Capítulo 88

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Estou como administradora da página 5SOS Portugal (link externo) METAM GOSTO PLEASE.

[Harry]

“Há quanto tempo não nos víamos…” O homem deixou escapar com o seu sorriso cínico e presunçoso. A barba estava por fazer e os olhos azuis estavam cavados de negro devido às olheiras. Ainda assim, ele não deixava de manter a sua postura imperial e intimidadora. Tinha sempre um poder estranho em mim, mas eu recuso-me a ceder de novo a isso.

“Infelizmente, não tempo suficiente.” Respondi com alguma arrogância enquanto o carro iniciava a sua marcha. Engoli em seco quando a sua risada foi ouvida. Estava cansado e isso era bastante notório, talvez até doente, devido à palidez da sua pele.

“Sempre o mesmo, Harold.” Comentou fitando o lado exterior da janela. Passou um lenço pelos lábios como que os limpando e suspirou. “Fazes-me lembrar a tua família.”

O quê?

“Como?” Perguntei sem perceber, sequer, o sentindo das suas palavras. Eu não tinha família, como raio poderia ele falar sobre aquilo?

“É isso mesmo, tu tinhas uma família.” Troy respondeu num tom descontraído, deixando-me completamente sem reação. Como assim eu tinha uma família? O que raio está a acontecer? “Não te preocupes, pode ser que os conheças em breve.” Falou com um pequeno riso que logo foi cortado pela tosse.

“De que raios estás para aí a falar?” Falei rispidamente sentindo azedume na ponta da língua. O sangue começava a pulsar demasiado depressa e, de repente, as paredes do carro pareciam encolher aquecendo demasiado o ambiente. Fechei as mãos em punhos, sentindo os músculos alargarem devido à força extrema com que cravava as unhas na pele.

“Bem, isso agora só poderá ser explicado depois…” Ditou casualmente cruzando as pernas e limpando de novo os lábios. Ele estava doente, demasiado doente, e mesmo assim quer negociar?

“O que é que tu queres?” Atirei sem pensar no que estava a fazer, focando-me apenas no assunto de que eu tenho uma família. Uma família que eu nunca conheci e da qual nunca ouvi falar. Louis, Troy e Kevin foram sempre a minha família, não de sangue, mas aquela com que cresci. Nem sabia se aquela informação era verdadeira, sinceramente, eu nunca tive aso para questionar sobre as minhas ascendências.

Claro, quando era mais novo perguntava porque é que não tinha pai e mãe, claro que tive imensas perguntas como essa, mas sempre fui bloqueado por respostas como “porque eles não quiseram saber de ti”. Acabou por chegar o dia em que deixei de perguntar, de querer saber. Talvez fosse melhor assim mesmo.

“Tu sabes o que eu quero.” Troy revelou com um suspiro. Senti algo partir-se no meu interior, assim que atingi a conclusão. Não havia fórmula ou ameaça no mundo que me levasse a ceder ao seu desejo. “Quero a Evelyn”

“Sabes que nunca iria fazer isso” Revelei fitando o meu lado da estrada. Acabei por dar conta que já não era a primeira vez que passávamos aquele café em tons de verde. Estávamos a andar às voltas, sem destino.

“Oh, vá lá, Harry, já sabes que ela é minha filha, eu nunca lhe iria fazer mal.” Troy respondeu com um revirar de olhos e eu olhei-o atónito.

“Tu querias que eu a matasse!” Gritei furioso com a sua atitude. Troy era um homem calculista, frio e insensato. Os seus jogos de palavras e as suas mentiras eram apenas pequenos meios para os seus objetivos, pois, no fundo, ele era capaz de muito mais do que isso. Ainda me custava a crer que Evelyn poderia ter qualquer tipo de laço sanguíneo com um ser tão repugnante como este.

“Isso era antes de saber que é minha filha.” Respondeu, mantendo a postura descontraída. Ele nunca iria mostrar um lado preocupado ou emocional, este homem era assim mesmo. Foi com ele que aprendi a manter as minhas sensações e emoções todas para trás, criando uma faceta de pedra impossível de decifrar. Aquela que usei durante muito tempo para manter Evelyn fora do meu interior, mas que de alguma forma, ela conseguiu destruir.

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