(leiam os pontos da nota de autora, são MUITO IMPORTANTES)
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Acabei por regressar ao meu quarto, depois de ter a certeza de que Liam se encaminharia para o seu e não teria mais surpresas durante aquela noite. Estava a custar-me acreditar que ele iria embora, mesmo que não tenha ficado muito tempo aqui, é difícil de pensar que ele irá atrás de alguém que nem sabe por que motivo desapareceu. E se fosse perigoso? É importante que ele reencontre a mãe, mas e se ele próprio não voltar? São muitas perguntas que tinha de guardar para mim própria, pois não o podia impedir, estava no seu pleno direito e eu própria faria o mesmo, se estivesse no seu lugar. No entanto, sei que vou ter imensas saudades dele e da sua presença, embora não fique totalmente sozinha. O Harry estará comigo sempre, mesmo que eu não o quisesse.
A imagem de ambos a discutirem numa forma violenta ainda assombrava a minha cabeça, embora a tentasse apagar vezes e vezes. Não queria imaginar o que tinha acontecido se não tivesse intervindo. Esta situação fazia-me recordar o episódio dos homens que me perseguiram, quando Harry espancou um deles mesmo diante dos meus olhos, sem se preocupar com nada, absorto na sua raiva e instinto, matando-o logo depois sem remorsos, sem sentimentos. Teria ele um coração tão frio assim? Ou estaria ele tão habituado à morte que aquela não lhe faria diferença? Seja qual for a resposta, decerto não a terei tão facilmente, pois ele é um poço de segredos sempre a escorrerem por detrás dos seus olhos misteriosos e, por muito que lutasse, parecia que cada vez me afastava do ponto da questão.
Desliguei as luzes do corredor e abri a porta do meu quarto, fechando-a logo depois atrás de mim. A escuridão embebia o espaço num silêncio profundo e apenas o pequeno cintilar da noite jorrava pelas janelas de cortinas abertas. Um grito brotou da minha boca quando me dei conta do vulto sentado à beira da cama. Os cabelos encaracolados tremeram quando o rosto se voltou na minha direção e depressa se ergueu.
“Desculpa, não queria assustar-te.” Justificou-se enquanto eu caminhava na sua direção, lentamente. O que estaria ele ali a fazer?
Os seus olhos verdes evidenciaram-se quando finalmente me distanciava apenas a um passo dele. A luz incidia-lhe diretamente na cor verde de esperança e mistério, fazendo-os brilhar com tamanha intensidade e precisão que me senti inchar de desejo só de os observar. O rosto claro, floreado pelo brilho, dava-lhe um ar quase de anjo.
“O que estás aqui a fazer? Pensei que tivesses ido para o teu quarto…” sussurrei sentindo as mãos trémulas dos nervos. Encará-lo daquela forma estava a tirar-me a coragem para o enfrentar e mandá-lo embora. Perdia-a sempre pela sua simples presença rígida e fria, pelo seu semblante sério e distante. Mas agora ele estava simplesmente neutro e talvez, mas só mesmo talvez, um pouco esperançoso.
“E fui mas…” O silencio que se seguiu pareceu durar horas, não fosse o pequeno relógio perto da cama que indicava não ter passado mais de um minuto. Comecei a ficar impaciente pois Harry abria e fechava a boca diversas vezes para falar, mas nada lhe saía. Talvez quisesse desculpar-se pelo que fez, mas já deveria esperar que não o iria fazer, iria? Parte de mim quer dizer-lhe que está tudo bem e pedir-lhe que não volte a fazê-lo, mas outra parte – aquela grande parte de nós, que nos pesa na consciência e nos grita na surdez – quer gritar-lhe e esbofeteá-lo, expulsá-lo do meu quarto e culpá-lo por tudo.
“Se não vais falar, eu preferia ir dormir…” Acabei por murmurar, sem coragem para falar demasiado alto e encadear uma discussão. Passei por ele e dirigi-me para a cama, mas a sua mão no meu braço impediu-me.
“Posso dormir contigo?” A pergunta saiu com uma rapidez tal que me questionei se estaria a ficar louca e estivesse a ouvir coisas. Mas o tom rubro que lhe detetei ligeiramente nas bochechas denunciou a verdade das suas palavras e o meu estômago contorceu-se de gosto e alegria ao ouvi-lo pedir-me tal coisa. Mas eu não podia deixar-me levar pelo encanto de ter os seus braços ao meu redor, de poder – pela primeira vez em dois meses – dormir sem problemas e peripécias. Não me podia deixar ir pelo desejo de sentir o seu corpo aquecer o meu, encher-me de ternura e aconchego, ter o prazer de sentir a sua pele tocar na minha e queimar-me os males da virtude. “Eu sei que deves estar furiosa comigo mas é que eu… eu não consigo dormir, está frio e-“
“Harry,” Interrompi-o antes de sentir o coração derreter-se-me e desfazer-se ao som das suas justificações. “o que tu fizeste… foi horrível, ainda por cima com o Liam, ele é meu amigo, tu sabes o que ele significa para mim.” Acabei por me deixar cair sobre o colchão, as mãos sobre o meu colo com os dedos a brincarem uns com os outros.
