Vingança

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Heloísa. Foi Heloísa que me puxou violentamente. Eu encaro ela e ela sorri com deboche pra mim. 

-Há! Consegui pegar sua paixãozinha, né? Coisa que você nunca conseguiu.

-Eu não me importo. Que vocês morram juntos, afinal, vocês se merecem. - retruco, fingindo que não me importo.

-Eu não quero ele, sua bobinha. Fiz aquilo somente pra provocar você. E parece que consegui, não é?!

-Não. Eu realmente pensava que João Pedro tinha caráter. Mas eu me enganei. Ele é igual a você. - respondo e ela me olha.

-E como seria uma pessoa igual a mim? Perfeita?

-Não. Podre. Por dentro e por fora. 

-Para de treatrinho, Alice. Você é uma perdedora, aceite isso. Sente e chore com meu sucesso.

-Saiba que eu não me importo nada com seu sucesso. E é você que tem que sentar e chorar, porque sabe o que eu sinto por você?! - eu faço uma pausa e ela me encara - Nojo. Sinto nojo de gente como você.

Ela ameaça me dar um tapa. Mas dessa vez eu não vou me deixar humilhar. Vou ser forte. Vou mudar. Ela ergue a mão e eu agarro a mão dela de volta, torcendo o seu punho. Ela faz apenas uma careta, mas depois se recompõe. 

-Eu vou acabar com você. - ela diz, com ódio nos olhos. Eu apenas começo a rir, provocando uma confusão engraçada nela.

-Pode vir, então. - ela puxa um fio do meu cabelo, mas eu me abaixo e puxo os dela de volta. Puxo com tanta força que a faz cair no chão. Ela se recompõe e levanta, com mais raiva do que antes. Ela tenta me chutar mas eu agarro o pé dela, a fazendo se desequilíbrar mais uma vez. Quando ela recupera o equilíbrio, parte pra cima de mim. Dá um soco no meu nariz, que admito que doeu, mas eu não me importo. Vou pra cima dela novamente e dou um soco no olho dela. Paro por um momento e olho ao redor. Todo mundo que restou na festa está olhando. Até Gabriel e Shai, que devem ter ouvido o barulho e saído dos amassos intensos. João Pedro e os demais estão ao meu redor. Mas não tentam impedir a briga, pelo contrário, incentivam. Eu esperava que ele ficasse do lado da Heloísa, porque depois do que eu vi hoje, não sei mais de nada. Heloísa me vê distraída e me derruba no chão com um empurrão. 

-Quem é a perdedora agora, ein?! - ela ri com indiferença. 

-Você - retruco.

-Bom, não sou eu que perdeu a melhor amiga e a paixãozinha recentemente né?! - ela faz um biquinho de tristeza, como se realmente estivesse triste - Então a perdedora continua sendo você.

Eu levanto e a derrubo no chão com uma força que não imaginava ter. Começo a dar vários socos seguidos em todo lugar do rosto dela. Ela grita de dor, mas eu não consigo parar de bater nela. Não sei de onde veio essa minha força. Quando estou prestes a dar um tapa da cara dela, alguém me levanta. É João Pedro.

-Lice, para. Você não é assim. Se controle.

-Não se intrometa onde não é chamado. - retruco. - Mas relaxe, minha briga com sua ficantezinha de quinta terminou.

-Ela não é minha ficante. - ele responde.

-Pouco importa. Agora, tchau. Vou subir pro meu quarto. E nem se atreva a deitar na mesma cama que eu essa noite! 

-Mas era o combinado... - ele encara o chão.

-Era. Não é mais. - respondo, arrumando meu cabelo, que bagunçou durante a briga. -Ah, Heloísa, espero que você saiba que você é a perdedora agora. Isso foi só uma vingançinha pelo que você fez comigo. E pode ficar com esse aí - aponto pra João Pedro - porque como eu já disse, vocês se merecem. - termino e começo a subir as escadas. Jogo um beijo pra Heloísa, que me fuzila com os olhos.

Ao chegar no meu quarto, sento na cama e começo a rir. Minha barriga até dói de tanto que eu ri. Essa foi a melhor noite. Talvez Heloísa tenha aprendido a lição. Apesar de não ter me reconhecido essa noite, gostei de descobrir esse meu lado forte, valente, meu lado mulher.

Tomo um banho e deito. O sono logo vem e eu, adormeço.

^^^^

Na manhã seguinte, minha cabeça acorda latejando. A bebida, penso. Victor não está do meu lado na cama, nem João Pedro dormiu no quarto. Dormi sozinha. Que bom.

Levanto e faço minhas higienes de todo dia. Ligo para os meus pais e explico tudo. Eles brigam por eu ter bebido, mas não ligam tanto. Brigam mais por eu ter feito o que fiz com Heloísa. Mas eu admito: ela mereceu. E eu adorei ter feito aquilo com ela. Talvez ela tenha se sentido como eu me senti quando ela me chutou na escola.

Ouço três batidas na porta.

-Quem é? -pergunto. 

-Eu. Mad. Posso entrar? 

-Claro - respondo e Madison entra no quarto. 

-Bom primeirante tenho que te parabenizar pelo que você fez com a Heloísa. Sério, foi demais - ela diz e eu começo a rir. - Segundamente, menina, da onde você tirou tanta força??!

-Nem eu sei. - respondo e nós duas começamos a rir. 

-Ela mereceu.

-Eu sei. - respondo e começamos a rir novamente.

-O João Pedro ta muito mal.. ele ta triste, abatido.

-Mad, se você não se importar, eu não quero falar nele. Por favor? -Claro, Lice, me desculpe. 

-Não foi nada - respondo - Sabe, Mad, eu tenho muita sorte de ter você como amiga. 

-Ahhh, Lice, eu também tenho sorte. - ela diz e nós nos abraçamos. Sorrio lembrando que tenho alguém verdadeiro do meu lado, pelo menos a Mad. -Vamos parar com essa fofice toda e descer pra tomar café?!

-Claro. Pode descer na frente que eu vou me vestir e já desço. 

-Tudo bem. - ela diz e sai do quarto, batendo a porta.

Troco de roupa e decido ver minhas mensagens.

Mensagens on:

João ❤: Lice, me perdoa. Eu sou um babaca. Sinto muito, eu não queria ter feito o que eu fiz.

Victor 💜: Ta tudo bem?

Will 💙: Oi branquela, como vai por aí?

Mensagens off.

Will. Quanto tempo. Resolvo ligar pra ele e nós conversamos por meia hora. Ele me conta de todos os acontecimentos recentes da vida dele e eu, conto dos meus. Nós rimos por longos minutos quando lembramos de coisas engraçadas. Ele disse que daqui a 5 meses vem pra cá novamente. Também disse que sente falta da nossa amizade colorida. Só de pensar, me envergonho. Como fui capaz de passar tanto tempo junto do meu melhor amigo com uma amizade colorida? Como fui capaz de quase me entregar a ele? Afasto esses pensamentos imediatamente. Começo a pensar em tudo. Me arrependo de tanta coisa. E uma delas é: ter confiado e quase ter me apaixonado por João Pedro.

Ouço alguém batendo na porta. Levanto e vou abrir.

-Lice? Podemos conversar?

O Amor e a EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora