jarvis, o chefe da segurança da casa, cumprimentou-me quando vinha verificar quem havia entrado. Respondi-lhe meigamente e Liam seguiu o meu gesto para depois ambos entrarmos.

Passámos na cozinha para comer alguma coisa. Parti duas fatias do bolo de chocolate que havia feito aquela tarde e enchi duas canecas com leite. Ele limitou-se a observar-me pois eu não o permiti ajudar-me. Sentámo-nos os dois à mesa com a nossa pequena ceia e a conversar.

“Como vão as coisas no trabalho? Nunca me chegaste a dizer se te estás a dar bem lá.” Iniciei um novo tema levando um pouco do liquido fresco aos lábios. Liam encolheu os ombros e ponderou na resposta algum tempo.

“Bem, os pais do Marcel são muito simpáticos e sabes que eles nos vêm quase como filhos.” Acabou por informar trincando o seu bolo. As suas palavras viajaram na minha cabeça enquanto eu me recordava da nossa infância. Amy, Niall e Marcel eram os mais próximos (sem esquecer o meu irmão, claro), mas alguns anos depois Liam e o Leeroy também apareceram. Os últimos foram o Luke e a Miriam, mas todos os nosso pais se davam bem e eramos vistos todos como os filhos uns dos outros, eramos como uma grande família. Claro que houve algumas coisas que fizeram isso mudar ao longo do tempo e basta olhar para mim e para o Liam, mesmo sendo primos as coisas não deixaram de acontecer.

“As coisas mudaram imenso.” Murmurei terminando o meu bolo. Ele acabou por concordar tendo em conta o facto de que as coisas ficaram todas muito estranhas de repente. Ele tinha perdido os seus pais, eu já não tinha mais os meus, os pais do Niall tinham-se afastado e agora estavam sempre a viajar, os da Amy recusavam-se a aceitar os amigos como antes. E nenhum de nós conseguia compreender essas mudanças.

Terminámos de comer e subimos para o andar dos quartos. Liam acabou por ficar no quarto que anteriormente pertencera a Zayn e eu despedi-me dele quando lhe indiquei onde estavam os pijamas e todas as coisas, caso quisesse tomar banho.

“Ev,” chamou-me antes de sair do quarto. Os seus olhos alcançaram os meus, mesmo ele estando sentado na cama de casal, enquanto eu estava já junto da porta.

“Sim?” Questionei cautelosamente, com receio do que ele poderia dizer. Sabia que seria algo sobre o Harry e eu não ia gostar de ouvir, sabia só pela maneira como ele me olhava analisando a minha expressão expectante.

“És uma rapariga espetacular, a melhor pessoa que eu conheço, não deixes que ele estrague isso.” Sibilou quase perdendo a voz por entre as letras que se lhe enrolavam na língua e na pronúncia. Engoli em seco tentando procurar um significado para elas. Mas não havia nada que encaixasse. “Tu sabes o que quero dizer.” Acrescentou como que respondendo às minhas questões silenciosas.

Assenti sem uma palavra e saí do quarto caminhando pelo corredor embebido na escuridão. Já o conhecia bem o suficiente para poder caminhar por ele sem qualquer tipo de luz. Mas a interrupção da penumbra captou a minha atenção. Olhei para a pequena iluminação que provinha de debaixo da porta e aproximei-me cautelosa e silenciosa, da mesma. Eu sabia que quarto era aquele e os calafrios começaram a correr as minhas costas a uma velocidade incalculável. Os meus pés descalços tornaram-se a fonte, devido ao contacto com o gelo do soalho, para os arrepios que percorriam a minha pele e faziam as minhas mãos tremerem. Aproximei-me ainda mais da madeira e toquei-lhe de leve vendo-a afastar-se e confirmando que não estava trancada. A luz ganhou força para o corredor criando um estrago maior na escuridão. Senti o coração bater contra o meu peito com demasiada força, até doer. A ansiedade escorreu pelo ar que deixava de encher os meus pulmões.

“Harry?” Chamei levemente colocando a cabeça no interior da divisão para a poder observar. Quando a encontrei vazia os nervos começaram a dissipar-se, sendo substituídos pela preocupação, confusão, frustração… desilusão. Dei alguns passos no interior do quarto e observei-o com minúcia.

O candeeiro ligado dava a oportunidade de visualizar a bagunça em que o mesmo se encontrava. A estande estava despojada no chão com os livros e os objetos de decoração espalhados, papeis preenchiam o soalho, roupas dispersavam-se pelos quatro cantos e os lençóis estavam puxados para trás ao máximo, como se alguém os tivesse tentado agarrar. A cadeira partida intrometeu-se no meu caminho e eu quase caí ao tropeçar nela. “O que é que tu fizeste?” Deixei escapar num sussurro, como se ele realmente me ouvisse.

A minha cabeça estava um reboliço e eu não me conseguia perceber a mim própria. Havia tanto que não estava certo e eu não sabia o que fazer para remediá-lo. A todo o instante ele trazia coisas que eu nunca experienciara mas ao mesmo tempo pareciam-me tão bem conhecidas e saborosas. Sabia que estava a criar sentimentos absurdos e era isso que me estava a pôr doida. Eu não podia gostar de uma pessoa assim, ele é quase o meu oposto. Ele é frio, severo, egoísta, calculista. Talvez seja orgulhoso e teimoso como eu, mas isso são parecenças incompatíveis. Além do mais, ele nunca me olharia como algo mais do que a princesinha que ele tem de proteger. Isto não faz sentido e eu nem devia estar a pensar em tal coisa. Não adiantaria de nada gastar a minha paciência ou as minhas forças para tentar pensar nisto. Eu só tinha de esquecer e continuar. Talvez ele tenha ido embora de vez e seja a minha oportunidade para terminar com estas criações idiotas. Era imaturo, ingénuo, da minha parte.

Deixei-me cair sobre a sua cama e fiquei mais algum tempo a observar o quarto, até finalmente desligar a luz e deitar-me para adormecer logo depois. Mesmo com o meu perfume a envolver o meu corpo, o seu cheiro próprio invadiu as minhas narinas e dei por mim, a sentir-me bem com ele. Como se fosse ele ali, de novo a envolver-me nos seus braços protetores, como fizera durante o início da semana.

E por muito que eu me queira afastar, é como se ele fosse uma constante tentação.

(Nem acredito que esta fic já passou os 30 capítulos :o Queria agradecer-vos por tudo princesas e espero mesmo que estejam a gostar. Voltei aos rankings não sei bem como ahah mas gosto muito da minha posição e é tudo graças a vocês 8D
Desculpem se agora vão sentir um pouco a falta do Harry ahah mas vai ter de ser, mais tarde vão perceber porquê, promise <3
xx)

[Próximo capítulo será no sábada (ou amanhã se conseguir 14 comentérios ahah) e o comentário mais criativo recebe dedicação linda <'3]

DESEJO-VOS UM BOM DIA DE SÃO VALENTIM E SE NÃO TIVEREM NAMORADO AO MENOS APROVEITEM OS CHOCOLATES COMO EU WIII <'3

Save Yoυ  △ |h.s|Onde histórias criam vida. Descubra agora