“Tu… gostas dele?”
“Isso não interessa.” Respondi-lhe quase que imediatamente, questionando-me sobre o motivo que o levara a fazer aquela pergunta. “Porque te iria interessar saber isso?” Acabei por erguer o olhar na sua direção reparando, finalmente, no seu corpo coberto apenas pelas boxers pretas. Os músculos definidos salientes nas linhas da sua figura. As tatuagens marcadas pelos braços, peito e abdómen, pintadas pela viragem da sua vida. Teriam significado?
“Tens razão, isso não interessa.” Acabou por sibilar fazendo-me erguer e passar a mão pelos cabelos. Sentia a ansiedade escorrer-se no meu interior e apertar-me no peito. Contornei a cama e voltei a sentar-me do outro lado, deixando os cotovelos caírem-me sobre os joelhos e a cabeça sobre as mãos. Porque é que tinha de ficar nervosa pelo seu simples respirar? Sentia o turbilhão se emoções prenderem-se-me na garganta, prontas para saltarem em qualquer estado de fosse, lágrimas, gritos, riso… “Evelyn…” Ouvi-o murmurar enquanto o colchão se moveu e então presumi que ele se tivesse sentado no lugar onde estivera anteriormente. “Eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo… eu já te disse o que acho das pessoas, já te disse o que penso e já deves ter percebido o que acho que mim próprio-“
“Cala-te.” Pedi ao sentir o soluço atropelar-me a respiração. Não queria ouvir as duas desculpas ou os motivos que o levavam a ser daquela forma, ele simplesmente é como é e não percebe que pode mudar. “Dizes que só vês escuridão nas pessoas, que a nossa Natureza é o egoísmo e a podridão, mas isso não passa da desculpa que arranjas todos os dias para justificares os teus atos.” As palavras brotaram-me em rapidez de impulso e instinto. Queria dizer-lho bem diante dos seus olhos, gritar-lhe a verdade e o que pensava para poder fazê-lo ver tudo. Mas não existia coragem que suportasse a intensidade do seu olhar.
“Esqueces-te de que nem todas as pessoas são egoístas, esqueces-te que nem todos sentem a raiva que trazes contigo todos os dias, podemos até ser seres horríveis e desprezíveis, mas nem todos somos assim. Cada pessoa tem a sua natureza e é disso que vem a nossa vontade e o nosso sentimento. Se o teu coração é frio e quebrado, se achas que és uma pessoa horrível e egoísta, então pega nos pedaços da tua alma e volta a colá-la, encontra a tua âncora, o teu refúgio, ou simplesmente luta para que isso mude, mas não te justifiques com os outros.” O meu discurso terminou quando a respiração se tornou demasiado insuportável para fazê-la. Tapei a boca bloqueando o soluço e deixei de inalar, até me sentir acalmar de novo.
Harry não respondeu.
“Todos temos um lado bom Harry, incluindo tu. Por detrás de todo esse gelo, desses muros enormes, de todos os teus segredos, de tudo o que criaste para guardar os teus segredos e os teus sentimentos, eu sei que existe algo bom, algo que se calhar tu próprio ainda não encontraste. Existe sempre o melhor de nós, Harry, só precisas de o procurar dentro de ti próprio.”
Silêncio.
“Eu acredito em ti Harry, começa a acreditar em ti próprio também.” Finalizei sem ter mais lágrimas nos olhos e sentindo o rosto secar aos poucos.
O colchão moveu-se, os passos seguiram-se e, por fim, a porta bateu.
1. Desculpeeeeeem, a sério, mas é que os comentários não me agradaram (em número), não tive mesmo tempo e o cap é pequeno porque foi tudo o que consegui escrever.
2. 15 comentários, 200 reads e 100 votos e posto amanhã logo de manhã.
3. no ultimo capitulo eu pedi a música da vossa história de vida e não a musica da fic, tal como ja tinha dito Harrylyn song é "Lies" de Marina and the Dimonds (versão slow)
4. O primeiro beijo já não vai ser no capitulo 50, não dá mesmo princesas... talvez no 55 ahaha
5. obrigada por tudo e espero que os desaparecimentos se devam à falta de tempo e não porque a fic esteja a ficar mal/desinteressante6. deram-me a ideia de criar um ask para a Evelyn (voces fazem perguntas e a personagem "Evelyn" responde) vocês acham boa ideia ? '.' PLEASE RESPONDAM e digam se faziam perguntas ou não ahah
votem e comentem pls <3
xx
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Save Yoυ △ |h.s|
Fanfic❝ Se os nossos segredos fossem iguais eu dir-te-ia que somos a mesma pessoa. Porque no fundo os nossos segredos distinguem-nos uns dos outros. Mas não se trata apenas de segredos pois não? Trata-se de honra, de fidelidade, confiança, sentimentos. Tr...