A Verdade

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Estávamos eu, meus pais e os meninos na sala de espera do hospital. Já chorei tanto que não existem mais lágrimas. Victor ligou para o Sr. e a Sra. Kauffman e acho que a Sra. Kauffman acabou desmaiando do outro lado da linha, porque simplesmente não respondeu mais. E agora, aqui estamos nós, sem notícia dos dois, sem notícias de João Pedro. Em meio aos meus pensamentos, fico me perguntando como reconhecer um psicopata. Porque é isso que Mason é. Um psicopata e ator, que enganou a todos, até a própria família. Sinto nojo ao lembrar que ele me beijou, nojo ao acreditar que ele sentia alguma coisa por mim. E angústia, por saber que ele ainda está solto.

O médico apareceu com uma prancheta na mão cheia de papéis.

-Acompanhantes de João Pedro Kauffman?

-Sim. Pode falar. O que houve?

-Bom, João Pedro teve uma hemorragia e perdeu muito sangue. O corte foi fundo. Vamos fazer os procedimentos necessários para ele ficar melhor. Porém, ele precisa de uma doação de sangue. E não é pouco.

-Não seja por isso! Eu posso doar o tanto que ele puder. - Victor disse.

-Esse é o problema. O sangue de João Pedro é raro. Olhei a ficha da família de vocês e o sangue de nenhum de vocês bate com o de João Pedro - O médico disse. Me desesperei. E agora?

-Doutor, qual o tipo de sangue dele? - perguntei.

- O negativo.

-O meu sangue é esse! Eu posso doar o tanto que ele puder! - eu disse.

-Você tem 18 anos? -ele perguntou, abaixei a cabeça.

-16. Faço 17 ano que vem...

-Sinto muito... Mas você não pode doar.

-Mas... Se o nosso sangue é raro quem vai doar pra ele, Doutor? Estou ciente de que está caindo o número de doações de sangue nos hospitais da cidade, então, João Pedro está correndo por perigo de vida e eu não posso salvá-lo? - eu disse e ele pensou um momento.

-Eu vou conversar com seus pais, tudo bem?

-Claro. - eu disse e ele saiu, pra conversar com meus pais. Victor me abraçou. Eu olhei para onde meus pais estavam e percebi que eles assentiam. Tomara que eles deixem. Eu me sentiria culpada o resto da vida se alguma coisa acontecer com João Pedro porque simplesmente eu não pude doar sangue. Eu tenho que ajudar.

Minutos depois, o Doutor voltou.

-Alice Whitman? - perguntou.

-Sim?

-Seus pais deixaram você doar sangue. Mas vou ter que lhe passar recomendações - assenti. - Após a doação de sangue, você vai ficar aqui por 3 dias, em observação. Vamos ver como seu corpo reage a quantidade de sangue que vai perder. Você vai precisar tomar remédios para anemia durante dois meses e vai precisar se alimentar muito bem. Estamos de acordo?

-Claro. Quando eu posso ir doar?

-Agora mesmo. Vou falar com a enfermeira e logo ela vem te chamar.

-Ok - ele se virou pra ir embora. - Doutor? - o chamei e ele olhou pra mim. - Obrigada.

Estou deitada na cama do hospital, repousando. A cama de João Pedro é a poucos metros de mim. Ele está repousando e dorme como um anjinho. Ele já fez a cirurgia e já recebeu o sangue. Me sinto feliz. Ajudei João Pedro. E mesmo me sentindo fraca e dolorida, estou feliz.

-Alice? - a enfermeira bate na porta e a abre devagar. Olho pra ela. - Está na hora do seu remédio.

-Ah, sim. Pode entrar. - digo e ela entra no quarto. Enquanto ela pega o comprimido e a água, olho mais uma vez pra João Pedro e sorrio.

O Amor e a EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora