Capítulo 52

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LEIAM A NOTA DE AUTORA !!

Depois de terminar, coloquei o copo sobre o tabuleiro, junto com algumas bolachas e alguns morangos, devidamente colocados numa taça. Segui para o andar de cima e abri a porta do seu quarto sem sequer bater. O seu corpo voltou-se ligeiramente, surpreendida por ter entrado daquela forma e depressa vestiu a t-shirt que lhe cobria a pele morena. O sol fugira do seu esplendor, dando lugar agora ao luar que invadia o quarto pelas janelas.

Senti o rosto arder-me intensamente e Evelyn sentou-se de novo na cama, com as pernas encolhidas. Apenas a blusa branca e as cuecas como vestimenta. As pernas delineadas, algo largas, mas ainda assim perfeitas. Na verdade, Evelyn não é o tipo de rapariga com um corpo escultural, de certo com atributos bem constituídos, mas também com os seus defeitos naturais de mulher. Não seria uma modelo, de todo, talvez precisasse de se encolher para dentro das suas calças, mas ainda assim… perfeita. Não era gorda, de todo, mas de curvas definidas. Algo que a torna especial da sua maneira, única e talvez seja isso que me cative a nível mais físico.

Não resisti a olhar-lhe o corpo pouco vestido e perguntei-me porque não teria frio, já que o Inverno britânico não é fácil de aguentar. Mas logo me recordei que o aquecimento da casa era bastante proveitoso. Sentei-me à sua frente e coloquei o tabuleiro entre nós os dois.

“Desculpa, pensava que ainda estavas deitada.” Ela limitou-se a encolher os ombros e, sem uma palavra, retirou um morango da taça e trincou-o demasiado sensualmente. Senti o sangue aquecer-me o corpo e escorrer-me rapidamente pelas pernas. Ela cruzou as suas e pegou na caneca para beber o líquido quente do seu interior. Era impossível não olhar, era impossível não me deixar levar pelo seu silêncio misterioso que me estava a dar cabo dos pensamentos.  

Suspirei. “Ev,” chamei calmamente ouvindo o seu grunhido, como que indicando que estava a ouvir. Desviei o olhar para a janela, de forma a abstrair-me da visão. “Ainda estás magoada comigo?” Perguntei, sentindo-me uma pequena criança a questionar se ainda estava de castigo.

Ela não respondeu.

“Eu sei que foi mal, e talvez não seja o melhor momento para falar sobre isto mas… eu preciso de saber.” Pedi de novo, sem me aperceber da figura patética que estava a fazer. Depois de falar só me apetecia esborrachar a cara na parede. Pareço tão carente e idiota, um burro apaixonado. E eu não sou burro e muito menos apaixonado.

“Quem é aquele rapaz do centro comercial?” A sua pergunta apanhou-me despercebido e quis gritar-lhe para que me respondesse, sem mudar de assunto. Porque é que ela não respondia? Talvez não me quisesse magoar ao dizer que ainda estava irritada comigo. Mas isso não faz sentido, talvez eu mereça ouvir as suas críticas e tudo o que me disse naquele dia, de novo.

“Não sei do que falas.” Menti-lhe descaradamente e sem pensar duas vezes. Mesmo que considerasse a ideia de lhe contar, era quase um instinto fazê-lo.

“Pensava que já tinhas percebido que não vale a pena mentir.” Ela atirou com um suspiro e envolveu a caneca com ambas as mãos, deixando os cotovelos apoiados nos joelhos.

Senti o meu estômago contorcer-se em mil nós. Não podia dizer-lhe, por muito que quisesse, não podia, era demasiado arriscado tanto para ela, como para ele, a revelação da sua identidade.

“Eu…não posso dizer-te, é demasiado perigoso.” Acabei por lhe dizer, numa completa verdade que nunca achei possível. Um riso irónico soltou-se da sua boca e o meu peito apertou, o sentimento de nervosismo enrolou-se por todo o meu ser e senti, até, as mãos suadas.

Estava surpreendido pela maneira fria como ela falava, o olhar preso na colcha por baixo de nós, a mesma posição com as mãos ao redor da caneca, a voz lenta, suave mas distante, respostas curtas ou em forma de pergunta. O que se passa com ela?

“Claro, é sempre demasiado perigoso…” Murmurou ironicamente pousando a caneca e colocando o tabuleiro na cómoda junto da cabeceira. Ergui o sobrolho, completamente aturdido pela sua atitude. Ela não era assim. Evelyn era gentil, sorridente e sempre com um carinho pronto para dar, era suposto ser eu o frio, insensível e calculista.

“Eu não entendo-“

“Harry,” Ela interrompeu, finalmente erguendo o olhar, perdido numa escuridão amarga que eu odiava ver-lhe no fundo da alma. Queria sugar-lhe todo aquele azedume e dizer-lhe que tudo iria ficar bem, aconchega-la nos meus braços e trazer aquele sorriso de volta. Mas faltava-me a coragem. “eu quero dormir, se não te importas.” Tentou dizer com a gentileza que lhe parecia fraquejar e, sem que eu pudesse impedir, cobriu-se sozinha com os cobertores, esperando que eu me retirasse.

[Evelyn]

Sabem quando nem o nosso corpo nos obedece mais? Quando nos sentimos demasiado cansados para deixarmos qualquer tipo de emoção alterar o nosso estado de espírito? Quando nos apetece apenas deitar, sem pensar, fechar os olhos e sair deste mundo partindo para outro, sem olhar para trás?

Na verdade eu sentia alguma emoção, sentia o remorso de o tratar daquela forma quando foi o único que veio aqui para me consolar. Mas as imagens agressivas predominavam na minha mente e era impossível retirá-las. Talvez estivesse a fazer um drama mas, bem, eu sou uma adolescente e fazer dramas é a minha profissão sem pagamento que não sejam memórias e arrependimentos.

Queria puxá-lo de volta e dizer-lhe que se deitasse comigo. Na verdade, queria pedir-lhe mais do que isso, mas a coragem era coisa que me fugira antes que a pudesse alcançar. Não estava disposta a mostrar o meu lado pedinte e carente, mesmo que Harry tenha mostrado um pouco do seu à meros minutos. Doía-me, literalmente, o coração por vê-lo daquela forma e ainda mais quando o mandei embora de forma tão bruta. Mas eu não conseguia mais, eu precisava do meu silêncio.

Ouvir aquelas palavras de Harry tinham tido rosas repletas de espinhos ao meu redor. Eram boas e tão verdadeiras, mas ao mesmo tempo um massacra porque não quero ser vista como fraca ou menor que os outros. Sei que ele só me estava a tentar proteger perante Liam, mas não conseguia aceitar por completo o que dissera. Mas não deixam de ser palavras doces que eu nunca pensara que ele fosse capaz de dizer e ainda estou surpreendida por isso.

Talvez toda esta rejeição venha disso, eu não sei como me sentir em relação a ele. Algo me atrai, mas outro algo me afasta. Nunca sei como me sentir em relação a ele e já o referi mais do que uma vez.

No dia seguinte, a casa mergulhava num completo silencio e já batia perto do meio dia quando acordei. O estômago doía-me pela fome – pelo facto de nem sequer ter jantado – e rapidamente saí da cama, vestindo umas calças de pijama. Enrolei o robe ao meu redor e lavei a cara na casa de banho. Segui para o andar inferior e senti a fome fugir-me quando as malas não estavam mais na entrada. Depressa corri de novo para cima e abri a porta do quarto que se encontrava agora vazio, tal como Zayn o deixara.

A cama feita, os armários bem arrumados e um pequeno papel sobre o colchão.

“Lamento que quando acordes não me encontres e sei o quanto odeias isto, mas eu não iria aguentar ver de novo o teu olhar desiludido ou as lágrimas nos teus olhos. Quero que saibas que vou sempre amar-te, seja de que forma for e regresso assim que der a minha missão por cumprida. Não me julgues, pois sabes que odeio despedidas e nunca teria coragem para te acordar por tal motivo.


Amo-te minha princesa,
Liam.”

O papel torceu-se nas minhas mãos, tornando-se numa bola e atirei-o para um canto do quarto. Encolhi os joelhos, depois de me sentar na cama e deixei o choro tomar conta de mim. Estava sensível, sabia disso, provavelmente pelas hormonas, mas ainda assim, ele não tinha o direito de ir embora sem se despedir de mim, pelo menos. Uma carta é injusto e um desrespeito para comigo, como pôde ele fazer isto?

Harry surgiu na entrada do quarto, mas não se atreveu a dizer nada. Simplesmente se aproximou e sentou do meu lado, puxando-me para os seus braços e procurando as palavras inúteis para me consolar.

É incrível como alguém que se demonstra tão frio, calculista e distante, acaba por ser a única pessoa que tenho para afogar as minhas mágoas e os meus pesadelos

Lá porque demorei algum tempo a postar, as leitoras não precisavam de me fugir :o 
Bem, vim postar este capitulo porque a iAmAllyCookie pediu muito, por isso agradeçam-lhe. Mas o proximo capitulo vai precisar de mais votos e comentários para sair :o
anyway JÁ FIZ O ASK DA EVELYN http://ask.fm/EvelynDreams (@EvelynDreams) Façam as perguntas que quiserem ahah (:
Votem e Comentem pleasee 
xx

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