Amizade Colorida

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O último sinal tocou. Eu passei realmente a manhã toda de aula trancafiada dentro de um banheiro. Não comi absolutamente nada. Fiquei complemente sem fome. E me dei conta de que precisava da companhia de Will. Só ele sabia me acalmar. Só nele eu podia confiar.

Sai do banheiro e fui em direção a saída da escola. Avistei João Pedro com uma menina em um canto. Fui me aproximando e percebi que era Sara. Sara estava beijando João Pedro. E ele pelo visto estava gostando. Ela estava com as mãos nos cabelos dele e ele com as mãos no quadril dela. Sai correndo da escola. Corri o mais rápido que pude, até tropeçando em algumas pessoas, as quais nem perdi meu tempo me desculpando. Eu só queria ir pra casa. Eu só queria apagar o dia de hoje da minha mente. Cheguei na praça perto da minha casa e enviei uma mensagem pro Will.

**Will, você pode vir até minha casa? Agora? Eu preciso muito de você, por favor.**
***É claro, branquela. Daqui a meia hora to aí***

Fui pra casa, entrei, tomei um banho demorado, vesti um short jeans claro, um cropped preto e calcei meu vans. Ouvi o barulho da campainha. Desci correndo, abri a porta, vi o Will. Abracei ele o mais forte que pude e comecei a chorar denovo.

-O que foi, branquela? O que ta acontecendo? - ele disse, e me levou até o sofá. Nos sentamos e eu contei toda a história a ele, que imediatamente ficou morrendo de raiva do João, da Sara e do Victor.

-Branquela, o que você acha da gente assistir um filme? Pra você esquecer essa história toda e se distrair um pouco?

-Claro. To precisando assistir um filme com meu melhor amigo pra relembrar os velhos tempos. Aaahh, e vou logo avisando, romance, ta? - eu disse, e por um momento esqueci de tudo o que eu havia passado.

Fomos para o meu quarto e acabamos escolhendo um filme de romance mesmo. Eu deitei minha cabeça no peito dele, e ele me abraçou, acariciando meus cabelos. E por um momento eu esqueci dos meus problemas. Estar com Will me fazia esquecer deles. No momento do beijo do casal do filme, eu encarei Will. Pude sentir sua respiração ficando mais acelerada. Pude sentir ele se aproximando mais de mim. Ele afastou meus cabelos do meu rosto, e me beijou. Beijou com paixão, com desejo. Eu pude sentir o sangue correndo em minhas veias e decidi aproveitar aquele momento. Passei minhas mãos ao redor do pescoço dele e ele passou os braços sobre meu quadril, o que me fez ficar arrepiada. Interrompemos o beijo e começamos a rir.

-É, branquela, quem diria um dia a gente nessa pegação toda ein? Mentira, vamos continuar, porque eu to adorando. - ele disse, e nós dois rimos. 

-Ué, a gente pode ter uma amizade colorida. O que você acha? - eu disse, e pude ver o sorriso malicioso dele nos lábios.

-Concordo plenamente. - ele disse, por fim. E nós nos beijamos de novo, ele correu os dedos sobre minhas costas, sobre minhas coxas. E eu, fiquei simplesmente o beijando de volta, cada vez com mais vontade. Por fim, paramos de nos beijar e ele começou a fazer carinho no meu rosto. Eu olhei no fundo dos olhos azuis dele e pude sentir o quanto ele me fazia bem. Por esse momento ele me fez esquecer de tudo. De tudo mesmo. Não posso dizer que estou apaixonada por Will, porque eu sei que não estou. Apenas estou curtindo um pouco da minha vida de adolescente, vida essa que eu nunca curti. Por opção minha mesmo. Nunca gostei de ficar com pessoas só por ficar. Mas nesse momento, isso estava me fazendo bem. Nós decidimos ir na cozinha fazer pipoca. Eu não estava conseguindo abrir o pacote da pipoca e Will riu disso, o que me fez rir também.

-Deixa eu te ajudar, branquela. -ele disse, pegando o pacote da minha mão, o abrindo com tanto facilidade que me fez me sentir uma demente. Sorri ao ver Will com um avental fazendo pipoca, fui pegar a nutella pra comer com a pipoca e acabei sujando meu dedo. Fui até Will e passei em seu rosto, o que o fez ficar com o rosto todo sujo.

-Ahhh, você vai ver! - ele veio até mim, encheu a mão de nutella e passou por meu rosto e minha roupa toda. 

-Will! Olha só o que você fez. 

-Você que começou. - ele disse, rindo. Fui até meu quarto e coloquei outra roupa, um tanto quanto provocante. Um short jeans bem curto e uma blusa regata mega decotada. Não estava me reconhecendo. Eu queria provocar. 

-Nossa assim eu não resisto, branquela. - ele disse e veio até mim, me beijando mais uma vez, dessa vez, com mais desejo. Após alguns minutos, paramos de nos beijar.

-Acho melhor você ir, daqui a uns minutos minha mãe chega do trabalho. - eu disse, e Will fez biquinho, o que me fez rir.

-Ok, eu vou. Mas não pense que vai se livrar de mim tão rápido. 

-Que nada. Eu não quero me livrar de você. - eu disse e ele me beijou mais uma vez, e sussurou no meu ouvido um "amo você".

Ele foi embora, e eu fiquei pensando no que acaba de acontecer. Eu passei a tarde toda agarrando meu melhor amigo. E eu gostei disso. O que está acontecendo comigo? Será que é errado? Será que é só carência excessiva que eu estou misturando com sentimento? Ou é melhor eu curtir esse momento? E tentar esquecer João Pedro? 

Minha mãe e meu pai chegaram, nós jantamos e logo após eu lavar as louças, fui pro meu quarto. Peguei meu caderno de anotações e comecei a escrever um texto:

"Eu ainda vou quebrar muito a cara, vou chorar, vou sofrer por ilusões e por pessoas que não mereciam um pingo do meu sofrimento. Nunca tive um amor de verdade, nunca tive um amor igual aqueles de novela. Não acredito em par perfeito, e muito menos em metade da laranja, até porque não acho que exista uma pessoa ideal pra você, mas algum dia, você vai achar alguém que te ame de verdade, e vai viver um amor cheio de defeitinhos, como deve ser. Por isso, ame, chore, mas no fim de tudo, se levante e abra um sorriso. Viva seu pequeno infinito."

Obrigada por ler ❤ dêem estrelinha e comentem o que estão achando. Até o próximo capítulo. Beijoooo 🌈❤

O Amor e a EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora